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"MEU PAI", sir Anthony Hopkins

 

A vida sempre nos prega peças. Seja do lado bom, seja do lado ruim. Cada um de nós de seu jeito para vive-la intensamente, até que chega o momento que ninguém está preparado, a chamada “terceira idade”. Ficando a dúvida no ar: Como estaremos quando chegarmos lá? A disposição física já não vai ser a mesma e a maior preocupação, a nossa sanidade mental. A grande maioria consegue viver sozinha, sem o auxílio de familiares. Já uma parte que tem as conhecidas “conformidades” tipo insuficiência respiratório ou cardíaca podem necessitar de um cuidador no seu dia a dia. E na maioria das vezes, é colocado em uma casa de repouso pelos responsáveis. Bem como aqueles que são acometidos pelo mal de Alhzeimer, onde suas faculdades mentais já se perdem no espaço e no tempo.

É assim que chegamos ao novo trabalho de sir Anthony Hopkins, conhecido mundialmente como dr. Hannibal “Cannibal” Lecter de “O Silêncio dos Inocentes (1991)”, pelo qual ganhou o Oscar de Melhor Ator daquele ano.  Agora é um idoso Anthony que atualmente vive com a filha Anne (Olivia Colman, Oscar de Melhor Atriz por “A Favorita, 2018”). Isso ocorre porque ele já não consegue fazer suas coisas em seu apartamento, por causa da idade e tem recorrentes lapsos de memória. Ela está preocupada pois está de mudança para Paris. Assim precisa contratar alguém para ficar com ele durante o dia e a noite. 


O problema é que ele não aprova nenhuma das candidatas trazidas por Anne. Se tornando um inconveniente para ela, já que está saindo de Londres para viver com uma pessoa fora do país. A rotina de ambos é bem atribulada. Já que Anthony pensa que está morando em seu apartamento quando na verdade está no da filha. A confunde com outras pessoas, como a futura cuidadora, seja Laura (Imogen Poots) seja Catherine (Olivia Williams), com Anne. O mesmo ocorre com o namorado dela, Paul. Aqui feito por Rufus Sewell e Mark Gatiss (o Mycroft Holmes do seriado britânico “Sherlock, 2010 a 2017”). Este último fica a dúvida se é alguém que ele conheceu recentemente ou fruto de sua imaginação.

Assim temos a rotina vivida por Anthony e Anne em “Meu Pai (The Father, 2020)”. Dirigido por teatrólogo Florian Keller e é baseada na sua peça teatral adaptada por ele e o roteirista Christopher Hampton (Oscar de Melhor Roteiro Adaptado pelo cult “Ligações Perigosas, 1988)” para o cinema. Aqui Florian traz a ótica de uma pessoa que está sofrendo de Alhzeimer e tem todo seu cotidiano alterado por causa disso. Onde a memória já não é mais a mesma, lhe pregando peças. Confundindo as conversas que tem com a filha e ao mesmo tempo, a confunde constantemente com outra pessoa. Por exemplo, quando Anne diz que vai mudar para Paris e não tem mais como ficar ao seu lado. Anthony esquece a conversa e acredita que a filha vai cuidar dele até sua morte. E a cuidadora, ele enxerga uma semelhança com a outra filha, Lucy. Que também é feita por Imogen.


A edição da película traz uma contribuição muito grande para a confusão mental passada por Anthony. Onde seu apartamento e da filha se assemelham na arquitetura interna. A diferença que seus objetos e sua mobília são alterados a cada cena. Um bom exemplo é o quadro pintado por Lucy, pendurado sobre sua lareira, o admira todo dia. O problema que não está mais em sua moradia, e sim da filha. Fica perturbado por isso e constantemente perde seu relógio. Onde se enfurece e diz que foi roubado. Quando na verdade está sob a cômoda ao lado da sua cama ou guardado em uma caixa. 


Meu Pai” é um filme onde os pequenos detalhes dizem muito. Por exemplo, a janela do quarto de Anthony é de frente à esquina da rua, pensando que está em seu apartamento. Quando na verdade não está. A performance de Anthony Hopkins contribui para isso. Ele nos oferece a perspectiva de uma pessoa que está perdendo a noção de tempo e já não pode confiar em sua memória. E a pouco sensatez que ainda possui, sente toda a angustia da filha em tentar ajuda-lo. Isso é exemplificado no seu emocionante ato final, ao despertar e olha pela janela, enxerga um parque. Por isso se desespera.

Não está morando mais com a filha, que já está em Paris, e sim em uma casa de repouso. Sendo cuidado pela enfermeira Catherine (Williams) e o auxiliar Bill (Gatiss). Eles são exemplos do atual estado mental de Anthony. Colman está perfeita em transmitir toda a dor de uma filha que tenta deixar tudo o mais confortável possível para o pai. É visível um certo ressentimento por parte dela, já que Anthony deixando bem claro que ama mais Lucy do que Anne. 


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