Um dos
períodos mais nefastos da história norte-americana está em cartaz nas melhores
salas de cinema da sua cidade. No caso, o macarthismo. Foi quando o governo dos
Estados Unidos iniciou a caça às bruxas por simpatizantes do partido comunista.
As relações com a então União Soviética estavam por um fio. O que ocasionou uma
época conhecida na história como a “Guerra Fria”. Já tivemos
algumas películas que a retratavam como os clássicos “Doutor
Fantástico (1964)” de Stanley Kubrick e “Sob o Domínio do Mal (1962)”
de John Frankenheimer e mais recentemente “Treze Dias que Mudaram o Mundo (2000)”
de Roger Donaldson e “Bom Dia, Boa Noite (2005)” de George Clooney.
Agora
temos a história sobre o roteirista Dalton Trumbo que sofreu as consequências
por sua ideologia política. Escrevendo o romance “Johnny Vai à Guerra (1939)”
e vindo de sucessos como “Dois contra o Mundo (1940)” com Lana
Turner, “Kitty Foyle (1940)” com Ginger Rogers, “Dois no Céu (1941)”
com Spencer Tracy e “O Roseiral da Vida (1945)” com Edward G.
Robinson. Nunca escondeu sua filiação aos ideais comunistas e sendo perseguido
mais tarde por Joseph McCarthy com a famigerada "Comissão de Atividades
Antiamericanas". Que visava encontrar e prender comunistas. Trumbo
junto a outras nove pessoas, entre eles cineastas e roteiristas, que se
recusaram a fornecer informações sobre amigos simpatizantes. Por isso, ficaram
conhecidos os “Dez de Hollywood”. Assim levados a um ano de prisão por
desacato ao tribunal. Ao mesmo tempo, sofreram com o preconceito e intimidação
de colegas do cinema. Onde praticamente ficaram sem poder trabalhar no que mais
gostavam fazer. Escrever roteiros e produzir filmes.
Para sustentar a família e manter o status social, Trumbo decidiu escrever
roteiros, se passando por outra pessoa. Ou simplesmente repassa-los para colegas que ainda trabalhavam no meio, como
aconteceu com o script de “A Princesa & O Plebeu (1953)”. Ele o
deixou com o amigo Ian McLelland Hunter, que ganharia o Oscar de
Melhor Roteiro daquele ano. E trabalhando cladestinamente para produtores de
filmes B como Frank King. Onde revisitava roteiros ruins para poder filmá-los
mais tarde. Junto a trabalhos inéditos como “Arenas Sangrentas (1956)”
que lhe rendeu mais uma indicação de Melhor Roteiro e a estatueta ao Oscar com
o pseudônimo de Robert Rich. Enquanto isso, era perseguido por Hedda Hopper,
ex-atriz dos tempos áureos de Hollywood que se tornou a fofoqueira de plantão
dos bastidores da capital do cinema.
Ela
criou uma comissão que investigava simpatizantes ao comunismo dentro da indústria
cinematográfica, era auxiliada por John Wayne. Ameaçou os donos de estúdios
como o MGM e a Paramount de boicote, caso estes não demitissem profissionais
que fossem comunistas. Esta é a trama básica de “Trumbo: Lista
Negra (Trumbo, 2015)”, dirigida por Jay Roach das
franquias “Austin Powers” e “Entrando Numa Fria” com base da
biografia escrita por Bruce Cook, “Trumbo”. Sendo adaptado por John
McNamara, vindo do mundo das series de TV como “Lois & Clark: As
Novas Aventuras do Super-Homem (1993 a 1997)”, “Prime Suspect (2011
/12)” e “Aquarius (2015)”. Em seu primeiro trabalho para a tela
grande, junto à Roach recriam este período atribulado na vida
de Trumbo onde com o auxilio da esposa Cleo (Diane Lane, a mãe humana do
novo Homem de Aço). Conseguiu recolocar seu nome em evidencia em
Hollywood.
Trumbo
é interpretado maravilhosamente por Bryan Cranston, o senhor White
ou simplesmente Heisenberg do cultuado seriado televisivo “Breaking Bad (2008
a 2013)”. Encarnando o personagem em seus trejeitos e jeito arrogante de falar.
Exibindo suas excentricidades quando está escrevendo e não se deixando abater
com as insinuações de Hedda Hooper, feita pela rainha Helen Mirren. Diane
Lane também mostra o valor de Cleo na vida de Trumbo, sendo o
equilíbrio dentro e fora de sua família junto aos três filhos do casal.
A
história de Trumbo se confunde com a do cinema. Em seu momento de virada,
Dalton é chamado por Kirk Douglas (Dean O’Gorman) para
escrever o roteiro do épico “Spartacus (1960)” de Stanley Kubrick e
ao mesmo tempo, é convidado pelo diretor Otto Preminger (Christian Berkel)
escrever um novo script para “Exodus (1960)”, filme a ser estrelado
por Paul Newman. Quando pode finalmente usar seu nome nos créditos de ambos os
filmes.
“Trumbo”
conta com participações especiais de John Goodman (“Argo,
2012”) é Frank King; Michael Stuhlbarg (o mafioso Arnold
Rothstein da serie de TV “Broadwalk Empire: O Império do Contrabando,
2010 a 2013”) como Edward G. Robinson; Elle Fanning (“Malevóla,
2014”) é a flha mais velha de Dalton, Nikola; Alan Tudyk (“Transformers:
O Lado Oculto da Lua, 2011”) é Ian McLelland Hunter e David James
Elliott é o eterno cowboy John Wayne, também chamado por todos no meio
de “Duque”.
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