A
Segunda Guerra Mundial sempre foi e será uma grande fonte de inspiração para o
cinema e para a televisão. Citando exemplos recentes temos o “Dunkirk (2017)” e “Midway: Batalha em Alto-Mar (2019)”. Outro tema explorado é o regime nazista
imposto aos judeus, como bem vimos em “A
Lista de Schindler (1993)” do mago Steven Spielberg e no húngaro “O Filho de Saul (2015)”. Há outros exemplos
que exibem os bastidores do nazismo em “A
Queda: As Últimas Horas de Hitler (2004)” e o ficcional “Bastardos Inglórios (2008)” de Quentin
Tarantino.
Com
este último em mente, o jovem roteirista David
Weil escreveu a série “Hunters (desde 2020)”. Produzida
pelo novo canal das redes sociais Amazon
Prime Video e o novo mestre do terror Jordan
Peele, responsável por “Corra!
(2017)” e “Nós (2019)”. Inspirado
pelas histórias contadas pela avó, uma sobrevivente do Holocausto. Weil comenta: “Era um mundo de bem e um grande mal, um mundo de muita morte,
sofrimento e trevas, mas um mundo onde a esperança era possível se assumíssemos
a responsabilidade de fazê-lo”. Onde vemos uma liga da justiça formada por
caçadores dos nazistas que conseguiram fugir ao final da Segunda Guerra e
migrarem para os Estados Unidos. Onde se tornam influentes na política do país.
E
tendo como base também uma operação secreta realizada pelo governo
norte-americano que trouxe cerca de 1600 cientistas alemães no pós-guerra. A
ideia era usar o conhecimento deles para superar a União Soviética durante a
Guerra Fria. Isso com a famosa “liberdade
artística”. A trama de “Hunters”
se situa em 1977, estamos acompanhando o jovem judeu Jonah Heidelbaum,
interpretado pelo Percy Jackson Logan
Lerman, tentando sobreviver vendendo drogas para ajudar a avó Ruth (Jeannie Berlin) nas despesas da casa.
Voltando para lá após uma sessão de cinema de “Star Wars: Uma Nova Esperança” com os amigos, conversa com ela
sobre seu futuro e Ruth diz a ele se manter firme que conseguirá atingir seus
desejos. À
noite, sua casa é invadida e Ruth é assassinada.
Inconformado, Jonah quer
descobrir quem comentou tal ato e no funeral conhece Meyer Offerman, feito pelo
poderoso chefão Al Pacino. Um
empresário judeu e como sua avó, um sobrevivente do genocídio judeu. Meyer diz
a Jonah, que ele e Ruth estavam juntos em Auschwitz. Mas fazia mais de 30 anos
que não se falavam. Ele o convida a ir na sua casa para falar mais sobre o
passado de Ruth. Lá descobre que ela era mais do que imaginava ser. Ruth
trabalhava em conjunto com Meyer sem seu conhecimento.
Os
dois estavam à procura de oficiais nazistas dados como mortos e/ou
desaparecidos, que vivem com outras identidades nos Estados Unidos. Eles
descobriram que haviam muitos morando na terra do tio Sam e influentes tanto na
política como nos nichos sociais mais afortunados do país. De início, Jonah não
acredita. Depois vê uma evidencia do assassino da avó e vai até ele. Este é
dono de uma loja de brinquedo com identidade falsa. O confronto é inevitável.
Porem, Jonah não está preparado. Apesar
da idade, o velho oficial nazista consegue subjulgá-lo. Quase para ser abatido,
Jonah é salvo por Meyer. E eles acham outras provas de que há nazistas
escondidos e eles planejam algo. De volta a sua casa, Meyer e Jonah, tentam
encontrar pistas sobre o que os alemães querem fazer nos EUA. É aí que o
talento do jovem surge. Raciocínio rápido como o personagem de Russell Crowe em
“Uma Mente Brilhante (2001)”, ele
enxerga na carta cifrada, o nome de um oficial nazista.
Junto
a isso conhecemos os caçadores de Meyer: a irmã Harriet (Kate Mulvany), ex-agente do serviço secreto inglês MI-6; o ator e
mestre dos disfarces Lonny Flash (Josh
Radnor); o ex-combatente da guerra do Vietnã Joe Mizushima (Louis Ozawa); a motorista Roxy Jones (Tiffany Moore) e o casal, assim como
Meyer sobreviventes do Holocausto, Murray (Saul
Rubinek) e Mindy Markowitz (Carol
Kane). Eles
lutam contra um inimigo invisível que deseja trazer de volta a supremacia
branca de Hitler, onde seu alvo são os Estados Unidos.
A formação do Quarto
Reich. Liderados pela Cororel (Lena Olin)
e tendo ao seu lado Biff Simpson (Dylan
Baker), este é subsecretário da administração Jim Carter, onde tem contato
direto com o Presidente. Os dois assim como outros, foram trazidos pelo próprio
governo norte-americano, para ajudá-lo na Guerra Fria contra a então União
Soviética. Quando na verdade se infiltraram, onde conseguiram certa influência
nas diretrizes do país e na alta sociedade.
Em
meio a isso, as ações do grupo de Meyer chamam atenção da agente do FBI Millie
Morris (Jerrika Hinton). Ela
descobre que há muito mais do que um caso de homicídio local e tropeça numa
trama, onde os EUA e seus entes queridos podem sofrem graves consequências com
a presença dos nazistas. Com o passar de seus dez episódios, Meyer e Jonah percebem
que sua jornada vai muito mais além do que matar criminosos nazistas. E sim
impedir seus planos maléficos contra a humanidade.
Na série,
vemos o passado e o presente se confrontando. Sejam nas lembranças de Meyer
quando estava no campo de concentração de Auschwitz ao lado de Ruth, assim como
seus caçadores. Onde somos apresentados às suas motivações para participar da
caçada. Como por exemplo, a irmã Harriet. Ela é filha de um nazista, trazida
secretamente para os EUA quando criança. O casal Markowitz, que perderam o
filho Aaron, morto por um oficial da Gestapo.
E a
formação de uma nova geração nazista. Como o matador de aluguel Travis (Greg Austin), que abraça a causa com um
fervor de assustar os desavisados. Juntamente com os netos dos oficiais do
Terceiro Reich que montaram a companhia de fachada, Schidler de produtos
alimentícios. “Hunters” segue o tom de “Bastardos
Inglórios” e “Era Uma Vez em ...
Hollywood (2019)”, ambos de Quentin Tarantino, claramente inspirados nos
filmes exploitation dos anos 70. Onde a violência acentuada e cenas picantes
são suas maiores referências.
Al está de volta, assim como bem vemos em “O Irlandês”. Num papel onde equaliza a
emoção de ser um sobrevivente e ao mesmo tempo, o comandante dos caçadores. Onde
precisa saber exibi-la no momento certo. E ainda, ser um guia para Jonah, que necessita amadurecer para fazer o certo. Mesmo que isso seja contra seus princípios.
Logan mostra mais uma vez, que é um
bom ator e deixando de lado a imagem de “Percy
Jackson” de uma vez por todas.
Comentários
Postar um comentário