Quando foi questionado aos 91 anos de idade, o mítico cowboy Clint Eastwood comentou sobre uma possível aposentadoria: “Acho que não. Estou sempre pensando no próximo filme que quero fazer. Ainda amo pegar a ideia de alguém, um livro ou uma peça, e desenvolvê-la da minha forma. Talvez algumas outras pessoas gostem de fazer um par de filmes e depois se aposentar, e isso é ótimo. Talvez elas tenham alguma outra coisa para fazer. Eu não tenho. Amo filmes, e amo fazê-los”. Descartada, completou: “Um dos prazeres deste ramo é que você sempre pode olhar para as coisas por um ângulo diferente. Eu vejo o mundo de uma maneira distinta da que via quando tinha 30 anos de idade. Você muda, expande seus pensamentos, reavalia o que fez no passado. É divertido explorar isso no cinema”.
Com isso dito, Eastwood nos traz seu novo filme, “Cry Macho: O Caminho Para Redenção (Cry Macho, 2021)”. Mais uma vez produzido e dirigido por ele, sendo o protagonista como da última vez em “A Mula” de 2018. Agora ele é o aposentado endividado cowboy de rodeio Mike Milo que aceita escoltar o filho mexicano Rafo (Eduardo Minett) de seu ex-patrão Howard Polk, feito pelo cantor country Dwight Yoakam, do México para a terra do tio Sam. O problema é a fronteira entre os dois países. Já que a imigração é bem controlada por lá. Estamos no inicio dos anos 80. Assim os dois precisam passar por vários caminhos alternativos para chegarem ao seu destino.
Atravessando a zona rural do México até chegar à sua cidade natal, Texas. A película é baseada no best seller de mesmo nome do escritor N.Richard Nash de 1975 e adaptado por Nick Schenck, que trabalhou com Clint em “Gran Torino (2008)” e “A Mula”. Este se dedicou em uma adaptação feita pelo próprio Nash, que veio a falecer em 2000. E seu nome foi colocado nos créditos com grande destaque. Eastwood não se envergonha com a idade e exibe com naturalidade que o passar do tempo, não deixa de ser menos cascudo do sempre foi e é. Mas que lá no fundo é uma pessoa com sentidos e amargurada pela perda de entes queridos. No caso, a esposa e o filho que faleceram em um acidente de carro.
Aqui Clint como um velho cowboy cansa da vida e de si. Que aceita o pedido de seu patrão e ao mesmo tempo, quitar uma divida pessoal entre eles. Ao conhecer Rafo, vai percebendo que todos os percalços sofridos o levaram para esta jornada pessoal. Onde sem querer, reflete os erros e os acertos, como isso o moldou a ser quem é. De estrela do mundo dos rodeios e hoje uma pessoa da terceira idade sem grandes perspectivas. Ele e Rafo desenvolvem uma relação de pai e filho, algo que faltou para ambos.
A perda repentina da família e o abandono de Howard respectivamente. Juntos, descobrem que a vida pode lhe aprontar boas e agradáveis surpresas. No caso, Rafo cria a expectativa de ter um pai realmente com Howard. Já tanto ele quanto a mãe não representam isso. E Mike encontrando em um pequeno vilarejo do México, a redenção de uma vida calcada pelos excessos com álcool e perdas que o deixaram amargo. Enxergando uma luz no fim do túnel, muito bem ilustrada na tocante cena final da película.
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