Os musicais no cinema criaram algo inovador e trouxe uma evolução musical. Além da chamada “trilha sonora musical original” como bem ouvimos nos clássicos “E O Vento Levou (1939)” feito por Max Steiner, “Psicose (1961)” composto por Bernard Herrman e a arrebatadora música do maestro John Williams para a saga “Star Wars”. Em meio a isso, os musicais chegaram com tudo na tela grande do cinema com “Desfile de Páscoa (1948)”, “Cantando na Chuva (1952)” e “Cabaret (1971)”. Mais recentemente o gênero ganhou novo folego com produções como “Moulin Rouge (2001)”, “Chicago (2002)”, o aclamado “La La Land: Cantando Estações (2016)” e “Tick, Tick ... Boom (2021)”.
Assim
uma das maiores produções da Broadway chegou à sétima arte. Estamos falando de
“West
Side Story”, por aqui ganhou o título “Amor Sublime Amor”. Com
música de Leornard Bernstein e
canções compostas por Stephen Sondheim,
a peça estreou em 1957 e ganhou sua versão cinematográfica em 1961 por Robert
Wise e o coreografo Jerome Robbins. Vencedor de 10 estatuetas do Oscar
incluindo Melhor Filme e Melhor Atriz Coadjuvante para Rita Moreno, que faz a
intrépida Anitta. Passados 50 anos, o mago Steven
Spielberg traz seu olhar para este mítico musical. De certo modo, um
projeto pessoal. Já que na infância ganhou dos pais o disco do musical e se
encantou com o que ouviu.
O
conto no melhor estilo Romeu & Julieta de William Shakespeare, traz o casal Tony, feito por Ansel Elgort (de “A Culpa É das Estrelas, 2014”), e Maria, com a estreante Rachel Zegler no papel, vivendo um amor
avassalador. Há um porém, ele possui descendência irlandesa e fez parte da gang
Jets, que cuida das coisas do bairro em que mora. Já ela é imigrante
porto-riquenha e veio aos EUA para morar com o irmão Bernardo (David Alvarez). Este lidera os Sharks,
bem como a ascendente comunidade local. Os conflitos entre os Jets e os Sharks
são frequentes e a animosidade crescente. Os imigrantes têm ganhado espaço e
força dentro do bairro. O que incomoda os irlandeses já que estão lá a mais
tempo e não desejam perder o que conquistaram.
Junto
a eles, temos Valentina, feita por Moreno,
dona da mercearia que Tony trabalha. Ela deseja que as duas comunidades se
entendam e finalmente a paz reine sobre eles. Mas a situação vivida por Tony
& Maria só acirram mais a rivalidade entre os Jets e Sharks. Sua melhor
amiga e namorada de Bernardo, Anitta (Ariana
DeBose), geniosa e de temperamento forte, lhe diz para seguir com sua vida.
Daí a trama recheada de referências sociais e culturais de “Amor Sublime Amor”.
Apesar da película de 1961 ser um dos maiores clássicos do gênero, ela se perde
no tempo, com o atual momento em que vivemos.
Tirando
a pandemia da Covid 19, a sociedade não está mais tão dividida quanto no
passado. A intolerância racial ainda está conosco, exemplificado na personagem
Anybodys feita por Iris Menas.
Homossexual e deseja ser membro dos Jets, mas devido a sua opção sexual é
rejeitada por eles e sempre colocada de lado. Ela é o olhar do publico para
acompanhar a história de Tony & Maria, bem como as suas consequências. O
ato final, a luta entre os Jets e os Sharks, com Tony tentando convencer a
todos que isso é erro e é preciso encontrar um meio para eles se entenderem.
Outro acerto é a escolha de um elenco jovem com representatividade, formado por
atores de origem latina na sua maioria e com experiência na Broadway. Destaque
para Mike Faist como Riff, melhor
amigo de Tony e atual líder dos Jets.
Sequencias como “America” saem dos telhados dos prédios para ganhar as ruas do bairro onde Ariana se mostra uma substituta à altura de Moreno. Esta se faz presente em “Somewhere”, é um deleite vê-la em cena e uma conexão à película de 1961. Agora como conselheira de Tony e uma atenta espectadora do que acontece no bairro. Spielberg aproveita para trazer os anos 50 de volta com a cenografia e o figurino que nos faz sentir naqueles tempos.
A
primorosa sequencia de abertura, só um cineasta como ele poderia realiza-la e nos
envolver nesta intensa história de amor. Ao lado de David
Newman, responsável pela adaptação musical, respeitou seu legado. Com Gustavo Dudamel regendo a
Orquestra Filarmônica de Los Angeles. O trabalho diretor de fotografia Janusz Kaminski, que trabalha com Steven desde “A Lista de Schindler (1993)”, é um espetáculo à parte. Tons pastéis
para representar os Jets e tons quentes (vermelho, amarelo e laranja) para
exibir toda a latinidade dos Sharks.
Comentários
Postar um comentário