O jovem cineasta Brady Corbet, que trabalhou como ator nas produções “Melancolia (2011)” de Lars Von Trier e “Enquanto Somos Jovens (2014)” de Noah Baumbach, estreou na cadeira em “The Childhood of a Leader” em 2015 e agora nos traz o épico “O Brutalista (The Brutalist, 2024)”. Segundo o próprio levou sete anos para ser produzido. Dividiu o roteiro com a companheira Mona Fastvold, cineasta holandesa. Eles se conheceram em 2014, quando trabalharam juntos em “The Sleepwalker”. Eles nos trazem o conto do imigrante húngaro Lászlo Toth, interpretado por Adrien Brody, recém chegado nos EUA e fugindo da Segunda Guerra Mundial da Alemanha nazista de Hitler.
Sua esposa Erzsébet (Felicity Jones, a Jynn Erso de “Rogue One: Uma História Star Wars)” e a sobrinha Zsófia (Raffey Cassidy), acabaram ficando para trás. Apesar do regime estar caindo, elas se encontram escondidas. Por causa da sua origem judia. Assim ele busca recomeçar para conseguir trazer as duas para a América. Tem o auxilio do primo Atilla (Alessandro Nivola), que possui uma loja de moveis e decoração ao lado da esposa católica Audrey (Emma Laird). Laszlo dorme de improviso no deposito da loja e ajuda o primo em seus negócios. Tudo corre para que ele consiga o dinheiro suficiente para trazer a esposa e a sobrinha, quando são contratados para um serviço para o jovem Harry Lee Van Buren (Joe Alwyn). Ele pede que reformem a sala de leitura do pai, Harrison Lee Van Buren, vivido pelo canastrão Guy Pearce, como presente de aniversário.
Com seu conhecimento em arquitetura, Toth tem a chance de exibir toda sua arte. Tanto ele quanto Atilla acreditam que irão agradar ao milionário. Ao chegar em sua suntuosa mansão, Harrison por não estar ciente da situação, os expulsa de lá. E ainda são pagos pelo serviço. Criando um conflito entre os primos, com Atilla afirmando que Laszlo assediou sua esposa. Sendo acusado pela própria, por isso é expulso e suas relações são rompidas. Retomando a situação em tempos de guerra, sem dinheiro e moradia. Passado certo tempo, está trabalhando numa mina de carvão e a situação muda mais uma vez, com a visita inesperada de Harrison. Este veio no seu encalço para pedir desculpas pelo ocorrido. Além de pagar pelo serviço prestado e para lhe dizer que descobriu quem ele é. Um grande arquiteto na Europa e o que fez trabalhar em algo tão abaixo de sua formação. Somada a uma proposta que lhe trará o que mais deseja. Reconhecimento profissional na América e sua família ao seu lado.
O que parece o inicio de uma grande amizade e relacionamento profissional vai se mostrando como algo que Laszlo viveu no nazismo. Apesar de Harrison aparentar gostar dele, é na verdade, conveniente para ambos. Ambos realizam o que desejam e convivem pacificamente, já que suas visões são realizadas de acordo com o que ambos conversam. Filosofia, arte e riqueza se confundem como se fossem intelectuais. Harrison deseja construir um espaço cultural em homenagem a mãe falecida e por isso chama Laszlo para planeja-lo. Influenciado por Bauhaus (por favor, não confundir com a banda de rock gótico dos anos 80) e admirado por Van Buren. Toth encontra o momento perfeito para se expressar artisticamente. E graças aos contatos de Harrison, enxerga um meio de trazer Erzsébet e Zsófia. Assim temos a trama básica de “O Brutalista”.
Que além de exibir esta arte, uma arquitetura baseada em concreto cru e aparente. Com formas geométricas simples como blocos regulares, torres, cubos e ângulos em cantos propositais. Corbet oferece a cada passo da obra como a relação de Laszlo e Harrison evolui. Daí vemos o preconceito velado da parte do segundo e contando a situação financeira de ambos os diferencia. Sua riqueza oprime Toth e deixando bem claro que ele trabalha incondicionalmente para Van Buren. Ao mesmo tempo, o arquiteto quer deixar sua marca na América e se reconectar com Erzsébet e Zsófia. A atuação do trio formado por Brody, Jones e Pearce dita o tom da película.
Dividida em quatro atos (“Abertura”, “O Enigma da Viagem”, “A Parte
Difícil da Beleza” e “Epilogo: A Primeira Arquitetura Bienal”),
justificam a duração de três horas e trinta e cinco minutos. Brady
inteligentemente colocou um intervalo de quinze minutos, para o público não cansar
e refletir o que viu até então e na sua conclusão. A vida e obra de Laszlo é
uma reflexão de como o imigrante chega aos EUA e vai se desiludindo com a
promessa de uma vida melhor para si e quem ama. Já tecnicamente falando, “O
Brutalista” é um espetáculo. Filmado em VistaVision 35mm que possibilita
uma qualidade de imagem mais apurada e de acordo com a visão de seu realizador.
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