Filmes investigativos se fincaram como um gênero na terra do Tio Sam. Mais recentemente tivemos o elogiadíssimo “Spotlight: Segredos Revelados (2015)”, sobre o abuso sexual de crianças e adolescentes por parte de padres na cidade de Boston. Isso foi acobertado por anos pela própria Igreja Católica.
Bem como “A Grande Aposta” do mesmo ano que mostra os bastidores da quebra da Bolsa em Wall Street (NY), que causou o colapso na economia dos EUA em 2008. O mago Steven Spielberg nos trouxe em 2017, “The Post: A Guerra Secreta”, que traz à tona segredos governamentais dos mandatos de presidentes como John F. Kennedy e Lyndon Johnson. Servindo como uma espécie de preludio para o tenso “Todos os Homens do Presidente (1976)”.
Estes são algumas das referências usadas por Todd Haynes em seu último trabalho, “O Preço da Verdade (Dark Waters, 2019)”. Conhecido pelo tributo ao poeta Bob Dylan em “Não Estou Lá (2007)” ou dramas existenciais como “Longe do Paraiso (2002)” e “Carol (2015)”, nos apresenta uma película que trata como as grandes corporações interferem na vida de pessoas. No caso, poluindo o rio que atravessa uma cidade com o despejo ilegal de produtos químicos. Intoxicando a população local. No caso, Parkersburg na Nova Virginia (EUA). Baseado na reportagem do New York Times, "The Lawyer Who Became Dupont's Worst Nightmare (2016)" de Nathaniel Rich.
Tudo começa com o envenenamento de animais pertencentes a um fazendeiro de lá, Wilbur Tennant (Bill Camp). Ele pede o auxílio do advogado Robert Bilott, feito por Mark Ruffalo (o Gigante Esmeralda do Universo Cinematográfico Marvel). Este trabalha para a firma Taft Stettnius & Hollister. Que faz consultoria legal para grandes empresas. Tennant tem certeza que uma das empresas que Bilott representa é responsável pelo ocorrido.
No caso, a DuPont. Pois tem evidencia disso, lhe entregando várias fitas de vídeo gravadas por ele como provas. Ao investigar, Rob descobre que a DuPont está realmente poluindo o rio da cidade. E trazendo males para a população local e seu meio ambiente. Inconformado com a situação, decide lutar pelos direitos das pessoas e sua região ambiental. Daí a trama inicial para “O Preço da Verdade”. Que se assemelha com os filmes mencionados anteriormente, onde Haynes traça um retrato da luta de Rob contra os grandes conglomerados.
Mostrando como a DuPont e seu produto Teflon, estão prejudicando o cotidiano de toda uma cidade. Poluindo seu abastecimento de água potável. Visto em tons pasteis graças ao trabalho do diretor de fotografia Edward Lachman. Parceiro de longa data de Todd em “Longe do Paraiso”, “Não Estou Lá” e “Carol”. Assim Haynes priorizou o drama vivido pelos habitantes de Parkersburg e de seu maior aliado Rob. Este vislumbrando o próprio passado. Relembrando a infância ao lado da avó e se preocupa com o futuro dos filhos, se por acaso estão sendo envenenados com a água que bebem diariamente.
Ao lado de Mark temos Anne Hathaway (Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por “Os Miseráveis, 2012”) como sua esposa Sarah. Ela representa os questionamentos e o sentido de raiva contidos dentro do casal. Sendo a força motriz para Rob seguir em frente na sua jornada por justiça. Ruffalo com a competência de sempre, num papel mais sóbrio, equilibra perfeitamente a indignação e a perseverança para continuar a lutar. Ao contrário do que vemos quando está ao lado dos Vingadores no UCM e mais recentemente na serie HBO “I Know This Much is True (2020)” interpretando o papel de gêmeos.
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