Desde o falecimento precoce de Chadwick Boseman, em 28 de agosto de 2020 devido a um câncer de colón diagnosticado em 2016, o posto de herói de Wakanda ficou vago. Isso ocorreu pouco antes do início das filmagens da sua segunda aventura solo no Universo Cinematográfico Marvel. Por isso o cineasta Ryan Coogler teve que reescrever todo o roteiro numa perspectiva sem T’Challa e ainda justificar sua ausência. O todo poderoso do Marvel Studios Kevin Feige já deixou bem claro que a imagem de Chadwick não seria usada digitalmente e que nenhum ator seria chamado para seu lugar.
Pois ele é o Pantera Negra do UCM. Introduzido em “Capitão América: Guerra Civil (2016)”, marcando presença em “Vingadores: Guerra Infinita (2018)” e “Vingadores Ultimato (2019)”. Já no filme que foi o protagonista em 2018, o impacto foi tão grande que se tornou o primeiro deste novo gênero cinematográfico a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme daquele ano. Levando para casa três estatuetas (Melhor Trilha Sonora Musical, Figurino e Direção de Arte). Para saber mais no link: https://cyroay72.blogspot.com/2018/02/pantera-negra-chega-com-tudo-no.html
Passados dois anos, Coogler consegue criar um novo conto e assim surge “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre (Black Panther: Wakanda Forever, 2022)”. Assim como no primeiro capítulo, Coogler traz a consciência e representatividade social, aliado a forte presença das mulheres. Representada pelas Dora Milaje lideradas por Okoye (Danai Guirira, a Michonne de “Walking Dead”). Ao lado dela, a rainha Ramonda, feita pela veterana Angela Bassett; a irmã de T’Challa, Shuri (Letitia Wright) e o interesse romântico dele, Nakia (Lupita Nyong’o, Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por “12 Anos de Escravidão, 2013”). Juntas precisam lidar a seu modo com a perda de T’Challa, vista na emocional e quase silenciosa sequência de abertura.
Passado um ano, Ramonda e Shuri precisam se reorganizar e liderar o povo de Wakanda. Cada uma tem uma visão de como fazer isso. Ramonda, apesar de abalada emocionalmente, precisa transparecer força e manter suas crenças sobre as tradições de seu povo. Já Shuri representa os novos tempos, desejando exibir tudo o que Wakanda é e pode ser no futuro. Mundialmente falando. Seus ideais colidem. Ela não acredita nos antigos mandamentos.
Em meio a isso, surge no horizonte uma ameaça invisível. É Namor (Tenoch Huerta), semideus do reino submarino Talokan. Ao contrário do que se imaginava, o metal vibranium não é encontrado só em Wakanda. Ele também está localizado debaixo do mar. Por isso, eles lutam contra a exploração que ameaça à paz do reino e Namor vai até Ramonda para saber se pode contar com seu auxilio. Daí a tensão entre os dois aparece. Com a presença da jovem Riri Williams (Dominique Thorne) que montou um aparelho localizador do metal e assim se torna protegida de Wakanda. Ela está sob a tutela de Okoye.
Tendo ao lado sua melhor amiga, Aneka (Michaela Coel). M’baru (Winston Duke) está mais presente e sendo de suma importância para o embate que está por vir. Servindo como conselheiro de Shuri a pedido de T’Challa. Em uma trama envolvente que mescla contexto histórico, aventura, ação, drama e comedia na medida certa, Ryan conta como nações ascendem e caem conforme as conveniências de um mundo globalizado. Quando Wakanda se revelou para todos, a cobiça pelo vibranium fez com que nações ao redor do globo tentem extrai-lo. Ramonda ciente disso, o protege e em uma reunião na sede das Nações Unidas, exemplifica isso com a captura de mercenários franceses em uma das instalações Wakandanas. E ratificando, que o metal jamais sairá de seu país.
Bem como sua tecnologia não será compartilhada. Em meio a isso, Namor exige que Ramonda se posicione a respeito. Já que Talokan está ameaçada por isso. Senão uma guerra se iniciará entre os dois reinos. Daí a trama básica de “Wakanda Para Sempre”. Onde temos a origem de Namor contada, pelo seu povo é chamado K’uk’ulkan. Uma clara referência à Mesoamérica. Uma época em que os incas, maias e astecas habitavam as Américas. Realmente trazendo os mutantes ao UCM. Como o próprio diz a Shuri. Ao mesmo tempo, ela tenta criar a erva coração que dá lhe os poderes como Pantera Negra e com sua genialidade o consegue. “Wakanda Para Sempre” discute o luto.
O trabalho das atrizes é excepcional. Destaque para Angela Bassett, que precisar a Rainha na frente de todos e esconder sua dor pela perda do filho. Ao mesmo tempo, ajudar Shuri a superar a própria. Aqui vemos Letitia Wright crescer com a personagem. O sarcasmo e o bom humor que chamaram atenção em 2018, são colocados de lado. Pois ela se culpa por não ter conseguido salvar o irmão e a raiva contida dentro de si. Exibindo isso perfeitamente. Em especial quando ingere a erva coração e quando espera rever o irmão, tem uma grata surpresa. Eis que surge Killmonger com a volta de Michael B. Jordan ao papel. Sendo determinante para que Shuri seja a nova Pantera Negra.
Tenoch Huerta está perfeito como antagonista. Vemos que ele é o inimigo a ser batido e que não se importa com os obstáculos à sua frente. Passará por cima deles. Junto a isso, somos introduzidos à Coração de Ferro Riri Williams, bem representada por Thorne. Um velho aliado retorna, o agente da CIA Everett Ross (o hobbit Martin Freeman) e tendo ao seu lado Valentina Allegra De Fontaine (Julia Louis-Dreyfuss). Um indicio que em breve teremos notícias sobre o vindouro filme dos Thunderbolts. Como é costume temos a conhecidíssima cena pós-credito. Desta vez, ela está mais conectada ao universo de Wakanda do que ao UCM. Explica o sumiço de Nakia no intervalo de tempo entre “Guerra Infinita” e “Ultimato”, o porquê não estar presente no funeral de T’Challa e traz um vislumbre sobre o futuro do personagem dentro do UCM. Encerrando muito bem a Fase IV e celebra o legado deixado por Chadwick.
Comentários
Postar um comentário