Na última
quarta-feira (14 de abril de 2021), o consultor financeiro e investidor Bernie
Madoff faleceu em uma prisão federal nos Estados Unidos, aos 82 anos. Ele ficou
mundialmente conhecido por ter criado o maior esquema de Pirâmide da história
das finanças, que ganhou o nome de Ponzi. Onde fraudou empresas, pessoas comuns
e ele próprio, pois a coisa tomou proporções gigantescas. Todos queriam uma “fatia do bolo” por assim dizer. Bernie envolveu indiretamente sua
mulher Ruth e seus filhos, assim que a fraude foi descoberta, a ruptura
familiar era inevitável. Assim tivemos o livro “O Mago das Mentiras: Bernie Madoff e a História da Maior Fraude de
Todos os Tempos” escrito por Diane
B. Henriques. Ela entrevistou mais de cem pessoas e o próprio, onde as
primeiras foram realizadas, logo depois que ele foi preso.
Daí um salto para sua adaptação. No caso, a HBO comprou os direitos e lançou “O Mago das Mentiras (The Wizard of Lies, 2017)”. Para ser Bernie temos o icone Robert De Niro e como Ruth temos a musa dos anos 80 Michelle Pfeiffer. Dirigido por Barry Levinson, vencedor do Oscar de Melhor Diretor pelo drama “Rain Man (1988)” estrelado por Dustin Hoffman e Tom Cruise. E conhecido por ter realizado “Bom Dia Vietnã (1987)” e “Sleepers: Vingança Adormecida (1996)”. Já havia trabalhado com De Niro em “Sleepers” e “Mera Coincidência (1997)”. Retomam a parceria para nos contar em detalhes o esquema pensado por Bernie para enriquecer rapidamente e assim lhe proporcionar a desejada estabilidade financeira, bem como para sua família.
Intercalando sua história com as entrevistas dadas à Diane, interpretando ela mesma. Bernie revela com toda tranquilidade do mundo que tudo começou de forma descomprometida. Na década de 60, fundou a “Bernard L. Madoff Investiments Securities LLC”, e participou da montagem da Nasdaq, uma das bolsas de valores nos EUA. Assim teve acesso às informações privilegiadas dentro do mercado financeiro. Daí a ideia para falar com seus clientes sobre um investimento num fundo imaginário para fácil enriquecimento. Em meio a isso, o esquema se mostrou muito vantajoso. Aos poucos, seus principais investidores o estavam indicando para outras pessoas. Da noite para o dia, o escritório de Bernie recebia ligações de hora em hora para informações e admissão de novos clientes.
O investimento estava crescendo, Bernie envolveu a família de um jeito em que não sabiam realmente o que estava acontecendo. Ruth falou para amigas próximas indica-lo aos seus maridos e seus amantes, que seria a oportunidade perfeita para ter o dito “conforto financeiro”. Quanto aos filhos, em especial o mais velho Mark (Alessandro Nivola, “Desobediência, 2017”) foi ajudá-lo na manutenção dos clientes. O mais novo, Andrew (Nathan Darrow), também trabalhava na firma e ficava de olho na movimentação. Mas daí vem a crise financeira dos EUA em 2008 e o esquema começa a ruir. Como naquele velho ditado “O que vem fácil, vai fácil”.
Destaque para o braço direito de Bernie, Frank Dispascali. Interpretado por Hank Azaria (o Gargamel da franquia azul “Os Smurfs”). Escondido em um andar secreto do prédio, ele tinha todo o controle sobre as operações financeiras da firma. Seus códigos e suas anotações só ele e Bernie entendiam como funcionava sua mecânica. Quando os oficiais de justiça e do tesouro o encontraram, não conseguiam compreender os números e sua sistemática, assim Frank se tornou peça essencial para a solução do quebra cabeça criado por ele e Bernie.
Como num
castelo de cartas, todo império de Bernie começa a cair e a verdade vem à tona.
Ruth e os filhos desacreditam do fato. E pior, a mesma tranquilidade com que dá
a entrevista na prisão, ela é vista diante da família reunida no seu escritório
dentro da firma, ao explicar que tudo é verdade. Toda riqueza da família foi
base numa mentira que prejudicam várias pessoas. Empresas foram fechadas e
empreendimentos cancelados. Assim temos trama para “O Mago das Mentiras”.
Com De Niro de volta à um grande papel. Interpretando uma pessoa inescrupuloso e ao mesmo tempo, carismática. Convencendo todos à sua volta, criando a imagem de boa índole. Quando na verdade não media as consequências de seus atos. Obsessivo por controle, não se preocupava com o impacto disso sua família e naqueles que investiam no fundo sem saber no que realmente estava fazendo. Pfeiffer está ótima como a esposa perfeita que vê seu mundo “cair” literalmente com as revelações de Bernie. Humor, dor e raiva na medida certa. Hank está excelente e Alessandro, traz a toda fragilidade e a sensibilidade de Mark, como sendo a pessoa mais impactado com os planos do pai.
Barry faz um trabalho primoroso ao explicar com riqueza de detalhes a Pirâmide Ponzi de Bernie. Ao utilizar os termos financeiros que o caracterizam e deixando bem claro para o espectador seu funcionamento. Mesmo que isso cause certa dúvida momentânea, ao longo do filme o termo é retomado. Maiores esclarecimentos são dados. Vemos como funciona os bastidores do mundo do Wall Street, bem vistos na saga de Gordon Gekko em “Wall Street: Poder e Cobiça (1987)” e “Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme (2010)”, “Margin Call: O Dia Antes do Fim (2011)”, “Lobo de Wall Street (2013)” de Martin Scorsese com Leonardo Di Caprio e “A Grande Aposta (2015)”.
Comentários
Postar um comentário