Desde “Tyranny of Souls” de 2005, o carismático vocalista da Donzela de Ferro (Iron Maiden) Bruce Dickinson não lançava um trabalho individual. Isso foi quebrado com “The Mandrake Project”, disco que saiu em março deste ano. Seu retorno ao grupo liderado por Steve Harris em 1999 e dividindo o tempo com a carreira solo. Em meio a isso, se descobriu um grande palestrante. Além de falar sobre sua carreira bem sucedida como musico, comenta como é ser um piloto de avião e dá dicas de como empreender na vida. Quem esteve na ultima CCXP na cidade de São Paulo, teve oportunidade de testemunhar isso. Além de um lançamento exclusivo de “The Mandrake Project”, como direito a canção, uma HQ criada para o projeto e material promocional exclusivo.
O álbum transita entre o ocultismo, o misticismo e os estudos em alquimia do poeta William Blake. Já foram retratados por Bruce no elogiado “The Chemical Wedding (1998)” e “Tyranny of Souls”. Produzido pelo seu parceiro musical de longa data, o guitarrista Roy Z. Com quem trabalha desde “Balls to Picasso (1994)”. Ele divide as guitarras com Gus G (ex-guitarrista de Ozzy Osbourne) na canção “Eternity Has Failed” e Chris Declercq em “Rain on the Graves”. São acompanhados pelo tecladista Mistheria e o batera Dave Moreno. Roy também assume o contrabaixo. Se você espera algo que Bruce tenha feito nos seus últimos discos ou algo que faz no Iron Maiden, pode se surpreender.
Traz uma atmosfera musical próxima ao rock progressivo dos anos 70, seu gênero musical predileto. Além da pegada rock’n’ roll daqueles tempos. O que pode parecer uma temática obscura, suas letras refletem um tom otimista relacionado ao mundo em que vivemos. Uma reflexão mais esperançosa ao que estamos vendo no nosso dia a dia. Uma politica de extrema direita mais fortalecida, as guerras no Leste Europeu e no Oriente Médio. Para abrir os trabalhos temos a poderosa “Afterglow of Ragnarok”. Apesar do seu titulo, não discute sobre vikings e muito menos o Deus do Trovão. Como um profeta. Bruce canta sobre um novo mundo e não o fim dele. Seguida de “Many Doors to Hell” com órgãos ao fundo, referencia à Mark IV do Deep Purple, um hard rock poderoso.
“Rain on the Graves” é uma narrativa de Bruce, que remete a literatura de Edgar Alan Poe. Além de traz a tona, a velha lenda sobre o pacto com o diabo. Já “Ressurection Men”, hard rock com sotaque latino e bem cadenciado. “Fingers in the Wounds”, puro rock com orquestra de fundo e um piano pontuando. “Eternity Has Failed” tem uma historia engraçada. Já seria aproveitada por ele em carreira solo. Porem Steve Harris a ouviu e sugeriu que ela fosse gravada pelo IM. Sendo a faixa de abertura de “The Book of Souls (2015)” e ganharia novo titulo “If Eternity Should Fall”. Aqui sua base musical foi mantida e a letra original aproveitada. É mais crua e menos incorporada. “Mistress of Mercy”, puro metal.
“Face in
the Mirror” é o momento balada, remete a outras compostas por Bruce como a impactante “Man of Sorrows”. Ela se destaca por ter
seu primeiro solo de guitarra. Bem simples. Já “Shadows of the Gods”
composta originalmente para o grupo The Three Tremors. Uma resposta aos Três
Tenores (Pavarotti, Domingo & Carreras), Dickinson dividiria o microfone com Rod Halford (Judas Priest),
Geoff Tate (Queensryche) e/ou o icônico Ronnie James Dio. Ela é soturna e cheia
de camadas. Encerrando os trabalhos temos a épica “Sonata (Immortal Beloved)”, inspirada no clássico “Moonlight Sonata” de Beethoven.
Aqui temos uma viagem musical, indo além da sonoridade característica de Bruce passando pelo rock progressivo e passagens com o melhor do hard rock. Dickinson exibe maturidade musical e não tem medo de experimentar novos sons. Esbanjando seu vozeirão, a técnica e a emoção estão em perfeita sintonia. Palavras dele: “Posso me dar ao luxo de ser excêntrico. Pois certamente uma canção como a ultima faixa ‘Sonata’ é realmente comovente e emocional. Ao compor para o Iron Maiden, uma faixa assim não se encaixa ao estilo da banda”.
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