Neil Young é um dos mais ativos artistas do ramo musical. Seja lançando a elogiadíssima autobiografia de 2012 (para saber mais no link: https://cyroay72.blogspot.com/2013/01/neil-young-jimmy-page-nas-paginas-da.html), remexendo em seus arquivos musicais com a série “Neil Young Archives” e com autorais como “A Letter Home (2014)”, “Peace Trail (2016)” e mais recentemente o EP “The Times (2020)”. Sem contar seu ativismo político e a defesa ao nosso meio-ambiente.
Em meio a isso, Neil finalmente lançou o álbum “Homegrown”. Gravado entre junho e 1974 a janeiro de 1975, só nunca veio a luz por relatar sua dor pelo fim do casamento com a atriz Carrie Snodgress, com quem teve seu primeiro filho Zeke. Foi um relacionamento conturbado para ambas as partes que culminou na separação. Onde Young cultivou dentro de si todo amargor pela situação e que é sentida nas doze canções que compõe “Homegrown”.
Por causa disso, Neil preferiu guardar o disco a sete chaves e esperar o melhor momento para lança-lo. Com a paz interior em dia e Carrie que veio a falecer em 2004, ele se sentiu mais à vontade para soltar o material. Pois expressam uma vulnerabilidade e uma angustia, não só nas letras bem como na parte musical, onde sentidas arrepiam os pelinhos do corpo.
Gravado
em meio ao antológico e bem sucedido comercialmente “Harvest (1972)” e a instabilidade política
vivida nos EUA com o escândalo de Watergate em “On The Beach (1974)”, poucos privilegiados as ouviram em primeira
mão, como o comediante John Belushi.
Numa noite em 1975, Neil se hospedou no Hotel Chateau Marmont em Los Angeles. No mesmo quarto que Belushi morreria sete anos mais tarde, Young ao lado da sua banda Crazy Horse, Rick Danko e Richard Manuel do The Band e Cameron Crowe (o cineasta antes era repórter da Rolling Stone), executaram dois discos “Tonight’s The Night (lançado em junho de 1975)” e “Homegrown”.
Sobre este
Crowe falou para Neil: “Ao ouvir esses
dois álbuns na festa, comecei a ver as fraquezas de “Homegrown””. Cinco delas marcaram presença em outros trabalhos do
Godfather of Grunge.
“Love is a Rose” fez parte da coletânea “Decade (1977)”, “Homegrown” e “Star of Bethlehem” em “American Stars’n’Bars (1977)”, “Little Wing” em “Hawks & Doves (1980)” e “White Line” em “Songs for Judy (2018)”. O restante do material só agora fica disponível dos fãs, em um comunicado oficial Neil disse:
“Eu peço desculpas. Esse álbum ‘Homegrown’ deveria ter estado lá para vocês alguns anos após o ‘Harvest’. É o lado triste de um caso de amor. O dano adquirido. A dor no coração. Eu simplesmente não conseguia ouvi-lo. Eu queria seguir em frente. Então eu o guardei para mim, escondido no cofre, na prateleira, nos fundos da minha mente … mas eu deveria tê-lo compartilhado. É bonito, na verdade. É por isso que eu o fiz em primeiro lugar. Às vezes a vida machuca. Vocês sabem o que eu quero dizer. Esse é aquele que escapou”.
A sinceridade
é a marca de “Homegrown”. Poucas vezes um artista do calibre de Neil Young abre seu coração de modo tão
explicito. É sentida a crueza, o
desconforto e aspereza nas letras das canções. “Separate Ways” que abre
os trabalhos, com sangue nos olhos e na sua letra vocifera: Não vou me desculpar, A luz brilhou nos seus
olhos, Não sumiu. Em breve voltará novamente”. “Try” tem um ar mais otimista. Já “Mexico” a dor da perda dá o tom, exemplificado com o verso: “Oh, o sentimento se foi. Por que é tão
difícil se apegar ao seu amor?”.
Em “Florida”,
ele murmura a letra com o instrumental acompanhando seu ritmo, quase que te
forma instintiva. “Kansas”, delicada balada acústica. Apesar dos títulos, elas não
descrevem as respectivas cidades. “We
Don’t Smoke It No More” é um blues na sua mais pura essência. “White
Line” é um country acústico pontuado pela gaita. O rock com ares de
country music se faz presente em “Vacancy”, destacando o órgão Wurlitzer
de Stan Szelest.
TRACKLIST
Separate Ways
Try
Mexico
Love Is A Rose
Homegrown
Florida
Kansas
We Don’t Smoke It
White
Line
Vacancy
Little
Wing
Star Of Bethlehem
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