Com o jargão “Vocês Querem O Melhor, Vocês Terão O Melhor! A Banda Mais Quente do Mundo, KISS!”, um pedaço da história do rock estava sendo escrito. Um dos maiores grupos do gênero estava deixando sua marca. Estamos falando da banda formada na cidade de Nova York, KISS. Com Gene Simmons (vocais e contrabaixo), Paul Stanley (vocais e guitarra), Peter Criss (bateria e vocais) e Ace Frehley (guitarra solo e vocais), juntos deixaram um legado musical como pouquíssimos artistas conseguiram. O que os marcou foi a maquiagem que usavam dentro e fora dos palcos.
Stanley como Starchild; Simmons é The Demon; Ace, The Spaceman / Space Ace e Criss, Catman. Lembrando personagens das histórias em quadrinhos, mesclando o visual do glam rock de David Bowie e suas origens musicais da Big Apple. Como Jimi Hendrix, Led Zeppelin, Alice Cooper e o Camaleão do Rock por exemplo. Trazendo o mais puro rock’n’roll e uma estratégia que traria os resultados desejados após o lançamento de um dos maiores e melhores álbuns ao vivo gravado por um artista. No caso, “Alive”. Que saiu em setembro de 1975 e os transformou nas maiores estrelas do rock daqueles tempos.
O
resto é história, assim temos o documentário “KISSTORY (2021)” dirigido
por DJ Viola e produzido por Gene & Paul. Para celebrar os 50
anos de existência do KISS. Sendo
considerado pelos próprios como o filme definitivo sobre a história deles. Já estão
se preparando para realizar uma turnê que encerra as atividades da banda. Ela
começaria em 2020, mas devido à pandemia da Covid 19, teve que ser adiada. Logo
no início do documentário, somos alertados que Ace e Peter não
aceitaram participar dele e não concordam com o que foi relatado. Assim suas
declarações e imagens são de arquivos. Relacionados ao material oficial do KISS e/ou entrevistas dadas para a
televisão, rádio e jornais.
Gene e Paul se abrem na frente das câmeras para nos brindar sobre a visão deles dos altos e baixos na jornada do KISS. Ambos são judeus, Gene “The Demon” Simmons é o nome artístico de Chaim Witz. Ele veio com a mãe para Nova York aos nove anos. Nascido em Israel. Moravam no bairro do Queens e não tardaria para conhecer aquele que seria seu parceiro musical e de vida, Stanley Eisen. Mais popularmente conhecido como Paul “Starchild” Stanley.
Assim como Gene, possui descendência
judia. Ambos falam do preconceito vivido na infância e a doença de Paul, a microtia. Um defeito de
nascença, onde não possui a orelha direita. Esta tem um conto bem legal sobre a
relação de Paul e Gene. Ele realizou uma cirurgia para
reconstruí-la em 1982. Ligou para Simmons
e falar a respeito. Este pegou um teco-teco (vulgo: avião bimotor), foi visitar
o amigo no hospital e dar o chamado apoio moral. Nas palavras de Stanley, foi quando ele percebeu que
tinham e possuem a “verdadeira amizade”.
Junto
a isso, a primeira vez que tocaram juntos e criaram o embrião que mais tarde se
tornaria o KISS que bem conhecemos, o Wicked Lester. Com o pouco dinheiro que
ganhavam nos shows, eles reservavam sessões no estúdio de Jimi Hendrix,
Electric Lady Studios. Aguardando sua vez, onde chegavam a esperar sete horas,
viram passar por eles o próprio Hendrix, Alice Cooper, Bob Dylan e Frank Zappa
por exemplo. Eles pressentiram que tinham que evoluir. As coisas não estavam
caminhando como imaginavam. Assim recrutaram Peter Criss. Baterista experiente que tocou com vários grupos em NY
e era musico de estúdio nas horas vagas. E através de um anuncio de jornal
conheceram um jovem Ace Frehley. Que
chamou atenção imediata de Paul, o
vendo como o musico perfeito para o KISS,
após várias audições.
Com o grupo formado, Paul, Gene, Ace e Peter buscavam alcançar a fama. Por isso o conceito da maquiagem surgiu após Gene assistir a um show dos New York Dolls. Os três primeiros álbuns tiveram uma boa repercussão, mas não venderam o esperado. Foi chamado o engenheiro de som Eddie Kramer para ajuda-los a se aprimorarem musicalmente e conhecerem as nuances de se gravar um disco em um estúdio de primeira linha. Assim sabemos como “Alive I” se tornou um dos grandes álbuns gravados ao vivo de todos os tempos. Eddie falando sobre overdubs utilizados para melhorar a gravações.
No caso, “limpar o som”, tirando imperfeições sonoras como ruídos, graves, agudos e gafes dos músicos quando estão tocando. Mesmo assim valorizando sucesso do KISS como “Deuce”, “Strutter” e o maior deles, “Rock and Roll All Nite”. A caminhada para o sucesso estava apenas começando. O KISS se tornou mundialmente conhecido e aí os excessos com álcool e drogas também se iniciam. Por parte de Ace e Peter. Pela formação de Gene e Paul, isso não ocorreu. Tanto o primeiro até não entende como isso aconteceu e acontece ate hoje. Seja com Criss e Frehley, e há outros que fazem e/ou faziam do seu circulo social. Com a fama e a fortuna, a amizade deles começa a ruir.
Isso foi acentuado com a gravação do melhor disco gravado por eles, o mítico “Destroyer (1976)”. Produzido por Bob Ezrin, conhecido por trabalhos com Lou Reed (“Berlim, 1973”) e Alice Cooper (“Welcome to my Nightmare, 1975”), um dos grandes nomes do ramo. Nas palavras de Paul, um viciado em cocaína que trabalha incansavelmente e que trazia bons resultados. Um grande exemplo, a balada das baladas "Beth" de Criss, que antes se chamava "Beck". Sugestão de Ezrin, eles não podiam ter uma canção relacionada à Jeff Beck.
Com Peter e Ace dominados pelo vicio, faz com que
primeiro seja demitido. E substituído por Eric
Carr. Talentoso baterista, antes de entrar para o grupo consertava fogões. A
química entre eles é imediata, porem os fãs tiveram dificuldades em aceita-lo no
lugar do Homem-Gato. A maquiagem de Carr
era “A Raposa (The Fox)”. Enquanto isso, Ace cada vez mais afundado no álcool,
sai da banda sem maiores explicações. No seu lugar foi chamado Vinnie Vincent, assume a persona “The Ankh Warrior”.
Apesar de Ace estar na arte promocional e nos créditos de “Creatures of the Night (1982)”, foi Vincent que gravou as guitarras do disco. Com a popularidade do KISS em baixa, eles resolvem acabar com o mistério e mostrar seus rostos em 1983. Com “Lick it Up”, o KISS entrava de cabeça no chamado “Hair Metal” com Bon Jovi e Motley Crue, à frente do movimento. Acaba ficando no ostracismo, Gene resolve encarar um novo desafio, atuar em filmes. Fazendo com o amigo de longa data Paul se sinta traído a respeito. Percebem que poderia ser o fim do sonho de ambos. Isso foi agravado com a difícil substituição de Ace.
Vincent só ficou até “Lick it Up”, sendo demitido por brigas pelos direitos autorais e cansado dos desmandos de Gene. Mark St. John veio para seu lugar e gravou “Animalize (1984)”, ficou menos tempo ainda. Devido a uma artrite que inchava suas mãos e braços que o impossibilitavam de tocar. Foi à deixa para Bruce Kullick assumir o posto e ficar até 1996. Com o grunge em crescimento, foi o momento certo para o KISS voltar a ser como era nos anos 70.
A primeira
convenção organizada pelos fãs da banda, no melhor estilo CCXP, em 1995. Foi onde o
inesperado acontece, o reencontro de Peter
e mais tarde Ace com seus
companheiros de banda. Somado ao convite da MTV para o programa Unplugged. Daí surge a ideia para uma turnê que celebrava este encontro com a “Reunion Tour” em 1996. Que mais tarde
geraria o primeiro disco gravado com a formação original, “Psycho Circus (1998)”. Algo que não ocorria desde “Dynasty (1979)”. Em meio a isso, duas tragédias
ocorreram no grupo. A morte por câncer no coração de Eric Carr em 1991 e a saída súbita de seu substituto Eric Singer e Kullick. Algo não só incomodou os dois, já que Gene e Paul reconhecem o
valor deles quando tocavam juntos.
Apesar do grande sucesso da empreitada, a animosidade de outrora hora volta com força. Como donos da marca KISS, Gene e Paul recebem mais por isso. Já Peter e Ace, apesar de membros originais, são contratados agora e nada mais. Mesmo assim, Criss descontente com a situação, se recusa a participar da parte final da turnê na Austrália e no Japão. Onde o próprio Stanley foi conversar a respeito e recebeu um sonoro “não”. Foi o momento para Singer voltar e assumir o posto de vez. Já Ace retoma o vicio em drogas e álcool, deixando todos em alerta.
Atrasado para um show e Tommy Thayer, um fã de longa data do KISS, é o gerente das turnês e é chamado para substitui-lo na ultima hora. Ele foi guitarrista da banda hard rock “Black’n‘Blue” nos anos 80 e teve seu disco “Nasty Nasty (1986)” produzido por Simmons. Frehley chegou aos 45 minutos do segundo tempo e viu Tommy com sua roupa e maquiagem. Ao invés de surtar, apenas lhe desejou boa sorte e saiu pela porta que entrou. Assim a história continua com Gene & Paul ao lado de Tommy e Eric seguindo com o legado do KISS. Eles reconhecem o valor de Ace e Peter, senão fossem com eles não chegariam tão longe. Nas palavras deles, os fãs que são sua força motriz. Sendo o que são por causa da devoção deles. O foo fighter Dave Grohl e o guitar hero Tom Morello dão seus depoimentos como grandes fãs do KISS.
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