Martin Scorsese é um dos maiores cineastas da sua geração. Ao lado de Steven Spielberg, George Lucas, Brian De Palma e Francis Ford Coppola, que revolucionaram a indústria cinematográfica cada qual com seu estilo único. Spielberg com seu olhar apurado criou o termo “Blockbuster”, filmes que estouraram nas bilheterias como o suspense “Tubarão (1975)”; Lucas com a opera espacial “Star Wars”; De Palma se tornou o novo mestre do suspense com “Carrie: A Estranha (1976)” e Coppola apresentou a Máfia para o cinema com “O Poderoso Chefão”. Já Scorsese mostrou a crueldade de quem vive nas ruas de sua cidade natal, Nova York, como em “Taxi Driver (1976)”.
E assim como Coppola trouxe um olhar visceral do cotidiano da máfia em filmes como “Os Bons Companheiros (1990)”, “Cassino (1995)” e “O Irlandês (2019)”. Para isso teve como referencia, mestres do cinema como ele. Entre os quais temos Roberto Rosselini, Vittorio Di Sica, Luchino Visconti, Michelangelo Antonioni e Frederico Fellini a nata do cinema italiano. Bem como Vincent Minelli, Samuel Fuller, Alfred Hitchcock, Frank Capra, John Ford, Howard Hawks, Cecil B. DeMille, Elias Kazan, Billy Wilder, Charles Chaplin, Orson Welles e Stanley Kubrick. Para prestar um tributo a todos, realizou dois documentários: “A Personal Journey with Martin Scorsese through the American Movies” em 1995 e “Minha Viagem à Itália” de 1999. Cada um exemplifica sua paixão pelo cinema através do olhar dos citados anteriormente. E como isso o influencia até hoje.
Convidado pelo British Film Institute, ele realizou o documentário “A Personal Journey with Martin Scorsese through the American Movies” para celebrar os 100 anos do Cinema. Fazendo uma análise profunda de filmes como “Cidadão Kane (1941)”, “Os Dez Mandamentos (1956)”, “Um Corpo que Cai (1958)” e “Bonnie & Clyde: Uma Rajada de Balas (1967)” de Arthur Penn. Ele dividiu em três partes: Parte I: Diretor como contador de histórias; Parte II: Diretor como ilusionista e Diretor como malandro; Parte III: Diretor como Ícone.
Assim ele pode esmiuçar filmes que foram poucos vistos pelo grande público como “The Birth of a Nation (1915)” de D.W. Griffith, a primeira versão de DeMille para “Os Dez Mandamentos” de 1923, “Scarface (1932)” de Howard Hawks e a influência do pai, um apaixonado pelos filmes do velho oeste. Isso é exemplificado com “Rastros do Ódio (1956)” de John Ford. A história do cinema se confunde com a dele, como a transição do cinema mudo para o sonoro com o som dolby stereo. Juntamente com o avanço tecnológico, contando com depoimentos de George Lucas e Francis Ford Coppola a respeito. Literalmente Scorsese em parceria com Michael Henry Wilson, que também escreveu o roteiro, nos dão uma aula sobre sétima arte na terra do tio Sam.
Em 1999, Scorsese vai em busca de suas origens em “Minha Viagem à Itália (My Voyage to Italy)”. De descendência italiana, morando em Little Italy na cidade de Nova York, bairro conhecido por ser praticamente um reduto italiano nos EUA. Nos traz um retrato das dificuldades vividas na infância e na adolescência ao lado da família. Para fugir desta realidade, assistia na televisão de casa, filmes de sua terra natal e se imaginava lá, vivendo melhor. Isso foi um dos fatores que o impulsionaram na carreira como cineasta.
Tendo como base a trilogia de
Roberto Rosselini, “Roma Cidade Aberta
(1945)”, “Paisá (1946)” e “Alemanha Ano Zero (1947)”.
Vittorio Di Sica é lembrado pelo seu antológico “Ladroes de Bicicleta (1948)”, mas aqui quem ganha destaque é “Umberto D (1952)”, onde Scorsese discorre sobre a sequência em que o velhinho tenta se livrar do seu cão e por isso sofre profundamente. Explica sobre a importância de Charles Chaplin para o que estamos vendo. Gestos e olhares valem mais do que palavras. Luchino Visconti é citado com “Sedução da Carne (Senso, 1954)”, vemos uma nobre casada se apaixonando por um tenente do exército e até onde ela pode chegar para conquista-lo. No caso, a perda de sua dignidade.
Fellini de tantas obras-primas como “As Noites de Cabiria (1957)”, “A Doce Vida (1960)” e “Fellini Oito e Meio (1963)”, tem em “Os Boas Vidas (I Vitelloni, 1953)” como momento de reflexão. A boemia rola solta entre os personagens, já que "viva o momento" é a regra do conto. Martin sentiu isso na pele em sua juventude. Aqui vemos sua paixão incondicional pelo cinema e como isso influenciou na sua vida, tanto pessoal como profissional.
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