13 de julho foi o Dia Mundial do Rock, junto a isso, o Blog deste que vos escreve comemora 12 anos de existência. Por isso, vamos comentar os 40 anos do celebre álbum do power trio Rush, “Moving Pictures”. Lançado originalmente em 12 de fevereiro de 1981, nas palavras do icônico baterista Neil Peart sobre o disco: “Foi quando nos tornamos o que somos. Acho que o Rush nasceu de fato com Moving Pictures”. Tanto ele quanto Geddy Lee (vocais, contrabaixo e teclados) e o guitar hero Alex Lifeson ainda colhiam os frutos do seu antecessor “Permanent Waves (1980)”. Eles sentiam a necessidade de criar algo novo e conectados com o que ocorria ao seu redor. Geddy estava entusiasmado com os Talking Heads.
Já Neil estava ouvindo The Police e Ultravox. Enxergando que era o momento certo para adicionar a sonoridade do Rush, o reggae, a emergente new wave e sons eletrônicos. “A Farewell to Kings (1977)” e “Hemispheres (1978)”, o rock progressivo que marcou os dois discos exibem a maestria musical do trio. Com os gêneros musicais mencionados anteriormente, podiam experimentar e acrescenta-los ao som deles. Para criar algo único, deixando a musicalidade deles mais direta e marcante. “Permanent Waves” foi um prenuncio e “Moving Pictures”, a ratificação do som que bem conhecemos do Rush. Uma nova temática foi criada, que influenciou até o modo de vestir de Geddy, Alex e Neil.
Saíam os robes, quimonos, faixas na cabeça para segurarem os longos cabelos, somado ao mítico bigode de Peart. Para um visual mais despojado com roupas casuais e coloridas com blazers, gravatas e cabelos curtos. Lifeson comentou posteriormente: “Antes eu parecia ter saído de uma feira renascentista!”. As letras de Neil possuíam cunho sobre a mitologia, fantasia e ficção cientifica. Mantendo este último, ele sugeriu algo mais próximo da realidade em que viviam. Bem como a dos fãs. Trazendo mais emoção e o social para suas canções. Isso foi a deixa para que Geddy acrescentasse com mais ênfase os sintetizadores nas mesmas.
Normalmente Lee compunha no seu contrabaixo. Porem passou a fazer isso nos teclados. Adicionando novas camadas à melodia. Comentou: “Comecei a compor nos teclados, pois achei interessante trazer mais ‘barulho’ para as músicas. Não só para isso. Os teclados acabaram trazendo um senso maior de espaço para os arranjos. E isso também significou mudanças nos timbres e efeitos de Alex, assim como na percussão de Neil.” Ao lado do produtor Terry Brown, o trio foi para a fazenda de Ronnie Hawkins em Stony Lake, Ontario (Canadá), este é considerado o maior roqueiro do país, para iniciar o processo de composição. “The Camera Eye” foi a primeira seguida de “Tom Sawyer”, “Red Barchetta”, “YYZ” e “Limelight”. Assim partiram ao estúdio Phase One para as primeiras demos e uma pequena turnê que já estava agendada pelos EUA.
Onde tocaram pela primeira vez “Tom Sawyer” e “Limelight”. Ainda em estágio inicial e diferentes de sua versão oficial. De lá se trancaram no LeStudio em Quebec para gravarem o álbum que marcaria a carreira do trio. Lifeson comentou: “Posso dizer que estávamos velejando naquela época, com o vento batendo em nossos cabelos. Estávamos nos divertindo bastante. Acho que é por isso que Moving Pictures se tornou nosso disco mais famoso. As pessoas sabem quando uma banda está detonando. E realmente estávamos.”. Realmente o conceito pensado por Lee, Lifeson & Peart se confirmou com a receptividade de “Moving Pictures”. Além do sucesso de vendas, como o disco mais bem-sucedido do trio. O terceiro da Billboard e o topo das paradas no Canada daquele ano. Onde mantiveram a pegada progressiva aliado com canções mais curtas e diretas.
E uma melodia que cativa nossos ouvidos e letras que elevam nosso imaginário. O hino “Tom Sawyer”, tem como referência o conto “As Aventuras de Tom Sawyer” de Mark Twain e nos pega pela melodia soturna do teclado de Geddy e o riff cortante da guitarra de Alex. Trazendo a adolescência de volta. O seriado anos 80 “MacGyver: Profissão Perigo”, onde a canção era o tema musical usado pela TV Globo. “Red Barchetta” se inicia discretamente com o tímido solo de Lee em contrabaixo. Num crescendo a harmonia da guitarra de Lifeson e a batida de Peart ao fundo. Para se transformar como a canção da mais pura essência Rash de ser. “YYZ” é uma explosão sonora. Simplesmente arrasadora. O melhor exemplo da maestria musical dos três.
“Limelight”, exemplifica como o Rush soube unir sua sonoridade com a vigente new wave. Simples e cativante. Em especial The Police. Aqui uma história engraçada: Sting, Stewart Copeland e Andy Summers sabiam da admiração do Rush pela música deles. Em retribuição, gravaram “Murder By Numbers” e seu final é um tributo à “Limelight”. “The Camera Eye” traz a fase progressiva de volta com ares de anos 80. E já era um vislumbre que ouviríamos a partir de “Signals (1982)”. Já “Witch Hunt” lembra os primórdios do Rash, pesada e sombrio. Uma curiosidade: Hugh Syme toca os teclados, é o responsável por todas as capas e o design gráfico que ilustram a discografia do trio. Fechando temos “Vital Signs”, é a mais pop e totalmente influenciada pela new wave e sons eletrônicos.
O contrabaixo de Geddy cheio de groove com o riff reggae de Alex e a percussão de Neil. Assim temos o legado de “Moving Pictures”, com canções atemporais. Para celebra-lo saiu uma caprichada edição que vai além do álbum remasterizado no Abbey Road Studios em 2015. Um show ao vivo inédito em Toronto no Maple Leaf Garden em 25 de março de 1981. Aqui chamado “Live YYZ 1981". Um disco em Bluray com áudio que contem mixes inéditos de “Moving Pictures” e os vídeos promocionais para “Tom Sawyer”, “Limelight” e “Vital Signs”. “YYZ”, ganha um videoclipe produzido especialmente para esta edição comemorativa. Contém ainda um livreto de 24 páginas com imagens nunca vistas e comentários de Kim Thayil (Soundgarden) e Les Claypool (Primus).
CD I – MOVING PICTURES REMASTERIZADO
2015
Tom Sawyer, Red Barchetta, YYZ, Limelight, The Camera Eye, Witch Hunt, Vital Signs
CD II – LIVE YYZ 1981
2112 Overture – Temples of Syrinx; Freewill; Limelight; Cygnus X-1 Book II: Hemispheres Prelude; Beneath, Between & Behind; The Camera Eye; YYZ; Broon’s Bane; The Trees; Xanadu
CD III – LIVE YYZ 1981
The Spirit of Radio; Red Barchetta; Closer to the Heart; Tom Sawyer; Vital Signs; Natural Science; Working Man – Cygnus X-1 Book II: Hemispheres Armageddon: The Battle of Heart and Mind – By-Tor and the Snow Dog – In The End – In The Mood – 2112: Grand Finale; La Villa Strangiatto
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