O cinema
e a literatura possuem uma relação intrínseca. Romances de sucesso mundial
ganham suas versões cinematográficas. Sejam épicas como as sagas Harry Potter e
do Anel, sejam romances como os escritos por Nicolas Sparks, “Querido John (2010)” e “Um Homem de Sorte (2012)” por exemplo.
Agora uma vertente que ocorre de tempos em tempos, são adaptações vindos do
cinema europeu e/ou asiático de películas que mesclam os dois gêneros. Como é o
caso do filme sueco “Um Homem Chamado Ove”
em 2015, baseado no livro escrito em 2012 por Frederik Backman. Onde temos o sessentão
Ove vivendo pacificamente em seu condomínio.
Como a vizinha que passeia com seu cão de estimação e Ove acredita que sua dona não recolhe as fezes, sujando sua calçada. Ou o simpático vizinho que o cumprindo todo dia e não lhe dá a atenção devida. Até que sua rotina muda com a chegada de novos vizinhos. Uma família iraniana composta pela gravida Parvaneh (Bahar Pars), seu marido atrapalhado Patrik (Tobias Almborg) e duas meninas (Nelly Jamarani & Zozan Akgun). Ove é feito por Rolf Lassgard, mas seu comovente conto só foi lançado mundialmente em 2017. Que lhe rendeu duas indicações ao Oscar daquele ano como Melhor Filme Estrangeiro (posteriormente foi renomeado Melhor Filme Internacional) e Melhor Maquiagem.
Agora é a vez do polivalente Tom Hanks viver o personagem, que ganhou um novo nome, Otto. “O Pior Vizinho do Mundo (A Man Called Otto, 2022)”, sendo adaptado por David Magee e com direção de Marc Foster de “Guerra Mundial Z (2013)” e “007: Quantum of Solace (2008)”. Trazem a história para a bucólica Pittsburgh na Pensilvânia (EUA) com Hanks como Otto Anderson vivendo solitário e aposentado desde o falecimento da esposa Sonya. Ele a visita semanalmente em seu tumulo e tem ideias em se juntar a ela. Enquanto isso, vai levando a vida com muito mal humor. Briga constantemente com os vizinhos do seu condomínio. Ao mesmo tempo, vigia suas ações.
Caso alguém fuja das regras, Otto acusa o autor sem piedade. Tudo mudando quando conhece uma família de imigrantes que está se mudando. O casal Tommy (Manuel Garcia-Rulfo) e Marisol (Mariana Trevinõ), ela está gravida, e as filhas Luna (Cristiana Montoya) e Abby (Alessandra Perez). O que de início parece ser incomodo, vai se tornando revigorante para Otto. Aos poucos, fazendo parte da rotina deles. Sente-se acolhido. O jeito razinza dá lugar a um ar mais leve de seguir seu dia a dia. Em meio a isso, tem flashbacks recorrentes com a mulher Sonya, quando se conheceram na juventude. Aqui feita por Rachel Keller. O jovem Otto ganha o rosto de Truman Hanks, filho de Tom. Momentos como a graduação em engenharia e o pedido de casamento, se intercalando com pensamento em deixar esse mundo para se unir à mulher.
Temos uma virada, num deles salva uma pessoa que caiu nos trilhos do trem. A ação viraliza nas redes sociais. Bem como, quando resolve adotar um gato de rua. Assim rola a trama de “O Pior Vizinho do Mundo”. Com Tom soltando todo seu carisma, e saindo da imagem de personagens que marcaram sua carreira como o carinhoso Forrest Gump e o voluntarioso capitão Miller de “O Resgate do Soldado Ryan (1998)”. Para ser uma pessoa amargurada pela vida e desgostosa com a sociedade. E como numa peça do destino, redescobre a alegria de viver e estar envolto de pessoas que desejam seu bem-estar.
Aqui voltando a fazer papeis que fizeram sua fama no começo de carreira, comedias com nuances dramáticas como “Um Dia, A Casa Cai (1986)”, “Quero Ser Grande (1988)” e “Meus Vizinhos São Um Terror (1989)”. E se reinventando como o implacável Coronel Tom Parker em “Elvis (2021)”. É praticamente impossível não se render à atuação de Hanks, apesar de uma pessoa que é pura tristeza, que se transforma em alguém com alegre no coração. Deixando bem claro, que a dor pode ser superada e viver plenamente até o fim.
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