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A "BABILÔNIA" de Damien Chazelle

Quando surgiu em 2014 com o impactante “Whiplash: Em Busca da Perfeição”, o jovem cineasta Damien Chazelle disse a que veio. Já marcou território com o ousado musical “La La Land: Cantando Estações (2016)” ao levar para casa o Oscar como Melhor Diretor daquele ano. Mais tarde trouxe a scifi baseada em fatos reais “O Primeiro Homem (2018)” sobre a ida do astronauta Neil Armstrong à Lua, na primeira viagem ao satélite em voo tripulado. Agora como novo trabalho temos “Babilônia (Babylon, 2022)”. Um drama que nos leva a Era de Ouro em Hollywood nos anos 20. Aqui temos Manny Torres (Diego Calva) querendo ser como seus ídolos na sétima arte. Trabalhando como segurança das festas suntuosas que ocorrem na capital do cinema. Em uma delas, conhece Nellie La Roy, feita pela Arlequina Margot Robbie.

Uma jovem tentando fazer seu nome em Hollywood. Do outro lado, o astro Jack Conrad, feito pelo galã Brad Pitt. Este vive numa encruzilhada para se adaptar aos novos tempos no cinema. Grande estrela do cinema mudo, que precisa se adequar. O som está chegando com força e ele vai ter que fazer mais do que caras e bocas na frente das câmeras. Acompanhando a jornada de Manny para realizar seu sonho, temos a cantora chinesa de cabaré Lady Fay Zhu (Li Jun Li) e o trompetista Sidney Palmer (Jovan Adepo). Este também tentando se encontrar no meio cinematográfico e em especial, na parte musical. Entre idas e vindas, todos se encontram, discutem seus sonhos e decepções. Vivem como se não houvesse amanhã, aproveitam ao máximo o momento. 

Assim temos o mote inicial de “Babilônia”, onde Damien nos traz sua visão sobre esta fase em Hollywood, conhecida pelos seus excessos e o ritmo louco para se produzir o maior número possível de filmes. Lembrando em determinado momento, o conto “As Invenções de Hugo Cabret (2011)” de mestre Martin Scorsese, que tem como base o cineasta Georges Méliès. Que produziu mais de 500 filmes entre 1896 a 1912. Manny ao lado de Nellie nos sets de filmagem, o caos rolando literalmente. De um lado, temos um faroeste. Do outro, um filme chinês. Mais à frente, um filme de ação em uma floresta montada com plantas artificiais. Somada a um excelente trabalho para reconstruir esta era do cinema. 

A cenografia e os figurinos chamam atenção pela riqueza de detalhes e beleza estética. Graças aos desenhistas Florencia Martin e Anthony Carlino, e a figurinista Mary Zophres.  Zophres já havia trabalhado com Chazelle em “La La Land” e chegou a ser indicada ao Oscar daquele ano como Melhor Figurino. O ritmo quase frenético da película é feito excepcionalmente pelo editor Tom Cross juntamente com o trabalho do diretor de fotografia Linus Sandgren, que ilustram a grandiosidade dos cenários. Seja em local fechado, seja em aberto para dar a sensação que seus personagens estão lutando em meio a um sol escaldante no deserto no Saara. Acompanhados de música ao vivo. 

Justin Hurwitz, parceiro musical de Damien desde seu primeiro filme “Guy & Madeline on a Park Bench” de 2009, orquestra uma trilha musical original com o melhor do boogie woogie e jazz daqueles tempos. Desde sua sequência de abertura para uma tresloucada festa, momentos escatológicos que decorrem no filme e passando pela tensão nos bastidores com a produção continua em Hollywood. Chazelle presta um tributo ao cinema, tendo como referência o clássico musical "Cantando na Chuva (1952)". Onde cria uma conexão, já que ambos os filmes retratam a saída do cinema mudo e vindo do som às películas. Brad e Margot exibem a competência de sempre. Pitt está perfeito como o astro em franca decadência que “está vivendo seus momentos finais” em todos os sentidos da frase. Tentando se adaptar a esta evolução no cinema. 

Robbie faz uma personagem que vive ao seu modo. Extravagante, viciada em jogatina e sem amarras. Um contraste a Jack, ela está em ascensão, pagando o preço por ser quem é. Temos a participação especial de Jean Smart (da série HBO “Hacks, desde 2021”) como a jornalista sensacionalista Elinor St. John, com um olhar critico e realista sobre a vida em Hollywood. Deixando bem claro a Jack que a fama é fugaz e que de tempos em tempos, surgiram outros como ele e ela própria. Completam o elenco, o eterno Homem-Aranha Tobey Maguire é o amalucado mafioso James McKay; Eric Roberts (sim, ele é irmão de Julia Roberts!) faz o pai sem noção de Nellie, Robert; e Flea (o inquieto contrabaixista dos Red Hot Chili Peppers) é o inescrupuloso executivo de estúdio Bob Levine.

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