O narcotráfico mexicano sempre rendeu boas histórias na sétima arte. Como exemplo recente temos a franquia “Sicario” que traça um retrato bem realista sobre a guerra contra as drogas nos EUA. Comentamos no link: https://cyroay72.blogspot.com/2018/06/sicario-dia-do-soldado.html. Agora o cineasta francês Jacques Audiard entra de cabeça no tema com “Emilia Perez (2024)”. Ao contrário do que estamos acostumados, vemos a advogada Rita Mostro Castro, vivida pela guardiã da galáxia Zöe Saldaña, em seu caótico cotidiano. Vivendo de pequenos casos nos tribunais da cidade do México.
Até que recebe uma ligação inesperada. Se encontrar com um cliente misterioso que lhe oferece uma oportunidade que deixará sua vida estabilizada. Financeiramente falando. Descobrindo que vai se encontrar com o implacável traficante de drogas Juan “Manitas” Del Monte, interpretado pela atriz trans Karla Sofia Gáscon. Este com uma proposta bastante inusitada. Ele deseja fazer uma cirurgia de mudança de sexo. Que ele tem o dinheiro disponível para o procedimento. Mas quer total discrição e ninguém pode saber o que está fazendo. Caso ela consiga achar um médico que faça a operação e obedeça as condições impostas, Rita terá uma saúde financeira invejável.
Ao mesmo tempo, esconder da família, o ocorrido. Em especial, sua esposa Jessi (Selena Gomez de “Only Murders in the Building”) e os filhos pequenos. Manitas garantiu o futuro da família, lhes deixando uma boa herança. A operação é bem sucedida. E Manitas é declarado morto. Passados quatro anos, Rita vai a um jantar em Londres e conhece Emilia Pérez. As duas conversam até que a primeira descobre com quem está falando. É Manitas finalmente assumindo sua verdadeira faceta. Solicitando seus serviços mais uma vez. Ela deseja se reunir com sua família, apresentada como uma prima distante de Manitas.
Ainda vivendo o luto, Jessi suspeita de suas intenções. E ao mesmo tempo, se sente aliviada com a morte do marido. Para viver com quem sempre amou, Gustavo Brun (Édgar Ramirez). Já Emilia busca por redenção pelos atos de Manitas, quando era o traficante. Pessoas que o traíram eram assassinadas sem qualquer remorso. Seus corpos eram esquartejados, queimados vivos e os restos enterrados em valas comuns. Com o auxilio de Rita, abre uma ONG que auxiliam os familiares a encontrarem seus restos mortais e enterra-los com dignidade. Dai o mote inicial de “Emilia Pérez”, Audiard exibe um país devastado pela guerra contra as drogas. A partir do ponto de vista de quem o faz. E as pessoas comuns vivem a margem de uma sociedade privilegiada.
Os afortunados estão acima de tudo e de todos. O destaque fica para a trilha musical, mesclando tempero latino com o bites eletrônicos da dupla Clémence Ducoll e Camille. Casados na vida real, comentam que precisaram se reinventar musicalmente para trazer o Jacques idealizou para o filme. Zoe e Karla soltam a voz em “El Mal”, e Selena relembra a carreira musical na balada “Mi Camino”. “Emila Peréz” trazendo à tona, um país dominado pela corrupção de uma política local que pouco faz para mudar isso. Ao mesmo tempo, vemos a personagem principal tentando deixar para trás uma vida de crime. Para recomeçar do zero, como sua verdadeira persona. Karla exibe essa transição perfeitamente.
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