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O eloquente "TÁR" com Cate Blanchett

O mundo da música clássica já foi visto na sétima arte em cinebiografias sobre o maestro Beethoven em dois momentos. Com Gary Oldman o personificando em “Minha Amada Imortal” em 1994 e Ed Harris assumindo sua persona em “O Segredo de Beethoven” de 2006. Mozart também foi levado para a tela grande do cinema com Tom Hulce no papel, com elogiadíssimo “Amadeus” de 1984. A película levou para casa 05 estatuetas do Oscar incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor para Milos Forman e Melhor Ator para F. Murray Abraham como o invejoso rival de Mozart, Antonio Salieri. Com isso em mente, Todd Field nos traz “Tár (Tár, 2022)”. Sobre a primeira mulher a reger a Orquestra Filarmônica de Berlim, Lydia Tár. Interpretada pela rainha Elizabeth Cate Blanchett.

Uma talentosa compositora e musicista que vive a melhor fase da sua carreira como maestro. Impetuosa e por seu status, se mostra arrogante. Assumiu sua homossexualidade, vivendo harmoniosamente com a companheira Sharon (Nina Hoss, a Presidente da República Tcheca na 3ª Temporada de “Jack Ryan de Tom Clancy, 2022”). Lydia se prepara reger a Filarmônica em uma das peças musicais mais difíceis de serem executadas. No caso, a Quinta Sinfonia de Gustav Mahler. Ao mesmo tempo, precisa lidar com demônios interiores, como a pressão interna para manter sua posição dentro e fora do mundo erudito. Field apresenta este conto autoral, com uma personagem que precisa lidar com a própria ambição e manter seus princípios profissionais. 

E se mantiver integra musicalmente falando. Ela consegue exibir sua relevância em meio predominante masculino.  Para isso abriu mão do convívio familiar, criando lacunas na sua vida. Por causa da forte personalidade, Tár fica muito sensível no decorrer de seu cotidiano. Seja pessoas do seu convívio pessoal e profissional, a música que flui dentro de si e no ambiente em que está. Seja dentro do carro, ouve o barulho do ar condicionando; correndo pelas ruas de Berlim ou nas conversas com seu mentor Andris Davis (Julian Glover). Cate exibe uma força vindo das profundezas da alma para dar veracidade à sua personagem. Pois de início, a trama da película traz o detalhamento nas suas pequenas nuances. 

Já que Lydia está escrevendo a própria biografia e se prepara para o maior desafio da carreira. Controladora ao extremo, no decorrer dos 157 minutos, Lydia vê sua vida desmoronar entre seus dedos. Temos sua ascensão e consequentemente sua queda, num piscar de olhos. O envolvimento com a pupila Krista Taylor (Sylvia Flote), que mais tarde foi desligada da Filarmônica e se suicidou em seu apartamento em Nova York. Junto a suspeita que Lydia pode estar envolvido no ocorrido. Além do relacionamento platônico com a jovem assistente pessoal Francesca (Noémie Merlant), que deseja ser sua sucessora no posto de maestro. Todd penetra neste mundo, onde pouquíssimos têm acesso. 

Possuem quase uma linguagem própria. Deixando bem claro, que a escolha por Blanchett para interpretar Lydia Tár, foi mais que acertada. Na verdade, uma exigência sua. Enxergando nela sua própria personagem. Como no ditado, “a vida imita a arte”. Ou seria o contrário? Com a fama e a fortuna, sendo o disfarce perfeito para esconder seus defeitos e se iludir que está acima de tudo e de todos. Onde os cinco movimentos que fazem parte da Quinta Sinfonia de Maher se mesclam com os passos dados por Tár, até sua derrocada final ao nutrir uma paixão não correspondida pela jovem violoncelista russa Olga (Sophia Kauer).

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