O cinema brasileiro aprendeu a fazer uso de um novo filão. As cinebiografias de nossos astros da musica brasileira. Em 2004, tivemos o poeta do rock Cazuza retratado em “O Tempo Não Para” por Daniel de Oliveira, o inquieto Renato Russo (Thiago Mendonça) em “Somos Tão Jovens (https://cyroay72.blogspot.com/2013/05/realmente-somos-tao-jovens.html) ” de 2013, o sindico “Tim Maia (https://cyroay72.blogspot.com/2014/11/tim-maia.html) feito por Babú Santana em 2014, a ternurinha “Elis” Regina (Andrea Horta) em 2016 (https://cyroay72.blogspot.com/2016/12/um-furacao-chamado-elis.html) e a eloquente Gal Costa (Sophie Charlotte) em “Meu Nome é Gal” de 2023. Agora é a vez do inigualável Ney Matogrosso ter sua história contada no cinema em “Homem com H (2025)”. Escrito e dirigido por Esmir Filho, que adaptou “Ney Matogrosso: A Biografia (2021) de Júlio Maria, e Jesuíta Barbosa é Ney.
Nos trazem as origens de Ney desde pequeno, já demonstrava fascínio pelas artes. O pai Antônio (Rômulo Braga) é da aeronáutica e tenta conter o filho. Acreditando que a rigidez militar pode coloca-lo no eixo. Ledo engano, ele é incentivado pela mãe Beita (Hermila Guedes). O lado artístico vem à tona, após o show de Elvira Pagã, feita pela cantora Céu. Adulto (Barbosa), na ultima briga com Antônio, é expulso de casa. Alista na aeronáutica e se destaca como um dos melhores soldados do seu pelotão. Lá se despede do amigo Araújo (Pedro Zurawski) que parte para seu estado natal, Espirito Santo. Em ordem cronológica, acompanhamos o dia a dia de Ney, desde a infância no inicio dos anos 50 e o final deles, já no começo dos anos 60, trabalha com artesanato e moda. Idas e vindas, passa por Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.
Tentando a carreira como ator até que por indicação de uma amiga, conhece João Ricardo (Mauro Soares) e Gerson Conrad (Jeff Lyrio). Com quem formaria o trio Secos & Molhados. Encantado pela proposta musical da dupla, aceita o convite para ser o cantor. Desde que tivesse a liberdade de se expressar como quiser, em cima do palco. Sua homossexualidade ganha novos contornos, já que sua performance de palco chama atenção de todos. Além de sua voz, que possui um tom único e potente. Apesar de dizer que não é gay, já que se relaciona mulheres. Neste caso, os dois sexos. O grupo se torna um sucesso nacional, mas a pressão faz com que se separem.
Já em carreira solo, Ney tem a oportunidade de ser o artista que sempre sonhou. Expressar sua musica e sua arte sem qualquer tipo de amarra. A dita liberdade de expressão. Assim temos o mote de “Homem Com H”, onde vemos Ney ser tudo o que imaginou para si e indo além. Experimentou todas as formas de amor. Ate se encontrar com o médico Marco de Maria (Bruno Montaleone) e o poeta Cazuza (Jullio Reis). Ambos retratam sua busca pelo amor verdadeiro, os dois expressam isso de modo especifico. O primeiro representa a estabilidade de uma relação de cumplicidade. Já o segundo, a instabilidade por ambos serem artistas contestadores e sempre à procura de algo novo.
Ambos eram pura “dinamite”. A cena em que Ney expulsa Cazuza de seu apartamento é verdadeira. O próprio já comentou sobre ela. O então jovem chega drogado e bêbado acompanhado por outra pessoa. A película aborda o surgimento de Aids nos anos 80 de forma sincera. O momento em que Jesuíta e Jullio conversam sobre a última turnê de Cazuza, que teve Ney como diretor musical e de produção, é emocionante. Discutindo sobre o repertorio, com canções como “Todo Amor que Houver Nessa Vida” e “O Nosso Amor A Gente Inventa” e o final do show com a atemporal “O Tempo Não Para”.
Jesuíta caiu como uma luva no
papel. Em determinado momento, parece
estamos diante do próprio biografado. Que deu sua benção ao filme e surgindo no
final, quando se apresentou na cidade de São Paulo em 2024. Com a arena Allianz
Parque completamente lotada. Esmir nos traz como Ney vive de acordo com suas
regras e não abaixando sua cabeça para os obstáculos a frente. Seja o pai, a
ditadura, o mundo e mais importante, o respeito por ele ser quem é. Um artista
completo em todos os sentidos da palavra.
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