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"JUDAS & O MESSIAS NEGRO"

A tensão racial na terra do tio Sam sempre gerou bons filmes sobre o tema. Como o clássico “O Sol é para Todos (1962)”, o cult “Mississipi em Chamas (1988)” e mais recentemente “The Help: Histórias Cruzadas (2011)”, “Selma: Marcha para a Liberdade (2014)”, “Infiltrado na Klan (2018)”, “Queen & Slim: Os Perseguidos (2020)” e “Uma Noite em Miami (2020)”. Agora é a vez da história real sobre o líder dos Pantera Negra, Fred Hampton em “Judas & O Messias Negro (Judas and the Black Messiah, 2020)”, dirigida por Shaka King. Que inclusive escreveu o roteiro ao lado de Will Berson, Keith & Kenny Lucas.

Baseado em fatos reais, aqui vemos o jovem Fred Hampton, interpretado por Daniel Kalyuua do thriller “Corra (2017)”, a frente dos Panteras Negra na sua cidade natal, Chicago. Seguindo o exemplo deixado por Martin Luther King e Malcolm X, seu discurso pelos direitos iguais entre negros e brancos ganha um teor radical para atingir seus objetivos. Misturando o tom pacifista de King, que via as palavras como argumento em acabar com preconceito racial. Já Malcolm, visava o conflito armado como solução, seguindo naquele velho ditado, “fogo contra fogo”. Por suas ideologias, foram brutamente assassinados. Mesmo assim, Hampton continuou na sua luta.


Fred estava conseguindo atingir seu povo na luta contra o racismo. Assim chama a atenção do diretor do FBI J. Edgar Hoover, feito pelo veterano Martin Sheen (da série Netflix “Grace and Frankie, desde 2015”). Fazendo que a filial de Chicago ache um modo de acabar com as ações de Hampton por lá. Assim temos o agente Roy Mitchell (Jesse Plemons, o Todd Alquist da cultuado serie “Breaking Bad, 2008 a 2013”) que enxerga uma oportunidade de cumprir a missão dada por Hoover, com a prisão do ladrão de carros Bill O’Neal (Lakeith Stanfield de “Entre Facas & Segredos, 2019”).

Este finge ser um agente do FBI ao entrar em um bar de negros, inqueri seus ocupantes. Até conseguir revistar a todos e pegar furtivamente a chave do carro de um deles. Porém é descoberto e corre para fugir. Perseguido e pego pelo polícia local. A oportunidade surge para Roy e Bill, onde o primeiro quer usar o segundo como informante. O infiltrando nos Panteras Negras para se tornar um aliado de Hampton. Para assim, seguir seus passos e informar a Roy que ele está fazendo. Em troca, Bill é inocentado das acusações de roubo e identidade falsa.


Aos poucos, Bill vai se aproximando até ser chamado sua atenção pelo próprio Fred em uma palestra dentro da sede dos Panteras Negras. Ele tenta passar uma cantada em uma das aliadas, a mesma se sente desconfortável pela atitude. Hampton lhe diz para respeitar as mulheres que fazem parte do movimento, bem como aqueles que estão ao seu lado. Mais tarde ao encontrar Roy, ele pede um carro. Já que Hampton não dirige e sempre precisa de uma carona para ir a algum evento.  Assim temos a trama inicial para “Judas & O Messias Negro”.

Onde Shaka traz um retrato sobre o carismático Fred Hampton e como ele foi traído por aquele deveria ser seu igual no movimento. Misturando perfeitamente imagens da época (estamos em 1969), por exemplo de documentários e reportagens, com o que é visto em cena.  Figurinos e cenografia em destaque. A direção de fotografia de Sean Bobbitt equilibra os tons pasteis e o trabalho de edição de Kristan Sprague traz a agilidade imaginada por King para o filme. 

Daniel está magnifico como Hampton. Sua eloquência no discurso e carisma chama a atenção de todos na luta contra o preconceito racial. Até a maioria branca consegue convencer em uma das cenas mais impactantes da película numa visita ao sul dos EUA. Bem como latinos, milícias e gangs locais. Fala sobre a violência policial e como eles extremamente racistas. Partem direto para violência contra os irmãos afro-americanos. E o sistema capitalista vigente nos EUA, onde os pobres ficam mais pobres e os ricos mais ricos. 

A jovem Dominique Fishback faz seu par romântico Deborah Johnson, a interação entre os dois é imediata. O nível de cumplicidade deles impressiona. Bem diferente da eloquência em público, Hampton se mostra tímido ao seu lado. Já ela exibe uma força interior ao falar para Fred sobre a gravidez e que o bebê deles nascerá com um coração de uma pantera. Lakeith faz seu personagem dubio, que se aproxima do líder dos Panteras Negras, para se livrar da prisão. Ao mesmo tempo, não fica claro que se convence pelas palavras de Fred sobre a luta e o movimento Panteras Negra. Quando é questionado a respeito, apenas diz que fez o que fez, porque lhe pediram para fazer.


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