Steven Spielberg sempre se notabilizou pelo seu olhar apurado e a intuição para cativar o público. Surgido com o suspense “Tubarão” em 1975, que originou o termo “Blockbuster” no cinema. Onde um filme atinge a margem de um milhão de dólares arrecadado em bilheteria no cinema. Nos dias de hoje, isso já foi totalmente superado com filmes como “Avatar (2009)” e do Universo Cinematográfico Marvel. Mesmo assim, seus trabalhos encantam a todos. Desde a scifi “Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977)”, passando pela aventura “E.T. – O Extraterrestre (1982)”, o intrépido arqueólogo Indiana Jones em “O Templo da Perdição (1984)” e o filme de guerra "O Resgate do Soldado Ryan (1998)".
Esse fascínio surgido na infância quando os pais o levaram para ver “O Maior Espetáculo da Terra (1952)” de Cecil B. DeMille. Desse modo o então pequeno Steven se encantou pela sétima arte. Exemplificada na sequência de abertura do seu novo trabalho, o autobiográfico “Os Fabelmans (The Fabelmans, 2022)”. Desde que foi anunciado, a expectativa era grande em saber mais como Spielberg se tornou o cineasta renomado que é hoje e quais foram suas referências. Aqui ele se torna Sammy Fabelman, feito por Mateo Zoryan na infância. Michelle Williams (da franquia “Venom”) faz sua mãe Mitzi e Paul Dano (o Charada de “Batman, 2021”) é o pai Burt. Ambos são baseados nos pais de Steven, Leah Adler e Arnold Spielberg.
Incentivado por Mitzi, uma pianista clássica, Sammy usa a câmera Super 8 de Burt, para recriar a impactante sequência do filme que viu com os pais. O descarrilamento do trem. Ele exibe para Mitzi o que fez e ela se impressiona. Enxergando seu talento e assim o incentiva. A partir daí, Sammy produz pequenas curtas com as irmãs mais novas Natalie (Alina Brace) e Reggie (Birdie Borria). Ambas têm como base as irmãs de Steven, Nancy e Anne respectivamente. Ao lado deles temos o tio e o melhor amigo de Burt, Bernie (o comediante Seth Rogen). Sammy já adolescente, interpretado por Gabriel LaBelle, traz o olhar do cineasta que bem conhecemos. Na escola produz curtas ao lado dos amigos e posteriormente são exibidos em sessões especiais.
Daí vem a nostalgia, ao contrário do que é visto hoje, onde os filmes são editados digitalmente. Antigamente isso era feito à mão. Assim vemos a sensibilidade de Sammy refletida no próprio biografado. Já visualizando o que estava filmando e a ideia para fazer o som dos tiros nos curtas baseados nos filmes de faroeste e de guerra. Aqui Spielberg aproveita para rever a própria carreira com “E.T.” e “O Resgate do Soldado Ryan”, por exemplo. Junto a isso, todo amor e afeto que seus pais sentem um pelo outro. Apesar de suas diferenças, como bem diz Mitzi, que a família é formada por artistas e cientistas. E que Sammy faz parte do time dela, já que Burt é um engenheiro da computação. Assim temos o mote inicial de “Os Fabelmans”. Com o cineasta em seu filme mais pessoal e intimista, prestando um tributo à memória dos pais e o momento vivido em Phoenix (Arizona).
Marcando também sua ultima parceria com o maestro John Williams. Com quem trabalhou nos filmes citados anteriormente e praticamente em toda sua carreira. Escrito por ele ao lado do dramaturgo Tony Kushner, que roteirizou “Munique (2005)”; Lincoln (2012)” e “Amor Sublime Amor (2021)”. Vemos sua formação e a influência dos pais. Um retrato como era seu relacionamento com os dois. Apesar de todo amor, havia conflito. Conforme crescia, Sammy entendia a forte personalidade de Mitzi e suas contradições. Ao mesmo tempo, o distanciamento do pai. Que apesar de reconhecer o talento do filho, prefere incentiva-lo a fazer outra atividade. Para o mesmo garantir seu futuro. Além de se aceitar como judeu e tentar superar todos os obstáculos relacionados a isso.
Como na mudança para o Saratoga (Califórnia), conhece novos colegas de escola. Onde sofre com o racismo deles em relação à sua religião. Bem como a descoberta do primeiro amor. Somado a um segredo de família, que foi determinante para Sammy / Steven seguir com sua vida fora das câmeras. Temos as participações especiais do veterano Judd Hirsch (o pai de Jeff Goldblum na franquia “ID4 Independence Day”) como o tio avô Boris, e o inusitado David Lynch, que nos trouxe a mítica serie dos anos 90 “Twin Peaks (1990 /91)”, como a lenda do cinema John Ford. No ato final da película, aconselha o jovem Sammy a como ser um cineasta como ele ficar atento aos pequenos detalhes quando está filmando e o que ocorre na indústria cinematográfica.
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