Os anos 80 tão criticados outrora, agora mostram sua relevância e reconhecimento tardio. Artistas como The Killers e Franz Ferdinand, usam e abusam de referências como Duran Duran, Style Council, Joy Division, The Police, U2 e New Order, por exemplo. Hoje o Duran Duran é referenciado como um dos maiores expoentes daquela época e os irlandeses do U2 são tidos como a maior banda dos anos 80 pela longevidade e por manter sua formação original desde o início. Em meio a eles, tivemos Culture Club, Depeche Mode, Erasure, Simple Minds, The Cure, Echo and the Bunnymen, The Smiths, Eurythmics e Tears For Fears.
Este
último é formado por Roland Orzabal
(vocais, guitarra) e Curt Smith
(vocais e contrabaixo) que ganharam fama e fortuna com o single “Shout” em 1984 e posteriormente com o disco,
“Songs From The Big Chair” de 1985. Se tornou um sucesso mundial e contém os hits “Head Over Heels”, “Mother’s
Talk”. "I Believe" e a marcante “Everybody Wants to Rule the
World”. Daí tivemos “The Seeds of Love”
de 1989 e as desavenças entre Curt e
Roland estavam crescendo. Apesar de Orzabal ser o principal compositor, Smith queria mais espaço. Assim Curt Smith saiu em 1991 e lançou seu
primeiro disco solo, “Soul on Board”
em1993. Roland Orzabal manteve o TFF como grupo de um homem só com “Elemental (1993)” e “Raoul and the King of Spain (1995)".
Se aventurou em carreira solo com “Tomcats Screaming Outside” em 2001. Um ano antes, acertou os ponteiros com Curt e retomaram a parceria como Tears For Fears. Assim tivemos “Everbody Loves A Happy Ending” em 2004 e mais tarde a coletânea “Rule The World: the Greatest Hits” em 2017. Este é uma versão atualizada de “Tears Roll Down (Greatest Hits 82-92)” de 1992. Que contou com duas novas canções “Stay” e “I Love You But I’m Lost”. Desde então a espera por um trabalho novo da dupla gerou uma enorme expectativa entre os fãs. Por aqui, eles tocaram em 1990 no finado festival Hollywod Rock. Em 2011, fizeram uma turnê e participaram da edição 2017 do Rock in Rio.
Após dois anos e meio vivenciando a pandemia da Covid 19, o Tears For Fears lança o autoral “The Tipping Point”. Desde 2004, já faziam dezoito anos sem soltar um disco inédito. Pouco antes do começo da pandemia, Roland foi visitar Curt em sua morada nos EUA, já que ele ainda vive em Londres. Lá ensaiaram e trocaram ideias, até que Smith surge com uma nova melodia, agradando Orzabal. Voltar para sua casa, ficou com a melodia na cabeça e resolve desenvolve-la. Daí surge a linda balada acústica “No Small Thing”.
Como não
poderia ser diferente na história dos dois, a tragédia faz parte dela. Em 2013,
seu empresário na época lhes sugeriu comporem canções com a influência da nova
geração do pop rock. Perceberam que isso não estava de acordo com o conceito
que estavam imaginando. A ideia foi descartada, bem como o empresário. Já em
2017, Roland perde a esposa
Caroline, com que era casado desde 1982. Depois de muitas idas e vindas, Orzabal se casando em 2021 com a
escritora e fotografa Emily Rath. As coisas
voltando a andar nos eixos para o Tears
For Fears. Ao lado dos produtores Charlton
Pettus, Florian Reutters e Sacha Skarbek, “The Tipping Point” começa
a tomar forma.
NO SMALL THING: Abre os trabalhos com um tema que o TFF entende bem. O sentimento de perda de pessoas que fazem parte do nosso círculo familiar. Delicada e com referência à musica celta.
THE TIPPING POINT: ou traduzindo, “Ponto de Virada”. Ela representa isso para Curt e Roland. É o
momento de retorno definitivo da dupla, ratificando com um pop rock bem ao
estilo deles.
LONG, LONG, LONG TIME: Uma balada romântica com ares melancólicos.
BREAK THE MAN: Pop rock cheio de groove com ares de
rock progressivo que discute a relação do homem e da mulher com o mundo em que
vivemos. seja na vida pessoal e na profissional
MY DEMONS: Curt assume os vocais neste pop rock
anos 80 no melhor estilo TFF de ser.
RIVERS OF MERCY: tem grande influência de sir Elton John possui um discurso politizado citando movimentos como o Black Lives Matter.
PLEASE BE HAPPY: balada com mensagem positiva.
MASTER PLAN: Pop rock a la TFF
END OF NIGHT: canção potente com Roland soltando a voz como nos velhos
tempos. Ao mesmo tempo, o TFF aposta
em uma batida mais eletrônica juntamente com instrumentos orgânicos.
STAY: fechando os trabalhos com um tom confessional. Revisada e a letra relata um momento que Curt pensou em deixar o TTF definitivamente ou manter a parceria com Roland. Uma balada poderosa.
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