O gênero terror nos últimos anos tem se reciclado fazendo uso de velhas formulas, onde a nostalgia ganha um novo status entre seus apreciadores. Exemplo recente é a saga “Invocação do Mal” e os filmes que fazem parte deste universo sobrenatural como “Annabelle” e “A Freira”. Junto a isso, a série televisiva “American Horror Story” que em sua última temporada homenageou os filmes de terror anos 80 como os cults “Sexta-Feira 13” e “A Hora do Pesadelo”. Somada a excepcional seriado Netflix “Stranger Things” que sempre teve um pezinho lá em suas três temporadas.
Aproveitando o embalo, o mesmo canal das redes sociais lançou a trilogia “Rua do Medo (Fear Street, 2021)”, baseado nos contos de R. L. Stine, o mesmo de “Goosebumps”. Como primeiro episódio temos “Rua do Medo Parte I: 1994 (Fear Street Part I: 1994)” que se passa numa cidade pequena do interior norte-americano chamada Shadyside. Ela é marcada pelos assassinatos brutais e mistérios que ocorrem por lá, seus moradores acreditam que isso ocorre devido a uma maldição da bruxa Sarah Fier. Onde ela foi torturada e morta em 1666.
Na tensa e claustrofóbica sequência de abertura dentro do shopping da cidade, uma jovem (Maya Hawke, a Robin de “Stranger Things”) é morta pelo seu melhor amigo estilo “Pânico”, franquia de terror Anos 90 onde o agressor se fantasia como “A Morte”. A referência se vale por causa da diretora e roteirista Leigh Janiak, que trabalhou no seriado televisivo que se baseou na franquia, “Scream (2015 a 2019)”. Estamos no chamado “ginásio” com Deena (Kiana Madeira) sofrendo com o fim de seu relacionamento com Sam (Olivia Scott Welch). Esta se mudou para a cidade vizinha Sunnyside.
Esta representa o lado dos mais afortunados dos EUA. Enquanto Shadyside, são os mais pobres. Há uma conotação com os nomes, “Shady” traduzindo é algo como sombrio. Já “Sunny” representa ensolarado. Voltando à história, Deena tenta seguir com sua rotina e a notícia sobre o ocorrido corre nos corredores de sua escola. Seu irmão caçula Josh (Benjamin Flores Jr.) pesquisa sobre o assunto e sabe tudo sobre a maldição que ronda Shadyside. Ao mesmo tempo, Kate (Julia Rehwald) e Simon (Fred Hechinger) tentam animar Deena. Num encontro que reuniu a todos das duas cidades, a rivalidade vem à tona.
Deena discuti com o atual namorado de Sam e eles se envolvem em um acidente na estrada que liga as cidades. Só se ferem, porem despertam o mal que aflige a todos. Sarah Fier está de volta e uma nova onda de assassinatos. Os jovens descobrem que o local do acidente é onde o corpo de Sarah foi enterrado e se você derramar uma gota de sangue em seus restos mortais, cria-se uma conexão. Você se torna sua próxima vítima. Onde mortos vivos retornam para cumprir a profecia. Neste caso, Sam. Assim Deena com seus amigos correm contra o tempo para acabar com a maldição. Assim temos o inicio da trilogia “Rua do Medo” e colada em sua segunda parte, “Rua do Medo Parte II: 1978 (Fear Street Part II: 1978, 2021)”.
Aqui temos uma breve explicação da primeira parte com a participação da única sobrevivente do massacre no acampamento Nightwing em 1978, Cindy Berman (Gillian Jacobs). Sendo a história da vez, com ela (Emily Rudd, em sua versão juvenil) e a irmã mais nova Ziggy (feita por Sadie Sink, a Max de “Stranger Things”). Cindy trabalha como monitora e namora o bonitão Tommy (McCabe Slye), enquanto Ziggy só arruma confusão em Nightwing. Sendo admirada de longe pelo monitor Nick Goode (Ted Sutherland), que mais tarde se tornaria o xerife local e investigando de perto os eventos ocorridos em “Rua do Medo Parte I: 1994”. Ele é interpretado por Ashley Zukerman.
A trama se torna mais complexa, pois sabemos mais sobre a maldição. Já que a enfermeira do acampamento, Mary Lane (Jordana Spiro), possui um diário relatando tudo sobre o assunto. A filha Ruby Lane (Jordyn DiNatale) foi uma de suas vítimas. E ele será de extrema importância para as irmãs Berman. Uma clara homenagem ao cultuado “Sexta-Feira 13” de 1980. Onde Tommy é posuído e começa a matança no acampamento no melhor estilo Jason Voorhees. O momento Slasher tem pegada forte em “Rua do Medo Parte II: 1974” e sem medo de ser feliz. Tommy ataca a todos com golpes de machado com gosto literalmente.
Em meio a isso, Deena e Josh estão com Cindy. Sam está possuída e presa no banheiro da casa dela, buscam meios para encerrar de vez com a maldição. Descobrimos a verdade dos fatos, Cindy é Ziggy. Ela foi salva por Nick e juntos assumiram que ela era sua irmã mais velha. Diz que precisam achar a mão de Sarah que foi decepada, coloca-la de volta aos ossos encontrados por Deena. Com esta sentindo na pele e nos preparando para a climática conclusão em “Rua do Medo Parte III: 1666 (Fear Street Parte III: 1666, 2021)”.
Agora temos a origem da maldição, estamos de volta ao condado que trouxe as duas cidades. Com Deena assumindo a personalidade de Sarah Fier, feita por Elizabeth Scopel. Pelas olhos dela, vê sua rotina. E sua amizade com a filha do pastor local, Hannah Miller com Sam (Welch) assumindo sua persona. Bem como outros habitantes o irmão Josh é Henry Fier (Flores Jr.) e Nick é seu tataravô Solomon Goode (Zukerman). Ela e Solomon possuem uma intimidade próxima de um casal, mas Sarah prefere manter a amizade que possuem. Em uma festa local, Sarah e Hannah se aproximam e o amor entre elas aflora.
Algo considerado um pecado mortal naqueles tempos. Foram vistos pelo fervoroso religioso Thomas (Slye). Que mais tarde as acusará de bruxaria. Junto a isso, eventos macabros começam a ocorrer como o surto do pastor e pai Hannah, Cyrus (Michael Chandler). Onde ele matou crianças dentro da própria igreja. Assim, as meninas são presas. Sarah consegue fugir e busca ajuda de Solomon. Porem descobre uma triste verdade: Ele é o responsável pelo o que está acontecendo. Ele roubou o diário da ermitã e viúva Mary (Spiro), de posse dele faz um pacto com o Diabo. Onde consegue tudo o que deseja, vendendo sua alma e os habitantes da cidade.
Assim temos o fechamento de “Rua do Medo”, com Deena sabendo o que houve e encontrando um meio de acabar com a maldição definitivamente. Sendo o descendente de Solomon, Nick, a continuidade da mesma e é necessário elimina-lo. Pegando emprestada a pegada independente do indie “A Bruxa de Blair (1999)” e o tom sombrio de “A Bruxa (2016)”, Leigh Janiak traz aquele velho ditado “O que você faz no passado determina seu futuro”, com Solomon se beneficiando, garantindo que seu legado para os descendentes está garantido. Com um porem: é preciso sacrificar outros para isso acontecer.
Uma reflexão
da nossa sociedade, onde pessoas ambiciosas só visam a si próprio. Sem se
preocupar seu próximo. No caso a cidade
de Shadyside. É preciso que jovens como Deena se unir a seus pares para lutar
contra isso. Somada ao sobrenatural com Sarah amaldiçoando Solomon e sua família:
“Eu te assombrarei eternamente”. E ainda
trazer o publico LGBTQIA+ com a forte ligação entre Deena e Sam, que vai além do
tempo e do espaço. Um dos maiores acertos da trilogia para acompanhar a jornada delas temos grandes hits dos anos 90 como "Live Forever" do Oasis", "Self Esteem" do Offspring e a versão unplugged do Nirvana para "The Man Who Sold the World" de David Bowie.
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