Em 1985, o mago Steven Spielberg se responsabilizou pela adaptação do best seller “A Cor Púrpura (1982)” de Alice Walker. Era uma virada na sua carreira bem sucedida com filmes de aventura como “Indiana Jones & Os Caçadores da Arca Perdida (1981)” e a tocante scifi “E.T.: O Extraterrestre (1982)”. Um drama de época voltado para a comunidade negra, onde conhecemos as inseparáveis irmãs Celie e Nettie. Separadas na juventude, pelo brutal Mister, casamento arranjado pelo pai delas para a primeira. Um homem que a dominou através da violência física e psicológica. Ela foi interpretada por Whoopi Goldberg, que se revelou uma grande atriz da sua geração. Além de Oprah Winfrey como a eloquente Sofia, que mais tarde se tornou uma grande celebridade no mundo do entretenimento com o talk show “The Oprah Winfrey Show (1986 a 2011)”. Elas foram indicadas ao Oscar daquele ano como Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante respectivamente.
A película dividiu opiniões na época, pelo tom imprimido por Steven. Sendo um divisor de agua na sua carreira, ate então chamado “Peter Pan”. Ou seja, o cineasta que não queria crescer. “A Cor Purpura” exibiu uma visão mais séria que estávamos acostumados. Passados 38 anos, Oprah retorna ao mundo de Walker em formato de musical, “A Cor Púrpura (The Color Purple, 2023)”. Spielberg também volta, como produtor. Os dois revivem o conto das irmãs agora interpretadas por Phylicia Pearl Mpasi e Halle Bailey como Celie e Nettie na juventude respectivamente. O pai delas, Alfonso (Deon Cole) se relaciona com Celie frequentemente, com quem teve duas crianças. Um menino e uma menina. As crianças são adotadas, fazendo com que ela busque pelo paradeiro delas.
Já o fazendeiro Mister (Colman Domingo) corteja sua irmã Nettie. Sendo rejeitado imediatamente por ela. Fazendo com que ele a peça em casamento a Afonso. Este não permite e oferece Celie, já que ela mais velha e pode fazer as tarefas domesticas. Em sua fazenda, sente o peso da sua mão literalmente. Além da sua postura autoritária. A chegada de Nettie, que fugiu dos assédios do pai, é o inicio da separação delas. Mister a acolhe com segundas intenções, porem Nettie reage. Ele a expulsa da fazenda com ameaças de morte. Assim começa o amadurecimento de Celie, agora interpretada por Fantasia Barrino na fase adulta. Apesar dos abusos de Mister, ela persevera que reencontrará a irmã. Daí o mote inicial do musical “A Cor Púrpura”, agora dirigido por Blitz Bazawule.
Saem os tons pastéis da película de 1985, entram cores vivas e musica de boa qualidade. Estamos na Georgia, inicio dos anos 1900, ouvimos o mais puro blues, jazz, soul e gospel. Dando mais dramaticidade a historia de superação de Celie. Phylicia e Halle estão ótimas no primeiro ato. Já Fantasia, excepcional cantora de r’n’b revelada no American Idol, coloca na medida certa o jeito recatado da sua personagem até a virada de mesa quando exibe toda sua resiliência ao separar de Mister, este bem feito por Domingo, e se reinventar no ato final. Junto a ela, temos a cativante Taraji P. Henson (a Cookie da serie “Empire, 2015 a 2020”) como a cantora de blues Shung Avery, soltando a voz e exibindo toda sua versatilidade. O destaque fica para Danielle Brooks assumindo o papel de Oprah como Sofia. Ela a substitui a altura, com um vozeirão de dar inveja.
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