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"DAVID BOWIE, BLACKSTAR"


É triste começar esta resenha sabendo que um dos mais talentosos músicos e interpretes veio a falecer no último dia 11. Por causa de um câncer no fígado descoberto a um ano e meio atrás. No caso, o camaleão do rock David Bowie (08.01.1947 – 11.01.2016). Aonde havia completado recentemente 69 anos e soltou mais um álbum de inéditas chamado “Blackstar (2016)”.

Ele foi lançado e disponibilizado em seu canal no YouTube na data de seu aniversário. Inicialmente suas canções fariam parte como temas de uma peça de teatro (“Lazarus”) e uma série de TV a estrear chamada “The Last Panthers”, o primeiro single do disco com a canção que dá título ao mesmo.


Bowie sempre foi um artista inquieto. Nunca ficou marcado por um estilo de música. O rock’n’roll está lá, mas com certas pitadas de jazz, blues, música clássica, bebop, soul, funk e música eletrônica. Em toda sua discografia, foi pontuada por uma criatividade dilacerante que abria corações e mentes. Quando surgiu com o disco homônimo (1967) e seguido dos antológicos “Space Oddity (1969)”, “The Man Who Sold The World (1970)”, “Hunky Dory (1971)”, The Rise and Fall of Ziggy Stardust & The Spiders From Mars (1972)”, “Alladin Sane (1973)”, “Pin Ups (1973)” e “Diamond Dogs (1974)”. Caracterizado como Ziggy Stardust e outras vezes como Alladin Sane.


Depois tivemos a fase soul jazz com “Young Americans (1975)” e “Station to Station (1976)”. Onde se transformou no Thin White Duke. Daí um pulo para a conhecida Trilogia de Berlim, com os discos gravados na capital alemã, formada por “Low (1977)”, “Heroes (1977)” e “Lodger (1979)”. Para muitos, sua melhor fase musical. No início dos anos 80, tivemos o flerte com o pop rock da época com “Scary Monsters and Super Creeps (1980)”, “Let’s Dance (1983)”, “Tonight (1984)”, a trilha musical para filmes como “Absolute Begginers (1986)” e “Labirinto (1986)”, e “Never Let Me Down (1987)”.  


Uma volta ao rock’n’roll básico com a banda Tin Machine ao final dos anos 80 e início dos 90. Voltou a flertar a soul music com pitadas eletrônicas no controverso “Black Tie White Noise (1993)”. Adicionando as batidas do drum’n’bass junto às letras mais pessimistas sobre o mundo em que vivemos com “Outside (1995)” e “Earthling (1997)”. E o retorno ao seu som característico em “Hours ... (1999)”, “Heathen (2002)” e “Reality (2003)”. Uma parada para cuidar da saúde após uma cirurgia cardíaca. Surpreende o mundo com o anuncio do lançamento de “The Next Day (2013)”, seu primeiro trabalho depois de um intervalo de 10 anos. Ele foi discutido no link: http://cyroay72.blogspot.com.br/2013/03/o-proximo-dia-do-camaleao-david-bowie.html


É aonde chegamos a “Blackstar”. Seguindo a linha musical de “The Next Day”, aqui Bowie nos brinda o que há de melhor no jazz com batidas eletrônicas, somadas as referências de seu passado musical. Ao lado de seu parceiro musical e produtor dos últimos discos, Tony Visconti. E uma banda formada por músicos que nunca tocaram com ele: Ben Monder (guitarra), Tim Lefebvre (contrabaixo), Jason Lindler (teclados), Mark Guiliana (bateria e percussão) e o saxofonista Donny McCaslin, que se destaca no decorrer das canções.

BLACKSTAR: Já conhecida do grande público. Canção climática. Uma leve batida drum’n’bass.

TIS A PITY SHE WAS A WHORE: Até então só era conhecida e ouvida através de downloads espalhados pelas redes sociais. Aqui ganha uma nova roupagem. É a canção mais rock do disco.

LAZARUS: Balada no estilo Bowie de ser. Acrescentando um clima “barzinho de jazz”.


SUE (OR IN A SEASON OF CRIME): Lançada anteriormente na coletânea “Nothing Has Changed (2014)”. Aqui também ganha uma repaginada. Antes gravada com a Maria Schneider Orchestra. Agora temos uma versão mais orgânica no sentido de banda (guitarra, contrabaixo, bateria e sax).



GIRL LOVES ME: Um quase rap, com marcação bem jazzística. 

DOLLAR DAYS: Balada dolorosa que fala sobre a luta contra a morte. Com piano ao fundo e adicionando um belo solo de sax. Ganhando mais força agora.


I CAN’T GIVE EVERYTHING AWAY: Fechando de forma apoteótica, esta singela canção que nos leva ao melhor do repertório anos 80 /90 de Bowie. Junto ao solo de sax inspiradíssimo de McCaslin.


O balanço final é extremamente positivo. Onde Bowie mostrando que o tempo afastado do mundo das celebridades e das longas turnês o deixou bem à vontade para experimentar novas sonoridades. “Blackstar” já está disponível para download no ITunes e sua versão física deve chegar às melhores lojas do ramo a partir do dia 15 de janeiro. 


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