O mítico poeta Bob Dylan tem se mantido bem ativo nos últimos anos. Seja com a trilogia formada por “Shadows in the Night (2015)”, “Fallen (2016)” e “Triplicate (2017)”, onde revisava o repertório do eterno blues eyes Frank Sinatra e da música popular dos Estados Unidos. Juntamente com o próprio na série “Bootleg” nos volumes 13 (“Trouble No More 1979 - 1981, 2017”), 14 (“More Blood, More Tracks, 2018”) e 15 (“Travellin’ Thru, 1967 – 1969, 2019”). Este último a ser discutido futuramente por este que vos escreve.
Passados
oito anos desde “Tempest” lançado em
2012, Bob não lançava material próprio. Agora com “Rough and Rowdy Days”
retoma a poesia musical e escrita que lhe são características. Composta por dez
canções que revisitam a história da América bem como a própria. Disponibilizado
nas plataformas digitais em junho deste ano e sua versão física foi lançada
recentemente. Aqui Dylan repete a
pegada de seus trabalhos autorais “Modern
Times (2006)”, Together Through Life
(2008)” e o citado “Tempest”. Como é
de praxe, sua poesia remete à história norte-americana. Seja verdadeira e/ou
envolta por seus misticismos. Bem como as lendas envoltas sob a persona de mr.
Zimmerman.
Destaque para “Murder Most Foul”. Em seus 17 minutos, Dylan nos traz detalhes do assassinato do Presidente John F. Kennedy, ocorrida na cidade de Dallas em 22 de novembro de 1963. Onde temos seu testemunho já que tinha 22 anos na época. Dando sequencia com que houve logo em seguida como o movimento Hippie, a ascensão dos Beatles, a opera rock “Tommy” do The Who, o Blues e o Jazz, DJ’s de rádio como Wolfman Jack e artistas como Don Henley e o Queen. Ele revisa toda a história daqueles tempos atribulados e chegando nos dias de hoje com um lirismo de encher os olhos com lagrimas de emoção.
I CONTAIN MULTITUDES: Brinca com a própria mitologia em torno de sua pessoa.
FALSE PROPHET: Faz uma crítica velada ao catolicismo e
se compara a Anne Frank, Indiana Jones e até aos Stones.
MY OWN VERSION OF YOU: Um Blues regado com sintetizadores que narra uma easy rider fictícia no estilo Dylan de ser. Várias metáforas e construção de cenários concretos e abstratos.
I’VE MADE UP MY MIND TO GIVE MYSELF TO YOU: Canção romântica com direito a um belo solo do parceiro musical e guitarrista Charlie Sexton.
BLACK RIDER: O Folk de outrora se faz presente com direito a conteúdo soturno.
GOODBYE JIMMY REED: Traz um conto sobre velho mestre do
blues do título. Sua caminhada de bar em bar no sul dos EUA e relembra o próprio
passado em sua cidade natal, Duluth (Minnesota).
MOTHER OF MUSES: Reflete sobre uma sociedade nos dias de
hoje em suas angustias e anseios. Combinando perfeitamente com que estamos
vivendo com a pandemia.
CROSSING THE RUBICON: Blues pontuado pelas guitarras de Sexton e Bob Britt.
KEY WEST (PHILOSOPHER PIRATE): A cidade ilha do estado da Florida, onde moraram os escritores Ernest Hemingway e Tennesse Williams, faz com que Bob rememore a fase beatnik ao lado de Allen Grisberg.
MURDER MOST FOUL: Encerra os trabalhos exibindo toda a eloquência verbal, escrita e musical de Dylan de forma dilacerada e autentica como não poderia deixar de ser, no auge dos seus 79 anos. Onde repensa sobre a própria imortalidade, a passagem do tempo e a morte.
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