No dia 16 de maio de 2010, o mundo do entretenimento, em especial do heavy metal, ficou mais pobre. O cantor Ronnie James Dio veio a falecer de câncer no estomago. Depois de passar por tratamentos experimentais e mostrar uma boa recuperação, tudo parecia transcorrer para que ele voltasse à ativa. Só que na manhã de domingo do dia 16, ele nos deixou.
Seu
legado permanecerá eterno, sempre lembrado como o vocalista do Rainbow, banda
fundada pelo guitar hero Ritchie Blackmore, quando saiu do Deep Purple em 1975.
E mais tarde substituindo o insano Ozzy Osbourne, que foi demitido do Black
Sabbath, em 1980. Posteriormente com as conhecidas “diferenças musicais” sai do grupo e iniciou uma marcante carreira
solo e seu primeiro trabalho “Holy Diver
(1983)”, foi o começo de tudo.
Passados doze anos de seu falecimento, sua esposa e empresaria Wendy Dio ao lado de Don Argott & Demian Fenton, nos trazem o documentário “Dio: Dreamers Never Die (2022)”. Dirigido pelos dois últimos, aqui temos um tributo à memória de Dio, onde conhecemos mais a fundo sua personalidade forte, ao mesmo tempo, perseverante. Exibido no Festival In-Edit 2022 no ultimo sábado, contando com depoimentos do próprio, Wendy, o radialista metal Eddie Trunk, seus velhos parceiros de banda como Tony Iommi, Geezer Butler, Bill Ward, Vinny Appice e amigos admiradores como o bonachão Sebastian Bach, Rob Halford, Glenn Hughes, a runaway Lita Ford e o jornalista rock’n’roll Mick Wall. Este último um grande amigo de Dio e esteve sempre por perto para acompanhar sua carreira e vida como poucos.
Wendy nos mostra o primeiro instrumento tocado por Ronnie, um trompete. Seu pai impôs que ele aprendesse a toca-lo. Ronnie comenta que apesar da educação rígida, isso foi muito para ele. Isso moldou sua personalidade e o ajudou a ser quem foi. Uma das melhores histórias é sobre sua avó, que cuidava dele e dos irmãos quando os pais estavam fora. Mas isso é contado quando Dio atinge seu auge como artista. Assim comentaremos em breve.
Desde jovem, uma alma inquieta como mencionam familiares e amigos próximos. Achava seu nome verdadeiro muito comprido, Ronnie James Padavona. A persona como Dio surge a partir de gangster da máfia Johnny Dio. Formou bandas como Vegas Kings, que mais tarde foi renomeada como Ronnie & The Rumbles e Ronnie & The Red Caps, por exemplo.
Isso ocorre nos anos 50 e 60, antes mesmo do surgimento dos Beatles. No final dos 60 e inicio dos 70, Dio formou o Elf, inspirado em bandas como Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple. Este último foi determinante para seu futuro no ramo musical. A banda deixou uma boa impressão no meio e foi chamada para assinar contrato com uma gravadora. Descobriram no caminho para o escritório, além dos executivos, estariam presentes Roger Glover e Ian Paice, contrabaixo e bateria respectivamente do DP. Após a audição, o silencio prevaleceu. Dio e banda imaginou o pior. Quando na verdade foi o contrario, todos ficaram impressionados com sua intenção musical, em especial, pela voz de Ronnie.
Assinaram na hora. Mais tarde, o Elf estava abrindo shows do Deep Purple e Dio se aproximou de Ritchie Blackmore. Quando este saiu do DP, prontamente ligou para ele entrar no grupo que estava formando, a “Ritchie Blackmore’s Rainbow”. Comentou que os dois tinham o mesmo compromisso com a música. A união perfeita, Rainbow emplaca na Europa e é endeusado no Japão. Porem, não chamou atenção na terra do tio Sam. Isso se tornou uma obsessão para Blackmore. Que surgiu a canção “Since You’ve Been Gone” de Russ Ballard. Dio se recusa e é dispensado da banda. Triste com o ocorrido, ele e Wendy já estavam juntos desde 1974.
Quando tudo parecia ser o fim de sua carreira, eis que surge o convite para substituir Ozzy Osbourne no Black Sabbath. A duvida inicial dos fãs mais radicais, que não acreditavam no seu potencial, é dissolvida com disco “Heaven and Hell” em 1980. Iommi, Butler e Ward perceberam isso, vendo que a popularidade do grupo voltou com força total. Juntamente com a marca registrada de Dio, a mão com chifres. Lembrando que Ozzy sempre fazia com as mãos, o símbolo da paz, nos shows. Ele precisa de algo similar, agora voltamos à avó de Ronnie. Uma fervorosa religiosa, ela fazia o gesto para afastar os maus espíritos da família. O consumo de drogas e álcool, isso foi um dos motivos de sua saída em 1982. Outro ponto de discórdia foi à mixagem final do álbum ao vivo “Live Evil (1982)” e não ser creditado em sua produção. Saindo da banda com futuro incerto.
Mais
uma vez se vê sozinho, mesmo tendo Wendy
ao seu lado incondicionalmente. Até que começa a compor canções e chamar Vinny Appice para tocar com ele. Appice entrou no lugar de Ward, que saiu do BS por motivos
pessoais. Dai saíram as primeiras demos do seria seu primeiro trabalho
individual, “Holy Diver (1983)”. Para
completar a banda foi chamado Jimmy Bain
(contrabaixo) que tocou com Dio no Rainbow. Para a guitarra, ele não queria
alguém como Eddie Van Halen. Pois a geração da guitarra dos anos 80 foi marcada
pela velocidade. No caso, quem tocava mais rápido suas notas. Lhe indicado um
jovem chamado Vivian Campbell.
Enxergando nele, o cara certo para dividir o palco. Como fez com Blackmore e
Iommi.
Uma
história engraçada contada por Vinny.
Os ensaios e as gravações ocorreram no Sound City em Los Angeles (EUA). Em meio
às gravações de “Rainbow in the Dark”,
Bain deixou seu instrumento de lado
e tocou a melodia que bem conhecemos nos teclados. E melhor Ronnie não a queria como single, ela
não era do seu agrado. Todos discordam disso e percebe isso, reagindo com muito
bom humor. Mais tarde é contrariado, pois se tornou um dos seus maiores
sucessos. Isso possibilitou que ele realizasse as coisas do seu jeito. “Holy Diver” é aclamado por publico e
critica, sendo considerado um dos melhores álbuns de todos os tempos no gênero
Heavy Metal. Combinando com sua performance de palco, foram adicionados
cenários como um castelo medieval e um dragão nos shows.
Quando tudo parecia se estabilizar, eis que surge o grunge com “Smells Like A Teen Spirit” do Nirvana. Este movimento ao lado do Nu Metal, o som de Ronnie e de seus semelhantes deixou de chamar a atenção da geração anos 90. Com a diminuição do interesse pelo heavy metal, Dio se voltou para as origens, se apresentando em locais menores. Ou participando de filmes como a comedia da dupla Tenacious D, “The Pick of Destiny” em 2006.
Formada pelo impagável Jack Black & Kyle Gass, onde o primeiro conta a emoção de conhecer pessoalmente seu ídolo. Somada a história da gravação da parte de Dio para o filme. O estúdio possuía os melhores equipamentos, porem Ronnie trouxe o próprio. De inicio, Black disse que não precisava. Após algumas audições, a gravação não estava de acordo com o que Jack imaginava. Até que Dio instalou o seu e daí a sonoridade saiu de acordo com o que ele queria ouvir.
Mais tarde, ele soube que o Black Sabbath estava planejando lançar uma coletânea com as canções compostas quando estava na banda. Dio sugeriu que novas canções e se reencontrando com Iommi e Butler. Appice é chamado de volta e as desavenças de outrora, ficam no passado. Eles retornam, mas não como Black Sabbath, como “Heaven and Hell”. Gravam a ultima passagem de Ronnie em estúdio “The Devil You Know” em 2009.
Uma retomada triunfante com um disco elogiadíssimo por todos e uma turnê que comprova todo seu talento e legado. Durante as apresentações, Geezer diz que Dio sentia dores recorrentes e o aconselhou a ir ao medico. Foi o momento que precisou lutar mais uma vez, diagnosticado com câncer no estomago. Mesmo se recuperando, ele nos deixou repentinamente.
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