Os tão críticos anos 80, hoje se tornaram referência. Tanto na música como culturalmente falando. As roupas coloridas e as canções com forte influência da música eletrônica trouxe a relevância daqueles tempos. Um bom exemplo é serie Netflix “Stranger Things”, com seu sucesso arrebatador, vemos como os anos 80 são tão importantes quanto seus antecessores. Em especial, no mundo da música. Bandas como Duran Duran, Simple Minds, Pet Shop boys, U2 e A-ha ganharam a notoriedade merecida. Esta última se destaca, por ser de um país que não é conhecido por revelar artistas. No caso, estamos falando da Noruega. Por lá, o sucesso é mais local. Pouquíssimos atingem sucesso mundial.
Assim o vocalista Morten Harket, o tecladista Magnes Furuholmen e o guitarrista Pal Waaktaar-Savoy ganham o mundo com o hit “Take On Me” em 1985. Do início humilde nas ruas de Londres, onde chegaram a passar necessidade, com o lançamento de seu primeiro álbum “Hunting High And Low” conquistam fãs ao redor do globo terrestre. A ascensão é imediata e mais tarde são chamados para compor o tema musical para o filme do agente secreto com licença para morrer, “007: Marcado Para A Morte (1987)”, “The Living Daylights”. Já estabelecidos no ramo, o A-ha como todos os grupos, teve seus altos e baixos. Entre seus melhores momentos temos a turnê mundial de 1989 com passagem na nossa terra brasilis e a participação na segunda edição do Rock in Rio em 1991. Eles sempre foram muitos discretos na sua relação como grupo.
Onde chegaram
a anunciar o encerramento das atividades do A-ha em 2010, após uma extensa turnê mundial. Em 2015 com o anuncio
da edição comemorativa dos 30 anos do Rock in Rio, eles são convidados e voltam
à ativa no mesmo ano com o disco “Cast in
Steel”. A apresentação deles em 1991 foi uma das mais elogiadas e com um
dos maiores públicos registrados do festival. Assim chegamos ao documentário “A-ha:
The Movie (2021)”. Dirigido por Thomas
Robahm & Aslaug Holm, eles nos trazem o dia a dia de Morten, Magne e Paul através de
entrevistas de época e atuais como conseguiram ser o que são atualmente. Sentimos
a tensão no ar quando estão juntos. As palavras ditas por Magne ecoam pelo documentário. Quando declara que não tem vontade
de gravar um novo disco. Pois o encontro dos três no estúdio é como uma reunião
de vespas, com um querendo partir a cabeça do outro.
E também já no final, quando o assunto é o crédito das composições e o quanto isso se tornou uma ferida aberta na banda ao longo dos anos. Ele se credita pelo riff manjado de “Take On Me”. Já no começo do filme, ele ratifica isso. Antes tocava guitarra e foi convencido por Pal a ir para teclados. Já que ele seria o guitar hero da banda que estavam formado. No caso, “Bridges”. Fortemente influenciados pelos Beatles, Rolling Stones, David Bowie, Velvet Underground e Joy Division, os dois perceberam que precisam sair de Oslo, capital da Noruega, para chegarem ao estrelato na música. Para isso, precisavam de um cantor. Souberam de Morten e foram vê-lo na sua banda, “Souldier Blues”. Ficaram impressionados com que viram e ouviram. Carismático e com uma voz poderosa. Eles pegaram seu número de telefone e ficaram de ligar para marcarem um ensaio.
Harten ficou entusiasmado e aguardou a ligação deles. Assim o trio formou o A-ha. Eles partem para Londres e vivenciam a cena musical da época. São fortemente influenciados pelo Soft Cell e Human League. Conseguem gravar a primeira versão de “Take On Me” e lança-la em 1984. Foi um retumbante fracasso e só emplacando na Noruega. Por isso são obrigados a voltar para casa. O fator financeiro também os obrigou a isso. Mesmo assim, persistentes continuaram sua jornada. O sucesso local fez com que fossem contratados pela Warner e a gravação do 1ª disco, “Hunting High And Low”. A insistência em “Take On Me” que foi remixada por Alan Taurney e se tornou o sucesso que bem conhecemos. Juntamente com o vídeo clip no melhor estilo cartoon dirigido por Steve Barron que foi veiculado exaustivamente pela MTV no seu auge nos anos 80. O A-ha começa a galgar o que planejou, com seus percalços.
Magne fala que a Warner os transformou numa espécie de boyband. Os clips de “Touchy” e “Cry Wolf” exemplificam isso. Quando na verdade, eles queriam crescer musicalmente e passar uma imagem de amadurecimento a cada disco gravado. Após as gravações do segundo disco, “Scoundrel Days (1986”), o trio queria como single “Manhattan Skyline”, a gravadora foi contra à esta escolha. Com essa vemos como a tensão dita por Magne é real. Durante os ensaios para o especial “MTV Unplugged: Summer Solstice (2017)”, a discussão entre Morten e o produtor Lars Horntvetz. Com o primeiro dizendo que está choramingando ao invés de cantar e cansado de se ouvir assim, já o segundo retruca que está tudo OK para ele. Somada a isso, Magne descobre que tem um problema cardíaco. Agravado com o que vive dentro do grupo e se afastando para se tratar. Isso influencia na relação com Pal. Apesar de se conhecerem desde a infância, não são amigos próximos como pensamos.
Há uma distância entre eles bem como com Morten. Para causar da condição de Magne, Pal tenta deixar o ambiente em torno dos três mais tranquilo possível. Este é conhecido pela sua personalidade controladora. Ditando todas as regras dentro do estúdio e nos ensaios para os shows. Utilizando a técnica rotoscopia, que transforma movimentos live action em cartoon, como vimos em “Take On Me”, conhecemos mais a fundo as personalidades que formam o trio de sucesso. Ao contrário do que se imaginava, a convivência entre os três é estritamente profissional. Sem qualquer tipo de vínculo de amizade ou algo do tipo. Apesar dos 40 anos de carreira, que estão sendo celebrados com a turnê “Hunting High And Low”, que tocam o álbum homônimo na integra, eles mantem as respectivas carreiras individuais. Magne compõe trilhas para filmes, Pal formou com a esposa Lauren Savoy, a banda Savoy, e Morten tem uma consistente carreira solo.
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