A máfia italiana e a sétima arte possuem uma relação intrínseca. E desde que o cinema é cinema, vemos filme com o tema em filmes estrelados pelas lendas James Cagney e Humphrey Bogart nos anos 40 e 50. Chegando ao seu melhor momento nos anos 70 com a saga da família Corleone em “O Poderoso Chefão” de Francis Ford Coppola. E para muitos o melhor filme do gênero, “Os Bons Companheiros (1990)” de Martin Scorsese. Os últimos contam com Robert De Niro. Em “O Poderoso Chefão Parte II”, ele faz o pai de Michael Corleone, Don Vito, em sua ascensão no mundo do crime. Já no segundo, ele faz Jimmy Conway, um irlandês que trabalha para a máfia em Nova York.
Assim, O mítico ator se tornou uma referência no gênero. Retornando em “The Alto Knights: Máfia e Poder (The Alto Knights, 2025)”, que é baseado em uma história real da rivalidade entre dois mafiosos, Frank Costello e Vito Genovese. Nos anos 50 eram os principais nomes da máfia em NY. Amigos de infância que se tornaram inimigos mortais. Devido a diferença de opiniões e temperamentos. Onde o segundo tentou assassinar o primeiro. A tentativa não teve sucesso, com Costello se ferindo e isso fez refletir com que arranjasse um modo para sair de vez do submundo do crime. DETALHE: Os dois são interpretados por De Niro.
Assim ele se divide nas duas personas. Vito é o mafioso a moda antiga que se impõe através da violência, uma pessoa implacável e controladora. Enquanto Frank é mais moderado, tem como habito conversar com seus opositores. Buscando por um entendimento e consolidar alianças. Após o atentado, que contou com o capanga de Vito, Vincent (Cosmo Jarvis), a rixa ganha novos tons. Um acerto de contas, de proporções épicas. Só um artista como Robert De Niro para dar as camadas dramáticas aos seus personagens.
Trejeitos, modo de falar, a postura e acima de tudo, o olhar. Como bem diz o ditado, “um olhar fala mais do que mil palavras”. Em meio a esse turbilhão de emoções, temos a esposa de Frank, Bobbie. Feita por Debra Messing, do seriado televisivo “Will & Grace (1998 a 2020)”. Uma mulher ciente do seu status social e entendendo a posição do marido como chefão da máfia. Deixando o cotidiano do casal mais pacifico e rotineiro. Já Vincent é o capacho de Vito, sendo conveniente para ele fazer isso e ascender na organização. O destaque não poderia ser diferente é De Niro. Exibindo as nuances de seus personagens, o trabalho da equipe de maquiagem foi essencial para sua performance.
Pois Vito e Frank possuem características próprias e assim auxiliam Robert. “The Alto Knights” retoma a parceria De Niro - Barry Levinson, mais conhecido pela franquia scifi “MIB: Homens de Preto”. Os dois trabalham juntos no drama “Sleepers: Vingança Adormecida (1996)”, na comedia ‘Mera Coincidência (1997)” e mais recentemente no filme HBO “O Mago das Mentiras (2017)”. Levinson nos leva à uma viagem no tempo. Uma primorosa reconstituição de época dos anos 50, os cenários e o figurino caprichados nos fazem sentir que estamos com eles.
Passeando pela cenografia, os tons acinzentados se destacam entre as sombras de uma cidade cheia de segredos. Isso graças ao experiente diretor de fotografia Dante Spinotti, que trabalhou com Michael Mann em “Fogo Contra Fogo (1995)” e o elogiadíssimo “O Informante (1999)”. Além de trazer à tona, como a máfia se tornou tão poderosa na terra do tio Sam. O título da película é o nome do clube que Frank e Vito frequentavam na juventude, “Alto Knights Social Club”.
Frank narrando a própria história, com a ascensão da colônia italiana nos EUA até se tornar o que bem conhecemos. Autoridades policiais e políticos influentes se aliam para favorecimento próprio. E Frank evitando que o comando caía nas mãos de Vito. Deixando bem claro para o governo norte-americano que a máfia não era um bando de ladrões de pequeno porte. Realmente num sistema que tornou o submundo do crime no “crime organizado”. Mesclando imagens de época com o uso da IA para inserir os personagens dentro de imagens históricas. Lendas urbanas e verdades se misturaram perfeitamente. Há referências de “Os Bons Companheiros” e “Cassino (1995)”, para o espectador mais atento.
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