A banda irlandesa U2 pode ser considerado a maior dos anos 80. Poucas conseguiram manter o próprio legado como Bono (vocais, guitarra e harmônica), o guitarrista “The Edge” Dave Evans, o cool Adam Clayton no contrabaixo e o sisudo Larry Mullen Jr. na bateria. O U2 vem revisando seu catalogo com as edições comemorativas de “All That You Can't Leave Behind (https://cyroay72.blogspot.com/2021/02/os-20-anos-de-all-that-you-cant-you.html)” de 2020 e “How To Dismantle An Atomic Bomb (https://cyroay72.blogspot.com/2024/11/how-to-dismantle-atomic-bomb-do-u2.html) de 2004. Em 2022, Bono lançou o livro de memorias “Surrender : 40 Músicas, Uma História”. Comentamos no link: https://cyroay72.blogspot.com/2022/11/a-autobiografia-surrender-40-musicas.html
Este se tornou o mote para o documentário “Bono: Stories of Surrender (2025)”. Que foi ovacionado na última edição do Festival de Cannes. Dirigido por Andrew Domink, que realizou o drama “Blonde (2022)” sobre a musa Marylin Monroe. Aqui acompanhamos o carismático cantor irlandês numa apresentação individual no teatro Beacon em Nova York. Desta vez, sem seus parceiros de banda, Bono mescla uma performance como bem conhecemos no palco e ao mesmo tempo, abre seu coração com uma sinceridade quase nunca vista por artistas que possuem o mesmo ou maior status que ele no mundo.
Relembrando os tempos, quando criou o apelido Bono Vox. Um tímido Paul Hewson. Que se descobriu musicalmente com a influência do pai, Bob. Este era uma amante da opera e assim acenda a chama interna para ser um cantor. Relata também, mesmo assim não eram próximos. Bono tinha a mãe Iris como referência. A religião sempre fez parte da sua vida. Bob era católico e Iris era anglicana. Sente muita a falta dos dois. Isso é refletido nas letras de canções como “Iris” e “Sometimes, You Can’t Make it on Your Own”, um tributo ao pai. O hino “I Will Follow” e “Out of Control” relatam sua dor pela perda da mãe.
Filmado em preto e branco, destaque para o trabalho do diretor de fotografia Erik Messersmidt. Soube usar o telão LED ao iluminar a silhueta de Bono e dos músicos que o acompanham. Uma harpista, uma violoncelista e um baterista. No palco, uma mesa com cinco cadeiras. Permitem que Bono se aproxime do público. Dando uma sensação de intimidade, já que no intervalo entre as canções, fala abertamente sobre sua vida. Antes, durante e o agora com U2. Confirmando que a esposa Ali Stewart é sua ancora de salvação. Enquanto é um rockstar que busca a grandeza, mas isso lhe proporciona uma visão pequena do que as coisas realmente são. É Ali que tenta colocar seus pés em terra firme.
Sua luta contra a fome e a pobreza mundial também o cegam, onde se questiona se está trilhando o caminho certo. Um dos melhores momentos é com a canção que abre o documentário, a pulsante “Vertigo”. Ao introduzi-la, relembra o momento delicado da sua vida em 2016. Quando uma bolha foi encontrada em sua válvula aórtica, que quase o levou a morte. E se questionando: “Como cheguei aqui?”. Quebrando a quarta parede em meio ao blues rock “Desire”, com um monologo interno. Os hinos “Pride (In The Name of Love)” e “Sunday Bloody Sunday” ganham uma versão mais intimista. Bono deixa bem claro que coloca suas genuínas emoções no cancioneiro do U2. Seja sobre Iris, Ali, família e as atrocidades que acontecem mundo afora. Além de mostrar como é a Irlanda de acordo com o que vê e sente. O que dá autenticidade a “Stories of Surrender”.
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