Charlize Theron se notabilizou no final dos anos
90 e no começo dos 2000 por sua beleza e talento em “Advogado do Diabo (1997)”
e “Homens de Honra (2000)”. Deixando isso bem claro no drama “Monster:
Desejo Assassino (2003)” onde levou para casa a estatueta do Oscar
como Melhor Atriz daquele ano. Desde então sua carreira deslanchou em filmes
como “Uma Saída de Mestre (2003)”, “Terra Fria (2005)”,
“Hancock (2008)” e “O Escândalo (2019)”. Desconstruiu
a imagem de musa nos indies “Jovens Adultos (2011)” e “Tully (2018)”,
ambos dirigidos por Jason Reitman. E adicionando uma nova faceta como vilã
em “A Branca de Neve & O Caçador (2012)”, “Prometheus (2012)”
e “Velozes e Furiosos 8 (2017)”. Exibindo versatilidade em
filmes de ação como “Mad Max: A Estrada da Fúria (2015)” e “Atômica (2017)”.
É neste quesito que chegamos ao seu novo trabalho “The Old Guard (2020)”. Estrelando o filme produzido pelo canal das redes sociais Netflix, que tem como base a aclamada Hq de mesmo nome criada por Greg Rucka com ilustrações de Leandro Fernandez. Theron é Andy, a líder de um grupo de imortais que vagam pela Terra para protege-la de eventuais perigos que a cercam. Conseguindo manter seu anonimato. Ao mesmo tempo, são perseguidos por uma grande indústria farmacêutica que deseja estuda-los e assim produzir remédios a partir do DNA deles. Como a cura do câncer, por exemplo.
Enquanto isso, Andy está à procura de outros como ela. Encontra a jovem Nile, feita por Kiki Layne. De início, não acredita quem realmente é. Sendo uma militar em operação contra-terrorista no Afeganistão. Passado o tempo ao lado de Andy; Brooker (Matthias Schoenaerts), francês que lutou no exército de Napoleão; Joe (Marwan Kenzari) e Nicky (Luca Marinelli), ambos participaram das Cruzadas, vai caindo em si sobre sua verdadeira natureza. Mesmo a contragosto, pois sente falta da mãe e do irmão. O pai foi morto em combate.
No encalço deles, temos o ex-agente da CIA James Copley (Chiwetel Ejiofor de “O Menino que Criou o Vento, 2019”), que trabalha para a farmacêutica e responde ao seu CEO Steven Merrick (Harry Melling, o abestalhado Dudley Dursley da saga "Harry Potter"). “The Old Guard” foi adaptado pelo próprio Rucka e tendo Gina Prince-Bythewood na direção. O projeto inicialmente iria passar nos cinemas ao redor do globo, mas devido a pandemia do novo coronavírus, sua circulação ficou exclusivamente ao canal.
Aqui Charlize mostra a desenvoltura mencionada acima, adicionando camadas dramáticas a sua personagem. Além da liderança, tenta passar o que aprendeu com a imortalidade para sua nova pupila. Exibindo certo ceticismo quanto ao futuro da raça humana. Onde não acredita que ela irá melhorar. Justificada por uma mágoa pessoal, por ter perdido uma pessoa próxima, assim como ela, nos tempos da inquisição. Isso serviu como base para o que foi imaginado por Greg, na época em que estava fazendo a adaptação, enquanto vivia o luto pelo falecimento do pai: “A história mergulha nesse paradigma e explora a desvantagem da imortalidade. O significado real de viver para sempre, como a imortalidade afeta a noção de família dos personagens e como eles vivem sem saber se um dia irão morrer”.
Assim apesar de seus familiares estarem mortos, o grupo de imortais cria um vínculo familiar. Onde um cobre o outro e fazendo tudo para salvar aquele que chama de “irmão”, não se importando com os riscos. Filmado em diversas locações como Marrakech (Marrocos) e o Castelo Shirburn na Inglaterra. Dá um ar internacional à película, onde Andy e seus amigos precisam lutar pela própria sobrevivência e do planeta.
Prince-Bythewood acerta com boas sequencias de ação e luta, pega emprestado o conceito de cena pós-crédito do Universo Cinematográfico Marvel para dar continuidade a história de Andy e seu amigos imortais, que ainda há muito trabalho a ser feito por eles. E completou: “Esse é um tema universal que, com certeza, está no centro do meu trabalho, assim como prezo por normalizar a existência de mulheres guerreiras. Adoro resignificar o que é ser mulher, e acho que os filmes têm o poder de mudar a história e os discursos. Coragem não tem gênero. Competência não tem gênero. Tudo isso é essência”.
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