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A "ALMA DE COWBOY" de Idris Elba & Caleb McLaughlin

Quando lemos a palavra Cowboy, o que vem na mente são os filmes de John Wayne e Clint Eastwood como “Rastros de Ódio (1956)” e “Os Imperdoáveis (1992)” respectivamente. Neste caso, a regra muda ligeiramente. Estamos falando da nova produção do canal das redes sociais Netflix, “Alma de Cowboy (Concrete Cowboy, 2021)”. Disponibilizado recentemente, ele é baseado no livro “Ghetto Cowboy” de Greg Neri, onde temos uma pequena sociedade afro-americana local na cidade da Filadélfia (EUA), onde vivem como os cowboys de antigamente. Em meio ao concreto dos arranha céus e uma maioria branca que os despreza, que os coloca à margem da sociedade.

Adaptado pelo diretor estreante Ricky Staub ao lado do roteirista Dan Walser, eles nos trazem o jovem problemático Cole, feito por Caleb McLaughin (o Lucas da cultuada serie Netflix “Stranger Things”), que após várias brigas no colégio que estudava acaba sendo expulso. A mãe sem alternativas e desesperada, o leva para viver com o pai Harp (o Heimdall Idris Elba). Saindo da sua cidade Detroit e indo morar na Filadélfia. O choque cultural é arrebatador para Cole, já que não possui uma boa relação com Harp. Em meio ao caos urbano, o bairro tem uma rotina como se estivesse no velho oeste. A população da comunidade vive de modo rustico em meio ao tráfico de drogas. 


Lá reencontra um velho amigo de infância Smush (Jharrel Jerome), este trabalha para o traficante do bairro e mostra a Cole sua rotina diária. Pequenos furtos, vendas de entorpecentes e curtir a vida como se não houvesse amanhã. Porém o embate entre Cole e Harp é implacável. Ao entrar na casa dele, vê um cavalo onde seria a sala de estar. Logo em seguida, os dois trocarem olhares acirrados como dois pistoleiros num duelo na rua principal da cidade.

Tem dificuldade para aceitar sua atual situação, é avisado pelo pai se continuar ao lado de Smush, vai morar na rua. Também não é aceito pela mãe de seu amigo, perdido nas ruas de Fletcher Street. Resolve invadir um dos estábulos para não dormir na rua e lá encontra Boo. Um cavalo indomável que conquista sua atenção. Bem como a dele. Assim com o auxílio de Nessie (Lorraine Toussaint), vizinha e amigo de Harp, consegue um emprego no estabulo. Limpeza e tirar as fezes dos cavalos, assim vai conhecendo a rotina de seus moradores. 


Ao final do dia, estão todos reunidos na praça tomando cerveja, fazendo um churrasco e jogando conversa afora noite adentro. Lembrando como eram os tempos dos cowboys no velho oeste. E como a sociedade branca os apagou da história. O tempo passou, mesmo assim vivem seus dias como seus antepassados. Cercados pelo concreto e ameaçados constantemente, já que os cidadãos que vivem no seu entorno não os aprovam. Buscando meios de acabar com eles. Aos poucos Cole vai cedendo, percebendo que o estilo de vida do pai e de seus novos amigos o estão ajudando a amadurecer. 

Daí o mote para “Alma de Cowboy”. Com Ricky trazendo uma realidade pouco conhecido do grande público dentro da terra do Tio Sam. Em pleno século XXI, a cultura dos velhos cowboys ainda vive. Em especial nos afro-americanos. Não ficando restrito aos texanos. Afinal de contas, estamos na Filadélfia, cidade do eterno campeão de boxe Rocky Balboa. Exibindo um retrato onde o preconceito racial continua muito forte. Juntos, pai e filho lutam pela sobrevivência de seu modo de vida.  A atuação de Idris & Caleb são a força motriz da película. Em especial, o jovem ator de “Stranger Things”, exibe uma maturidade em cena. Elba como a competência de sempre faz um personagem casca-grossa mas que se preocupa com o futuro do filho.  Aprendendo a lidar com a presença dele no seu dia a dia e tentando ser um bom pai.

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