Ao contrario, do que parece não é o nome de uma banda de rock. E sim, o novo filme de Alexander Payne, que realizou os dramas “Sideways: Entre Umas e Outras (2004)” e “Os Descendentes (2011)”, “Os Rejeitados (The Holdovers, 2023)”. Retomando a parceria com Paul Giamatti, com que trabalhou em “Sideways”, este como o professor Paul Hunham. Ele não é muito querido pelos alunos da escola Barton Academy. Conhecido pelo seu mau humor e muito exigente nas aulas, recebe uma tarefa de ultima hora pelo reitor da instituição. Estamos no período do natal, alguns alunos não irão para casa e passar as festas com seus familiares. Entre eles, Angus Tully (Dominic Sessa), um rapaz inteligente e que se revolta com a mãe. Com quem achava que passaria o natal. Descobrindo que ela tem outros planos para a data.
Já Hunham, é uma pessoa solitária e vive no alojamento dentro de Barton, lendo clássicos da literatura. Imaginando que um dia vai escrever um livro como seus autores favoritos. Enquanto isso, ele fica de olho nos alunos e executa tarefas com eles para entretê-los. Ao seu lado, a cozinha da escola Mary Lamb (Da’Vine Joy Randolph). Estamos nos anos 70 e cada um deles vive seu próprio drama pessoal. Paul não consegue se relacionar com outras pessoas. Mesmo com as suas boas intenções, seu jeito introspectivo as afasta. Uma das poucas que tenta se aproximar é a secretária Lydia Crane (Carrie Preston). Mary vive o luto pelo filho, morto na guerra do Vietnã. E Angus que ficou em Barton porque a mãe se casou pela segunda vez e irá passar a lua de mel no natal. Eles formam um trio improvável e acabam ajudando um ao outro.
Assim temos o mote inicial de “Os Rejeitados”, dirigido por Payne e com roteiro de David Hemimgson, vemos três realidades distintas. Paul se mostra uma pessoa boa com suas peculiaridades. Uma delas é o problema hormonal que o faz ter cheiro de peixe. Mesmo assim, tenta melhorar sua empatia. Com seus alunos busca que se tornem melhores, já que os reprova por não se aplicarem nos estudos. Angus representa o status deles, um jovem afortunado e mimado. Seus pais patrocinam Barton e por isso, não são reprovados. Só Repreendidos quando cometem algo errado. Já Mary tenta superar a dor da perda em vão.
Giamatti está cativante como o professor rabugento, ciente que precisa melhorar suas relações pessoais. Guardando para o ato final, suas magoas que o deixaram assim. A proximidade de Angus o alerta e percebendo que pode orienta-lo como gostaria de fazer em sala de aula. Além de ajuda-lo a superar um momento pessoal. Angus queria encontrar com seu pai, só que ele está internado numa clinica psiquiátrica. E magoado com a mãe por não estar presente. Dominic está ótimo como adolescente problema. O destaque fica para Da’Vine em uma interpretação contida e forte, ao exibir toda a perda de um ente querido.
Payne aproveita para trazer a tona como as incertezas sobre a guerra do Vietnã e a tensa situação politica dos EUA, para cada um exibir seu retrato social. Um homem de meia idade que tenta superar os próprios dilemas, uma mãe em dor de perda contínua e o jovem com privilégios, revoltado por não fazer o que gostaria. Que se unem para se ajudarem. Somada à ótima reconstituição de época e sua música pontua a jornada de Paul, Angus e Mary. Por estarmos no natal ouvimos clássicos “The Silent Night” dos Temptations e "The Wind” de Cat Stevens.
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