O cineasta Todd Haynes sempre trouxe um olhar
diferenciado sobre as relações entre homens e mulheres. Muito bem exemplificado
em filmes como “Longe do Paraíso (2001)” e no rock documentário “Velvet
Goldmine (1995)”. Mais recentemente na minissérie “Mildred Pierce (2011)”. Conhecido pelo filme
“Não Estou Lá (2007)”, uma homenagem ao poeta folk, o mítico Bob Dylan. Agora ele
conta a história de socialite Carol Aird (a rainha Elizabeth Cate Blanchett) em sua vida suntuosa na
cidade de Nova York. Vivendo ao lado de Harge (Kyle Chandler de “Super 8, 2011”), um casamento arranjado que lhes
deu uma filha.
Estamos nos anos 50, o
conservadorismo da época prevalece. E Carol, muita a frente no seu tempo,
cansada do matrimonio. Pede a separação de Harge. Sofrendo as consequências do
seu ato, a sociedade vigente a deixa de lado. Junto a isso, a briga pela
custodia pela menina. Nesse meio tempo,
conhece a balconista Therese Belivet (Rooney
Mara, a Lisbeth Salander de “Millennium: O Homem que Odiava as Mulheres,
2011”). Ela trabalha na loja de departamentos frequentada por Carol. Que se
encanta por ela. O sentimento de inicio não é mutuo.
Aos poucos, Therese vai
se deixando levar pelo desejo de uma relação mais próxima com Carol. Revelando
a ela que tem como hobby, a fotografia. Daí, Therese entra em conflito consigo
mesma. Em duvida pelos seus sentimentos por Carol e a conveniência de se casar
com seu namorado. Enquanto isso, Carol é ameaçada por Harge, que ao saber da
situação dela, de nunca mais ver a filha.
Esta é a trama básica
de “Carol”. Baseado no
romance “The Price of Salt (1952)” de Claire Morgan. Pseudônimo da renomada autora de livros
de suspense Patricia Highsmith. Ela
teve problemas para lança-lo pela sua editora Harper & Bros, que se recusou
devido a sua temática. Tendo como alternativa, a Coward-McCann. Naqueles tempos,
a Associação Americana de Psiquiatria classificou a homossexualidade como
transtorno mental. Todd exibe o virtuosismo de seus trabalhos
anteriores, onde a reconstituição de época é de encher os olhos. No caso, os
anos 50. O figurino e os cenários ganham vida, em especial os carros
conversíveis. E o desempenho de suas atrizes principais se destaca.
Cate justifica sua indicação ao Oscar de
Melhor Atriz deste ano com a competência de sempre. Demonstra a força da sua
personagem diante de sua nova realidade. E Rooney (também indicada ao Oscar na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante) consegue em determinados momentos, ofuscar a presença de Blanchett. Os momentos íntimos entre elas são vistos com certa
leveza ao se tocarem. Ao mesmo tempo, uma troca de olhares intensa. Uma
cumplicidade em cena pouco vista nos filmes do gênero atualmente.
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