Voltando a falar sobre sétima
arte, temos a estreia da cinebiografia de João Clemente Jorge Trinta, ou mais
conhecido como Joãosinho Trinta. O carnavalesco carioca que revolucionou a
Sapucaí no Rio de Janeiro e o Sambódromo em São Paulo com desfiles inovadores e
irreverentes. Chamado simplesmente como “Trinta
(2014)”.
O filme é dirigido por Paulo Machline e tem o mutante Matheus Nachtergale como Joãosinho. Em umas
das suas melhores performances da tela grande, Nachtergale nos faz sentir na pele do próprio biografado. A película
já começa com o personagem sendo chamado para organizar o desfile da escola de
Samba Salgueiro e em meio a flashbacks, somos levados para uma viagem no tempo.
Sua chegada à cidade maravilhosa (Rio de Janeiro), vindo da terra natal São Luís
(Maranhão), com sonho de se tornar bailarino.
Consegue e larga um
trabalho conseguido pelo cunhado, para tentar uma vaga no balé do Teatro
Municipal da cidade. Lá conhece Zeni (Paola de Oliveira) e Fernando Pamplona
(Paulo Tiefenthaler) que o coloca na
área cenográfica do teatro como estagiário. Fernando aos poucos percebe o
talento de João para a criação e arte. O chamando para ir ao Salgueiro, onde é
membro ativo. Daí temos o inicio de sua trajetória de sucesso como carnavalesco.
Com uma narrativa ágil,
vemos a ascensão de Joaozinho como artista do carnaval. Junto a sua paixão pela
música tocada em óperas, que despertou seu interesse pelas artes. “Trinta” nos dá uma ideia de como foi seu
começo na vida artística, onde sofreu com o preconceito, devido a sua
homossexualidade.
As discussões com Tião
(Milhem Cortaz de “O Assalto ao
Banco Central, 2011”), morador da comunidade do Salgueiro e braço direito do
presidente da escola de samba Germano (Ernani
Moraes). O atrito entre eles com diálogos inflados de ironia e ódio, estão entre
as melhores sequencias de “Trinta”.
O foco do filme está no
primeiro desfile organizado por ele pelo Salgueiro em 1974. Com destaque para
ótima reconstituição de época, feita por Daniel
Flaksman e equipe, mesclando cenas daqueles tempos junto aos bastidores da
construção dos carros alegóricos e as fantasias utilizadas. Aliada ao ótimo
trabalho do diretor de fotografia Lito
Mendes da Rocha que soube mostrar a transição dos anos 60 para os 70, em
nosso país tupiniquim.
“Trinta” funciona com uma homenagem ao carnavalesco. Bem como um
hino de amor ao estilo musical e à escola de samba em questão. Como dito
anteriormente, Nachtergale segura o
filme junto ao bom trabalho de seus coadjuvantes. E como não poderia faltar
para a faceta do bom carioca malandro, como diria Chico Buarque, temos Fabricio Boliveira (o João de Santo
Cristo de “Faroeste Caboclo, 2013”) como Calça Larga.
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