O mistério paira no ar, quando vemos no calar da noite ou numa fria manhã, o corpo de uma pessoa deixado ao relento. O soturno e o sobrenatural entram em cena. Como se vê no primeiro amanhecer cinzento na academia militar West Point em 1830. A vítima, um cadete. O que parecia ser um suicídio, já que ele surge enforcado, se mostra na verdade um assassinato. Na autopsia, descobre-se que o corpo teve seu coração. Detalhe: de forma cirúrgica. As autoridades da instituição chamam o detetive da região para investigar o crime. No caso, Augustus Landor.
Feito pelo versátil Christian Bale (o Cavaleiro das Trevas da trilogia de Christopher Nolan). Isso é só o começo de seu novo trabalho “O Pálido Olho Azul (The Pale Blue Eye, 2023)”. Baseado no romance de mesmo nome escrito por Louis Bayard em 2003, adaptado por Scott Cooper. Conhecido pelos filmes “Coração Louco (2009)” e “Aliança do Crime (2015)”. Assumindo também a cadeira de diretor e voltando a trabalhar com Bale, estiveram juntos no drama “Tudo por Justiça (2013)” e no faroeste “Hostis (2017)”. Retomam a parceria, neste suspense e contam com Harry Melling (o gordinho Dudley da saga Harry Potter) como o escritor e poeta Edgar Allan Poe. Só que não é ainda o renomado autor que conhecemos. Aqui ele é o cadete da academia que auxilia Landor.
Os cadetes possuem um código de silencio, com Poe é possível que ele descubra o que houve. Aqui Cooper adiciona o tom sobrenatural em sua trama, isso além do gênero policial. Com Landor descobrindo cada pista nos pequenos detalhes da investigação. Fazendo isso do seu intelecto aguçado e a imaginação de Poe para descobrir a verdade dos fatos. Aproximando a escrita de Louis com a de Edgar. A dupla formada por Christian e Harry se destaca, é visível a cumplicidade em cena. Os dois se complementam. Bale como sempre, excelente. Exibindo a dor pela perda da esposa e a fuga da filha única com um homem. Melling se mostra um ator talentoso e saindo da sombra de seu personagem mais conhecido no cinema. Exibindo todo seu desconforto por estar entre militares. Como bem vimos no drama “O Diabo de Cada Dia (2020)”.
Edgar realmente se alistou na academia vista na película em 1830, atrás de um salário fixo. Se destacou nas atividades de estudo e extracurriculares, mas detestava o rigor da vida militar. Por isso, arquitetou a própria expulsão, um ano depois. Completam o elenco Toby Jones (o dr. Zola dos filmes do Primeiro Vingador Capitão América) como o médico da academia, dr. Daniel Marquis; Gillian Anderson (a eterna Scully do cultuado seriado televisivo anos 90 “Arquivo X”) faz sua esposa, Julia Marquis; Lucy Boynton (a namorada de Freddie Mercury, Mary Austin, em “Bohemian Rhapsody, 2018”) é a filha deles, Lea Marquis; a musa do cinema europeu Charlotte Gainsbourg como a garçonete Patsy; e o veterano Robert Duvall (“O Juiz, 2014”) faz Pepe, especialista em ocultismo com informações que podem ajudam Landor e Poe no caso.
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