Para um
músico, ter uma boa audição para se escutar e ouvir o que rola ao seu redor é
primordial. Só assim ele conseguirá compor e tocar o que deseja. Há casos
excepcionais que a percam naturalmente ou no caso do guitar hero Pete Townshend
do The Who, que sofre com a perda gradativa da audição. Isso devido pelo volume
máximo que tocava sua guitarra ao lado de seus parceiros de banda nas
apresentações ao vivo. Bem como, não usava o protetor de ouvido. E o uso
constante de fones quando estava em estúdio gravando. Assim chegamos a “Sound of Metal (2020)”, que por aqui ganhou o título de “O Som
do Silêncio”.
Uma boa tradução que representa o conto do jovem baterista Ruben Stone, feito por Riz Ahmed (o piloto Bodhi Book de “Rogue One: Uma História Star Wars, 2016”) que tem uma banda de metal com a namorada Lou (Olivia Cooke de “Jogador Nº 1, 2018”). Após um ensaio e prestes a sair em turnê, ignorando o fato que está perdendo parte da audição. Isso está comprometendo diretamente na sua performance de palco. Isso se deve ao som extremamente alto que tocam nos shows. Vai até o médico e este lhe diz que isso é algo definitivo, com o passar do tempo, Ruben deve ficar surdo.
Assustado e negando, busca modos de manter seu estilo de vida e sua relação com Lou. Ela está preocupada, pedindo a Ruben se inscrever em uma instituição que cuida de pessoas como eles. Conversando com o responsável pelo local, Joe (Paul Raci), que lhe diz para abrir seus horizontes para um novo mundo e jeito de viver. Além de aprender a linguagem de sinais, a se aceitar como está e ver isso não como um empecilho para seguir em frente. A condição de saúde que se encontra no momento, não precisa ser consertada. É necessário que Ruben se adapte a ela. Que pode ser feliz desse jeito, assim como era antes.
Assim temos o mote para “The Sound of Metal”. Escrito por Derek Cianfrance, Abraham & Darius Marder e dirigido pelo ultimo. Nos mostram uma realidade pouco conhecida do grande público, as pessoas com deficiência auditiva. Além daqueles que nascem com isso, temos outras a perdem com o passar do tempo. Isso porque nasceram com os cinco sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato). Aqui Riz exemplifica de forma visceral sua raiva e sua frustação com o ocorrido. E tendo ao seu lado Joe, ele consegue enxergar uma luz no fim do túnel para sua atual condição de vida. Não caindo de vez do mundo das drogas e do álcool, já que foi dependente químico.
Darius em tons pasteis nos traz o cotidiano vivido por Ruben. Como se estivéssemos no show do grupo de Ruben e Lou, exibindo o antes e o pós. O êxtase e a exaustão total. Onde tudo conhecia ganha novos contornos e é preciso enxergar a beleza nisso, ao invés de ver só a escuridão. Junto a isso, novas paisagens com riqueza de detalhes. Seguindo a ideologia rock’n’roll “Ouvindo no máximo volume” com cada passo dado por Ruben, o som ao seu redor vai se tornando mais silencioso. E um novo mundo se abre tanto para ele quanto para aqueles que estão acompanhando sua nova jornada.
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