Aproveitando
a estreia de seu mais recente trabalho, “A
Garota Exemplar”, o diretor David
Fincher é um dos mais celebrados e cultuados da sua geração. Por isso
relembrar um pouco da sua carreira na sétima arte e discutir sobre o filme que
a impulsionou. Estamos falando de “Se7en: Os Sete Pecados Capitais (Se7en, 1995)”. Seu inicio como
estagiário da Industrial Light & Magic (ILM) de George Lucas, foi aos 18
anos, onde teve seu nome creditado nas produções de “Star Wars - Episodio VI: O Retorno de Jedi (1983)” e “Indiana Jones & O Templo da Perdição
(1984)”.
Se formando em
publicidade, deixou a ILM. Onde se notabilizou na direção de vídeo clips para
Sting (“Englishman in New York”), Paul Abdul (“The Way That You Love Me” e
“Straight Up”), Madonna (“Express Yourself” e “Vogue”) e Aerosmith (“Janie’s
Got A Gun”), por exemplo. Tendo sua primeira
chance como cineasta em “Alien 3 (1992)”. Foi chamado na
última hora, quando o roteiro ainda não estava finalizado. Foi uma experiência
traumatizante para Fincher, onde
teve que aguentar o descontentamento dos executivos da Fox pelo resultado final
da película, bem como a raiva dos fãs maiores ardorosos da saga.
Voltando ao mundo publicitário e dos vídeos clips. Fincher teve
finalmente sua chance de mostrar seu estilo único quando o roteirista Andrew Kevin Walker lhe entregou o
roteiro de “Se7en”. Com uma estrutura
narrativa que lembra antigos filmes policiais da década de 40 e apesar de
estarmos nos anos 90, a tecnologia ainda não era usada como um recurso a mais
na investigação. Diferentemente de hoje em dia, onde chega ser determinante
para a resolução do caso.
Em “Se7en”,
conhecemos o detetive prestes a se aposentar William Somerset (Morgan Freeman, Oscar de Melhor Ator
Coadjuvante por “Menina de Ouro,
2004”) em um caso de assassinato. Ele é apresentado ao novato David Mills (Brad Pitt, “Guerra Mundial Z, 2013”) que irá substitui-lo. Pelo tempo de casa,
Somerset percebe que essa não será uma investigação fácil e pede para o capitão
do departamento, chamar outro ao invés de Mills. Por considera-lo muito jovem
para tal tarefa.
Mills
se mostra impetuoso e sem paciência. Já Somerset começa a pesquisar com as
pistas deixadas na cena do crime. Onde a vitima foi obrigada a comer até
estourar (literalmente) o estômago. Indo na biblioteca da cidade, lá vê na
Bíblia e em livros que estudam a mesma (como por exemplo, "A Divina Comédia" de Dante
Alighieri). Referencias ao assassinato que vão diretamente aos sete pecados
capitais: A gula, a avareza, a luxuria, A ira, A inveja, A preguiça e O
orgulho.
“Se7en” se destaca, além da sua narrativa, a fotografia soturna de Darius Khondji que ajuda a dar aquele
clima de filme noir com um ar de arte moderna. Onde o preto e o branco se
misturam com as cores quentes e frias. Nas sequencias, em especial, onde temos
detalhes que como ocorreu cada assassinato de acordo com o pecado em questão. Aliada a excelente direção
de arte de Arthur Max e a edição primorosa de Richard Francis-Bruce junto ao ótimo trabalho da dupla formada por Pitt & Freeman. Onde Brad em inicio de carreira, enche de
carisma seu personagem. Morgan,
dando um ar de policial cansado de ver tantas atrocidades na carreira e
ganhando um novo gás ao lado do novo parceiro para a resolução inimaginável do
caso.
“Se7en” abriu caminho para um novo gênero cinematográfico junto a "O Silêncio dos Inocentes (1991)". Os filmes
policiais sobre assassinos em serie, ou mais popularmente conhecidos, como
serial killers. A construção do assassino aqui chamado de John Doe, é a
riqueza de detalhes nas mortes e como não deixa nenhum tipo de impressão, seja
digital e / ou sanguínea. Ele foi interpretado de forma brilhante por Kevin Spacey (Oscar de Melhor Ator
Coadjuvante por “Os Suspeitos, 1996”). Lá vemos também Gwyneth Paltrow (Oscar de Melhor Atriz
por “Shakespeare Apaixonado, 1999”) como a esposa de David, Tracy. Em começo de
carreira como Pitt e na época sua namorada.
Assim,
David Fincher consolidou sua
carreira no cinema. Apesar de curta na época, o que possibilitou a ele, deixar
sua marca no cinema. Com uma técnica única para prender a atenção do
espectador, um visual requintado (cenografia, figurino e fotografia) ao lado de
uma edição ágil e coesa para criar uma boa harmonia na construção narrativa e
cênica. O que pode ser visto no genial e brutal “Clube da Luta (1999)”; o jogo de gato e rato em “Vidas em Jogo (1997)”; no claustrofóbico
“Quarto do Pânico (2002)”; o retorno
ao gênero policial com “Zodíaco
(2006)”; entrando num campo novo no conto de fadas “O Curioso Caso de Benjamin Button (2008)”; a criação do Facebook em
“A Rede Social (2010)”, que lhe
rendeu sua primeira indicação ao Oscar de Melhor Diretor.
E voltando a contar histórias sobre serial killers em “Millennium: Os Homens que Odiavam as Mulheres (2011)”, para saber mais no link: https://cyroay72.blogspot.com/2012/02/millenium-os-homens-que-nao-amavam-as.html . Em 2013, Fincher entrou para o ramo televisivo com a série “House of Cards (2013 até hoje)” que fala sobre os bastidores de poder na Casa Branca e na sua capital, Washington. Sendo estrelada e produzida por Kevin Spacey. Ela foi criada por Beau Willimon, com base no romance homônimo de Michael Dobbs e na minissérie inglesa de Andrew Davies.
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