Quando surgiu em 2006, Sacha Baron Cohen nos apresentou o desbocado e sem noção repórter do pequeno Cazaquistão Borat Sagdiyev, enviado aos Estados Unidos para fazer uma matéria sobre os costumes do país e de seus cidadãos. Lá questiona os norte-americanos sobre seus costumes e que conflita com os dele, pela sua origem mulçumana. Daí saíram momentos constrangedores com os mesmos. Bem como o visual inusitado de Borat, seja usando roupa social totalmente amassada ou um maiô amarelo que esconde suas partes intimas.
Desde então, Cohen tem vivido os altos e baixos da carreira. Desde imaginado para ser Freddie Mercury no cinema inicialmente e participações de destaque em filmes como os musicais “Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (2007) ”, “Os Miseráveis (2012) ”, na aventura “A Invenção de Hugo Cabret (2011) ” e mais recentemente no drama histórico “Os 7 de Chicago (2020) ”. Como da primeira vez de forma independente Sacha retoma seu celebre personagem quatorze anos depois em “Borat: Fita de Cinema Seguinte (Borat: Subsequent Moviefilm, 2020) ”. A justificativa para seu sumiço é que foi condenado a prisão, por causa da reportagem de 2006.
Até que é tirado de lá, para uma nova missão. Ele deve entregar um macaco sagrado no Cazaquistão ao Vice-Presidente dos EUA Michael Pence como presente. Já que possuem uma profunda admiração pelo Presidente Donald Trump. Buscando por sua amizade. Aqui chamado por Baron de “McDonald Trump”. A aceita para não ser exterminado da face da Terra. Ganhando a inesperada companhia da filha adolescente Tutar, interpretada pela estreante Maria Bakalova. Ela se imagina como uma Princesa Disney, encontrando o príncipe encantado com quem irá passar o resto da vida enjaulada literalmente.
Seguindo a tradição de seu país, as mulheres vivem em jaulas e só podem saem de lá com autorização do marido. Somando a isso, elas são oferecidas ou vendidas para os pretendentes. Pelo tempo que ficou preso, não acompanhou a evolução dos tempos. Ao ver pela primeira vez um celular, imagina que é uma calculadora. Ao adquiri-lo em uma loja de aparelhos eletrônicos, o atendente tem ensina-lo como mexer. Aí que o “bicho pega”. Borat pede para ir ao banheiro. Só que não percebe que o aparelho está conectado via wifi ao televisor da loja.
O funcionário vê o que Borat está pesquisando e é um site de filmes pornôs. Este só diz: “Ele já aprendeu como funciona”. Com um sorriso sarcástico. Enquanto isso Tutar segue com o pai pelo país. Já o macaco morreu dentro da caixa em que foi transportado. Ela se escondeu lá. Surpreso, não vê outra alternativa, ficando a filha a tiracolo. Ao notificar seu superior do ocorrido, Borat é avisado que se voltar ao Cazaquistão será morto com requintes de crueldade. Precisando achar uma alternativa para fugir da pena de morte, enxerga em Tutar a solução de seus problemas e manter a tradição de sua terra natal.
Assim se prepara para dar uma recauchutada na filha. Onde vai oferece-la ao advogado pessoal de Trump, o ex-Prefeito da cidade de Nova York Rudy Giuliani. Salão de beleza e roupas novas, incluindo a ida em uma clínica de cirurgia plástica. Os dois juntos temos os melhores momentos do filme. Por exemplo, ao comprar um bolo para Trump, pega um cup cake com um bonequinho de bebê como enfeite para Tutar. Voraz para come-lo, ela o engole. Correm para uma clínica medica e lá o constrangimento corre solto.
O ginecologista que os atende, entende que Borat engravidou a filha e por isso precisa tirar o “bebê” de dentro dela. O modo como eles explicam o ocorrido, só dificulta a compreensão do fato. Tanto ele quanto Tutar, não sabe como este assunto é delicado nos EUA. E na sequência que consagra a parceria é quando Borat inscreve a filha em um baile de debutante. Ao dançar com ela, faz uso de uma canção típica do Cazaquistão no melhor estilo “Dança da Fertilidade”. De início corre tudo bem até que Tutar levanta a saia de seu vestido e deixa sua menstruação a mostra. Assim você pode imaginar a continuidade da trama de “Borat: O Filme Seguinte de Cinema”.
Filmado em meio a pandemia do novo coronavírus na Terra do Tio Sam. Vemos o que ha de melhor e o de pior na sociedade norte-americana. Onde pessoas bem-intencionadas como os judeus que Borat encontra em uma sinagoga, lhe explicam que o Holocausto realmente aconteceu e que seus ancestrais não mentiram a respeito. Passando por simpatizantes de Trump fazendo saudações nazistas no meio da rua. E chegando até dois caipiras que vivem isolados no Texas, acreditam que Hillary Clinton e todos que fazem parte do Partido Democrata bebem o sangue das crianças. A crítica está lá quem quer ver.
Pedofilia, a cultura do estupro, o preconceito racial e de etnia. Produzido pelo Amazon Prime Video, “Borat: Fita de Cinema Seguinte” está em sua grade de programação. Para aqueles não se importam com o humor ácido, direto e sem papas na língua de Sacha Baron Coen e agora muito bem acompanhado por Balakova, que traz uma nova dinâmica e um talento a ser lapidado. O filme é um prato cheio para rir, se divertir e até se constranger com o que é visto em cena. No caso, quando Tutar descobre a verdade sobre si (fisicamente) e a participação de Giuliani que gera um momento delicado para o politico.
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