O cinema da nossa terra brasilis está em alta, graças ao impactante drama “Ainda Estou Aqui”. Sendo o primeiro filme brasileiro a levar para casa, o Oscar para Melhor Filme Internacional deste ano. Além da extraordinária atuação de Fernanda Torres como a protagonista Eunice Paiva, pela qual foi indicada ao Oscar para Melhor Atriz. Infelizmente não foi desta vez, quem ganhou foi Mikey Madison por “Anora”. Fernanda Montenegro reeditou a parceira com Walter Salles de “Central do Brasil (1998)”, como a versão mais velha de Eunice, são cinco minutos de uma atuação silenciosa e poderosa. Agora a dama do cinema e do teatro, está de volta com o drama baseado numa história real, “Vitória (2025)”.
Ela faz a personagem, Dona Nina, que denunciou um esquema de tráficos de drogas que rolava na favela na frente do prédio que morava na zona sul do Rio de Janeiro em 2005. Ao contrário dos dia de hoje, onde tudo é filmado com câmeras de celulares e smartphones, Nina precisou ir a uma loja que vende material de informática. Para comprar câmeras e filmes para gravar os traficantes vendendo drogas e constatar a conivência daqueles que deviam prende-los. Ou seja, a polícia local. Tomando a atitude contra quem é a autoridade responsável para evitar que isso ocorra. Sua coragem é tema da reportagem do jornalista Fábio Godoy, feito por Alan Rocha. Nina chegou a denunciar na polícia, mas não lhe deram atenção. Sendo orientado por Fábio quando a história for divulgada na mídia, sua vida corre perigo, a matéria acaba repercutindo por todo o Brasil.
Sendo levada para o serviço de proteção de testemunhas e assim ganha o nome que dá nome à película. Nina é baseada em Joana da Paz, uma mulher negra que relatou o crime e o jornalista Fábio Gusmão que escreveu a matéria a respeito em 2005 no jornal Extra. Joana já estava “escondida”, quando o assunto veio à tona. “Vitória” foi dirigido por Andrucha Waddington a partir do romance escrito por Gusmão, “Dona Vitória Joana da Paz (2024)”. Adaptado pelo casal Paula Fiuza e Breno Silveira. Este veio a falecer em 2022, no início das filmagens e atendendo um pedido pessoal de Paula, Andrucha assumiu a cadeira de diretor. Eles eram grandes amigos e também estava envolvido na produção do longa. Questionou-se sobre a mudança de etnia da personagem, o que consta quando foi iniciada as filmagens, ninguém sabia a verdadeira identidade de Joana. Só durante a produção, com seu falecimento em 2023 aos 97 anos, ela foi revelada.
O mesmo ocorreu com Fábio Gusmão, aqui com o sobrenome Godoy, e ele é branco. Seu interprete Alan Rocha é negro. Essa inversão é justificada como uma homenagem aos personagens. Gusmão revelou em entrevista que Joana era apaixonada por Fernanda Montenegro, além de considera-la uma “atriz maravilhosa”. Aqui vemos sua força e presença de cena aos 95 anos, uma entidade. Verdadeiro mito das artes cênicas. Cativa o espectador com a fragilidade física de Nina, mas que dentro de si possui a resiliência necessária para seguir em frente. Assumindo todos os riscos pelos seus atos. Completam o elenco, cantora ativista trans Linn da Quebrada como a vizinha de Nina, Bibiana, e o pequeno Thawan Lucas é o menino de rua Marcinho, que a auxilia em algumas tarefas domésticas. Tendo como referência os personagens de “Central do Brasil”, Dora (Montenegro) e Josué (Vinicius de Oliveira).
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