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O Documentário "IF THESE WALLS COULD SING" sobre Abbey Road Studios

Abbey Road ficou mundialmente conhecido como o estúdio de gravação dos quatro rapazes de Liverpool, os Beatles. Todos seus antológicos álbuns foram gravados lá. Sem esquecer o álbum homônimo de 1968, onde atravessam a faixa de pedestre da rua que dá nome ao estúdio, 3 Abbey Road London NW8 9AY United Kingdom. Mas poucos conhecem sua história, quando foi inaugurado em novembro de 1931 pela empresa Gramophone, posteriormente passado para EMI. E em 2013, a Universal Music Group o adquiriu, sendo administrado pela sua representante na terra do atual Rei, Virgin Records.  

Para conta-la e celebrar seus 91 anos de existência, temos o documentário “If These Walls Could Sing (2022)”, disponibilizado pelo canal streaming Disney+ no final de 2022. Ele foi dirigido por Mary McCartney, filha do eterno Beatle, sir Paul McCartney. Contando com imagens da época que foi aberto, o estúdio até então era usado para gravações de música clássica e religiosa. Pode-se dizer que esse modus operante mudou com a vinda dos Beatles. Além deles temos o mítico produtor George Martin e os engenheiros de som Geoff Emerick, Alan Parsons e Chris Thomas. Estes dois últimos se tornariam grandes produtores no ramo.

Onde o primeiro montou o grupo de rock progressivo Alan Parsons Project e o segundo nos trouxe “Never Mind The Bollocks (1976)” dos Sex Pistols e “Kick (1987)” dos australianos Inxs. Mary traz o depoimento daqueles que fizeram e fazem parte da história de Abbey Road. Seu pai dá um depoimento emocionante ao relembrar os momentos ao lado de John Lennon, George Harrison e Ringo Starr no Estúdio 02. Juntamente com as orientações de Martin. Ela mesma disse em entrevista para a revista Rolling Stone: “Eu me criei visitando Abbey Road. É como um espaço da família para mim. Foi natural decidir explorar as histórias. Descobri muitas coisas sobre as quais nunca tinha ouvido falar”.


Mesclando com o histórico do local, desde o concerto que o inaugurou com a London Symphony Orchestra regida por Edward Edgar. Apesar de sua grandiosidade, Abbey Road passou por altos e baixos, financeiramente falando. Por isso seus administradores perceberam que era hora de ampliar o leque musical. Antes dos Beatles, tivemos Cliff Richards & The Drifters que gravam o single “Move It” em 1958. Um grande sucesso na época. Cliff conta emocionado seu momento em Abbey Road. George Martin, fora contratado como gerente musical e sua busca para o próximo fenômeno musical estava apenas começando. Nas suas palavras, os quatro rapazes de Liverpool não chamaram muito sua atenção. Mas que gostava da companhia deles, pois eram divertidos.

Não tocavam do jeito que ele queria, mesmo assim insistiu. “Love Me Do” tinha seu apelo, mas foi com “Please Please Me”, os Beatles se tornaram um sucesso na terra da então Rainha. Mais tarde os quatro cantos do mundo. Eles se apressaram para gravar o primeiro álbum, “Please Please Me” de 1963 em 24 horas. Giles Martin, filho de George que herdou seu legado, mostra os arquivos musicais da época. Como as demos de “Twist and Shout” e a faixa título. Ao mesmo tempo, Paul e Ringo relembram como foram as gravações. Que eles apenas queriam tocar música de qualidade.

Somado aos depoimentos de Roger Waters e David Gilmour que comentam sobre estar em Abbey Road para gravar “The Dark Side of the Moon (1974)” e “Wish You Were Here (1975)”. Ambos deixam bem claro sua admiração pelo local e a inspiração para grava-los. No caso, Syd Barrett. Ele deixou a banda por motivos de saúde e nunca mais se recuperou. Ressaltam sua genialidade e sua arte. Seja no instrumento, seja na pintura. Waters comenta que “The Great Gig in the Sky” e “Us and Them”, só poderiam ser registradas em Abbey Road. Fala sua admiração por Rick Wright (teclados e vocais) ao compor as duas canções. 

Waters e Gilmour concordam que as discussões eram frequentes. Mesmo assim, mantiveram a convicção que estavam fazendo algo incrível. Roger teve a certeza disso quando tocou o disco para sua primeira esposa Julie. Quando a questionou, viu a lagrima sair de seus olhos. Essa foi sua resposta. Os veteranos, sir Elton John e o guitar hero Jimmy Page do Led Zeppelin, comentam sua estada em Abbey Road. Ambos em começo de carreira e músicos de estúdio, Elton fala com entusiasmo sobre a mítica envolta de Abbey Road, só por estar lá dentro e sobre sua participação em “He’s Ain’t Heavy, He’s My Brother” dos The Hollies. O solo de piano é dele e os remanescentes do grupo Tony Hicks e Bobby Elliott também deixam seu recado sobre Abbey Road.


Page em uma entrevista, quando tinha 19 anos. Respondendo ao repórter como foi estar ao lado e conhecer grandes astros da música: “Decepcionante”, por ver quem realmente como são seus ídolos no dia a dia. Ele possui um ótimo conto sobre a gravação de “Goldfinger”, tema do filme “007 Contra Goldfinger (1964)”. Você não pode acreditar, mas ele estava no estúdio e diz que ficou maravilhado com a performance de sua interprete, dame Shirley Bassey. Como ela conseguiu manter o agudo que encerra a canção. Sobre isso a própria comenta que ela foi gravada durante os créditos que abrem a película. Você já está cansado de saber a abertura dos filmes de 007 são icônicas e apresentam seu tema principal. 

Em imagens de arquivos, diz que o esforço acabou com ela. Pois os créditos não acabavam e ao final deles, desmaiou. Foi prontamente socorrida. Isso impressionou o então jovem Jimmy Page e que até hoje, fica espantado com o fato. A estada do musico nigeriano Fela Kuti rendeu uma boa história. Seus empresários queriam que ele gravasse em sua terra natal. O problema que os estúdios na Nigéria não tinham equipamentos de boa qualidade. Assim a opção de ir até a Inglaterra para gravar os discos “Fela Ransome-Kuti and Africa’70 Live with Ginger Baker (1971)” e “Fela Ransome-Kuti & The Africa’70: Afrodisiac (1972)”. O produtor Jeff Jarratt conta que o clima festivo dentro do estúdio e as participações especiais de Ginger Baker do power trio Cream e Tony Allen, ambos bateristas, deixaram sua marca no álbum de 1971.

Voltando aos Beatles, a morte de Brian Epstein os impactou muito. E isso foi um dos fatos que culminaram do início do fim do grupo. Paul falava sobre em seguir adiante e ao mesmo tempo, comentou a ideia que originou o antológico “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967)”. Já que eles decidiram em comum acordo, não fazerem mais turnês. Enaltecendo seu crescimento como músicos. Gradualmente o desgaste da relação deles se tornaria notório, como bem vimos nas series “The Beatles Anthology (1995)” e mais recentemente em “The Beatles Get Back (2021)”.No final dos anos 70 e no começo dos anos 80, as contas não fechavam em Abbey Road.

Os Beatles tinham acabados, bem como outras bandas da mesma geração. Daí A ideia em transformar o Estúdio 01 em uma grande sala de cinema com telão e equipamento para a orquestra. Daí chegamos à saga “Star Wars” do criador George Lucas, com trilha musical composta pelo maestro John Williams. É um dos poucos momentos em que vimos seu entusiasmo ao estar em um local como Abbey Road. Em especial reger a London Symphony Orchestra. Por ser o local certo e perfeito para isso acontecer. Destacando sua acústica, onde não há pequenos ruídos que possam atrapalhar ou incomodar o ouvido mais atento. "Indiana Jones & Os Caçadores da Arca Perdida (1981)" e "Highlander: O Guerreiro Imortal (1986)" foram registradas lá também.

Os irmãos Liam e Noel Gallagher dão o ar da graça para comentar sua ida a Abbey Road. É claro que separadamente, pois sabemos que os dois não podem ficar juntos no mesmo ambiente. Discutem sobre as gravações do terceiro álbum do Oasis, “Be Here Now (1997)”. E por ter estado no mesmo estúdio em que Paul, John, George e Ringo tocaram. Para eles, um local sagrado. Já que são sua principal referencia musical. Foi em Abbey Road, que gravaram o derradeiro álbum do Oasis, “Dig Out The Soul (2008)”. Noel completa que a maior parte dos discos de sua coleção foram gravados ali. Ao final, Mary deixa bem que o legado de Abbey Road é eterno, mesmo que um dia encerre suas atividades. 


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