Lançado em 2011, o documentário “George Harrison: Living in the Material World” dirigido pelo mestre do cinema Martin Scorsese retrata a vida e obra deste gênio da música que inclui no seu currículo ter sido membro de uma banda conhecida como “The Beatles”. É um filme rico em detalhes da vida pessoal e musical de Harrison, mostrando seu início nas seis cordas bem como também histórias da família e de sua infância, em uma delas, seus irmãos falam que George tinha uma atitude arrogante em relação a tudo e a todos.
Ele é dividido em duas partes. A primeira exalta seu começo nos Beatles e a loucura proporciona pelo estouro da banda com a chamada “Beatlemania”. O então “Beatle Quieto” se mostra uma pessoa que tem atitude sendo que na primeira vez que a banda se encontra com George Martin, seu eterno produtor, é o primeiro a responder uma pergunta feita a eles, “o que achavam da música de vocês”, com uma piada, “só não gostei da sua gravata”.
Assim ela se desenrola, mostrando como era a personalidade de Harrison sobre o crescente sucesso da banda e a sensação de incômodo por todas as canções serem compostas pela dupla Lennon & McCartney e o pouco espaço dado a ele e Ringo em relação ao assunto. Sendo mais tarde atendido com a gravação da canção “Don’t Bother Me”, sua primeira composição gravada pelo grupo. E consequentemente “I Need You” e “Taxman”, por exemplo.
Com depoimentos de Paul McCartney e Ringo Starr, alguns recentes e outros tirados do documentário sobre os Beatles, “Anthology (1995)” mesclados com falas de George Martin, Neil Aspinall e Klaus Voorman que nos mostram como era vida de Harrison dentro e fora da banda. E a história de como Eric Clapton foi parar na gravação de “While My Guitar Gently Weeps” com depoimento do próprio é memorável. Vemos o surgimento da amizade com o músico indiano Ravi Shankar e seus ensinamentos a George sobre a cítara e a medição para atingir a chamada paz espiritual. Junto a isso a aproximação com Maharishi. E a primeira parte termina com o final dos Beatles e o início de sua carreira solo com o álbum “All The Things Must Pass (1970)”.
A segunda parte começa com depoimentos de Phil Spector falando das gravações do álbum acima, o envolvimento de George com o desastre ocorrido em Bangladesh (1971) e a realização de um concerto para ajudar a população de lá. Em meio a isso, a amizade dele e Clapton sofria uma rachadura, pois o segundo se apaixona pela esposa do primeiro, Patti Boyd. O depoimento dos envolvidos é o mais esperado da película, até então não se ouviu as partes falarem sobre o assunto. Clapton fala que Harrison deu sua benção enquanto Patti diz que ele ficou furioso ao descobrir seu romance com seu melhor amigo. Mas no final, em uma entrevista coletiva George apenas diz “melhor ele do que qualquer outro. Que podia ser pior do que eu”.
Assim ela se segue, mostrando o surgimento da sua empresa “Dark Horse”. O seu envolvimento com a sétima arte e a criação da produtora “HandMade Films” com o auxílio de membros do grupo de humor inglês “Monty Python”. O encontro com sua alma gêmea Olivia Trinidad Arias e o nascimento do filho deles, Dhani. Seu envolvimento com os Hare Krishnas. Sua paixão pela Fórmula Um. A morte de John Lennon. O fortalecimento de sua carreira fora dos Beatles e a formação do supergrupo Traveling Wilburys com Bob Dylan, Jeff Lynne (ELO), Tom Petty e Roy Orbison em 1988.
E um depoimento engraçado de Petty ao saber do falecimento de Orbison por parte de Harrison que diz: “Você não está mais tranquilo? Podia ser um de nós?”. Com depoimentos emocionados de Olivia e Dhani que falam abertamente da relação deles com George. Especialmente Dhani, que se aproximou mais do pai depois que foi preso pela polícia após um incidente onde Harrison não saiu do lado do filho. Tirando a imagem de pai autoritário que Dhani tinha dele.
A luta contra o câncer diagnosticado em 1997 e a invasão ocorrida na casa deles em 1999, onde o invasor quase o matou a golpes de faca. Essa história é contada por Olivia com uma riqueza de detalhes que chega a assustar. No mesmo ano, foram para as ilhas Fiji se recuperar do incidente e tirar umas férias do tratamento contra a doença.
Scorsese
exibe um retrato farto sobre a persona de George Harrison em seus 208 minutos,
não tenta explica-lo e/ou desmitifica-lo, e sim um ser humano como nós tentando
deixar sua mensagem no plano material que vivemos e tentar conseguir a paz
espiritual que todos desejam. Assim como ele conseguiu. Infelizmente o
documentário não foi lançado por aqui. Sendo possível sua aquisição via
importação de um box com livro, dvd duplo, 1 blu-ray e um cd com canções demo e
inéditas tocadas no filme. Ou você pode tentar carrega-lo nos sites de
compartilhamento espalhadas pela internet.
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