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QUENTIN TARANTINO, Um Mestre do Cinema


Hoje Quentin Tarantino é um dos mais celebrados cineastas da sua geração. Fazendo parte dela seu parceiro e amigo Robert Rodriguez, Alexandre Rockwell e Eli Roth. Nada mal para quem começou como atendente de vídeo-locadora. Antes de canais virtuais como o Netflix, haviam casas que alugavam fitas de vídeo (VHS) de filmes antigos e lançamentos da época. Mais tarde os dvd’s e eventualmente blurays. Hoje essas casas fecharam ou abriram falência com a rede Blockbuster, que veio dos EUA para o Brasil, para deixar sua marca. 

Grande sucesso nos anos 90 e que foi perdendo espaço nos anos 2000, até encerrar suas atividades por aqui.Tarantino, viu todo catalogo da vídeo-locadora. Que lhe trouxe a inspiração necessária de escrever seus roteiros. Daí surge seu primeiro trabalho como diretor, o policial “Cães de Aluguel (Reservoir Dogs)” em 1992. Uma película de assalto onde seus membros não possuem vinculo de amizade e se chamam por cores. Eles planejam um grande roubo numa joalheira para pegar seus diamantes. O próprio Quentin faz um deles e ganha o nome de “mr. Brown”.


Eles se encontram em um café próximo à loja para discutir o assalto. Conhecemos “mr. White”, feito pelo veterano Harvey Keitel; “mr. Blonde” é Michael Madsen; como “mr. Orange” temos Tim Roth (da serie de TV “Lie to Me, 2009 a 2011”); para ser “mr. Pink”, Steve Buscemi (do seriado televisivo “Boardwalk Empire, 2010 a 2014”) e como “mr. Blue”, Edward Bunker. Ao lado deles, o gangster local Joe Cabot (Lawrence Tierney) e o filho dele, “Nice Guy” Eddie (Chris Penn). Com um trabalho de edição ágil e descontruído, junto com os diálogos rápidos e incisivos de seus personagens. Intercalados por discussões sobre a cultura pop de outros tempos.

Como a conversa deles no café, sobre a canção “Like A Virgin” de Madonna. Essa se tornou a marca registrada nos filmes de Tarantino, somada a cenas de violência inspiradas em filmes de gangster do mestre Martin Scorsese e policiais dos anos 70 como “Operação França (1970)”. O sucesso de público e crítica, Quentin foi considerado como um restaurador do gênero. E ainda faz bom uso das referências cinematográficas mencionadas anteriormente. 


Isso deu a ele o credito necessário para fazer “Pulp Fiction: Tempo de Violência (Pulp Fiction, 1994)”. O título faz uma homenagem as HQ’s originarias do século XX que traziam uma violência gráfica gratuita, junto a diálogos rápidos cheios de ironia e humor, a influência do cinema e da cultura pop. Aqui temos quatro contos que estão entrelaçados. Dois assassinos contratados Vicent Vegga (John Travolta) e Jules (o Nick Fury Samuel L. Jackson) que trabalham para o chefão Marsellus Wallace (Ving Rhames, o Luther da franquia Missão Impossível). Ele é casada com a tresloucada Mia (Uma Thurman). O duro de matar Bruce Willis é o lutador de boxe Butch que deveria ter entregado uma luta e por isso precisa lutar com a abobada namorada Fabienne (Maria de Medeiros).


Junto a isso, seu passado vem à tona com o antigo companheiro de guerra de seu pai, Capitão Koons (Christopher Walken). Ele faleceu na Guerra do Vietnã e lhe deixou um relógio de ouro como recordação. O melhor fica para história contada por Koons de como escondeu o objeto, já ambos estavam presos em um campo de concentração vigiados por vietnamitas.  Temos também o casal de assaltantes Pumpkin (Tim Roth) e Honey Bunny (Amanda Plummer) na primorosa cena de abertura de “Pulp Fiction”.


O destaque para o excelente trabalho de edição feito por Sally Menke e os diálogos inteligentes de seus personagens. A sequência em que Vincent e Mia vão a um bar temático de rock anos 50, participam de um concurso interno de dança ao som de “You Never Can Tell” de Chuck Berry e o discurso de Jules ao recitar o trecho da Bíblia “Ezequiel 25:17” para justificar seus atos como matador contratado, entraram para a história da sétima arte. 


Seu próximo trabalho foi “Jackie Brown (1997)”, baseado no romance “Rum Punch” de Elmore Leonard e prestou tributo ao gênero “blaxplotation”, que destacava a comunidade afro-americana no cinema. Onde a aermoça que dá titulo ao filme, é interpretada por uma das musas do movimento, Pam Grier. Ela faz lavagem de dinheiro para o traficante de armas e seu namorado Ordell (Samuel L. Jackson). Jackie trabalha para uma linha aérea de pequeno porte que faz uma escala entre os EUA e o México. Em um dos vôos é pega.

Ameaçada pelo oficial da ATF Nicolette (o Birdman Michael Keaton) e o detetive do narcóticos Mark Dargas (Michael Bowen), eles estão atrás de Ordell e querem que Jackie os ajude a prendê-lo. Assim ela se livra da eminente prisão. Espertamente encontra um modo para matar “dois coelhos em uma cajadada só”. Não ir presa e ainda ganhar dinheiro com isso. “Jackie Brown” conta com a participação especial do mítico Robert De Niro


Antes disso fez “Grande Hotel (Four Rooms, 1995)”, comedia realizada ao lado de Robert Rodriguez, Allison Anders e Alexandre Rockwell. Onde cada fez um episódio mostrando as desventuras do atendente do hotel Ted (Tim Roth) na noite de véspera de ano novo. Contando no seu elenco Antonio Banderas, Bruce Willis, Madonna e Marisa Tomei (a tia May do Universo Cinematográfico Marvel). E trabalhou como ator em “A Balada do Pistoleiro (1995)” e em “Um Drink no Inferno (1996)” do amigão Robert Rodriguez. Seus roteiros “Amor À Queima-Roupa (1993)” e “Assassinos Por Natureza (1995)” foram levados para a tela grande do cinema por Tony Scott e Oliver Stone respectivamente. 


Assim ele teve tempo para preparar seu projeto mais ambioso, uma homenagem aos antigos filmes asiáticos de lutas marciais como kung-fu e caratê em “Kill Bill Volume I (2003)” e “Kill Bill Volume II (2004)”. Originalmente para ser um só filme, mas por causa de sua duração mais de quatro horas, Tarantino resolveu dividi-lo em duas partes. Uma Thurman é a assassina Belatrix / Mamba Negra condenada à morte por seu ex-chefe e amante, Bill (o Kung Fu David Carradine). Ela estava gravida dele e resolveu deixar a vida bandida de lado para se casar com um zé-ninguém. 


No encalço de Beatrix, sua antiga gang formada por O-Ren Ishii (Lucy Liu, a Watson da serie "Elementary desde 2012"), Vernita Green (Vivica A. Fox de “Independence Day, 1994”), Elle Drive (a eterna sereia Daryl Hannah) e o irmão de Bill, Bud (Michael Madsen). É emboscada por eles e quase morta é levada para um hospital. Durante sua recuperação, relembra os ensinamentos e o treinamento com seu antigo mestre, Pai Mei (Gordon Liu) e como ganhou sua espada, a lendária Hattori Hanzo. Feita a mão por seu criador, interpretado pelo mito dos filmes japoneses de luta Sonny Chiba


Como um perfeito filme sobre vingança, Quentin traz o que há de melhor neste gênero cinematográfico. Confrontos bem coreografadas e sua marca registrada, diálogos inteligentes recheados de cultura pop. E sua contínua adoração pelos pés de Uma Thurman. A sequência em ela que está dentro no hospital, precisa recuperar os movimentos do corpo e em especial dos pés é excepcional. 


Em 2006, realizou a série “Grindhouse” com Robert Rodriguez, onde cada um fez um filme usando como referencia os filmes de terror anos 70. Quentin realizou “Death Proof” sobre o dublê e assassino serial Mike, feito por Kurt Russell (o sr. Ninguém da franquia “Velozes & Furiosos”) que usa seu possante carro para matar as pessoas. Já Rodriguez fez “Planeta Terror”, onde pessoas normais viravam zumbis ao respirarem um gás letal e aterrorizam uma cidade pequena no interior dos EUA. 


Com “Bastardos Inglórios (Inglorious Basterds, 2009)” visitou a Segunda Guerra Mundial. A história fictícia de um grupo de elite do exército aliado que ataca as forças nazistas de Hitler. A frente deles, temos o tenente Aldo Raine, com o galã Brad Pitt no papel. A película trouxe o talento de Christoph Waltz como o impiedoso oficial da SS Coronel Hans Landa. Ele está impagável como nazista de carteirinha que adora o que faz. Sua entrada na abertura do filme, já diz tudo. Sua ótima atuação lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante de 2009.


O velho oeste de John Ford e o western spaghetti de Sergio Leone são reverenciados em “Django Livre (Django Unchained, 2012)” e “Os Oito Odiados (2015)”. O primeiro, uma clara referencia ao pistoleiro interpretado por Franco Nero nos anos 60. Tendo como interprete o Ray Charles Jamie Foxx e mais vez, Christoph Waltz se faz presente, agora como o caçador de recompensas King Schultz. E o vilão da vez é Leonardo DiCaprio como o charmoso fazendeiro e traficante de escravos negros Calvin J. Candie. Ao seu lado, seu assistente pessoal Stephen (Samuel L. Jackson). Django é um escravo libertado e mais tarde treinado por Schultz.


Que o transforma em um caçador como ele. Assim vai poder ir atrás de Calvin que comprou sua esposa Broomhilda (Kerry Washington da serie de TV “Scandal, 2012 a 2018”), para resgata-la. Don Johnson, conhecido por ter sido o policial Sonny Crockett no seriado televisivo anos 80 Miami Vice, faz uma participação como o fazendeiro Big Daddy. Para saber mais no link: https://cyroay72.blogspot.com/2013/01/o-western-sphagetti-de-tarantino.html


Já em “Os Oito Odiados (The Hateful Eight, 2015)”, uma clara referência ao clássico faroeste “Sete Homens & Um Destino”, aqui temos o caçador de recompensas John Ruth (Kurt Russell) levando sua prisioneira Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh do filme Netflix “Aniquilação, 2018”) para a prisão e ganhar um bom dinheiro por prendê-la. No caminho até lá, são pegos por uma nevasca e encontram outro caçador, Marquis Warren (Samuel L. Jackson). Por causa da forte tempestade de neve, eles precisam parar em uma estalagem para poder seguir viagem. Comentamos mais sobre o filme no link: https://cyroay72.blogspot.com/2016/01/os-oito-odiados-de-tarantino.html 


Quentin Tarantino comentou recentemente que após seu decimo trabalho, irá se aposentar. Deixando fãs e admiradores de cabelo em pé com a notícia. Por isso não perca seu novo filme “Era Uma Vez em Hollywood (Once Upon A Time in Hollywood, 2019)” que está para estrear por aqui e conta no seu elenco Leonardo DiCaprio, Brad Pitt, Margot Robbie & Al Pacino.

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