Nos últimos dias, uma triste estimativa tem ocorrido na terra da garoa. A taxa de feminicídio na cidade de São Paulo é a mais alta desde 2015. Agora em 2025, já somam 53, de janeiro a outubro. A mais recente vitima foi a jovem Tainara Souza Santos. Arrastada pelo carro do ex-namorado por mais de um quilometro na Marginal do Tietê (zona norte de São Paulo). Por isso, teve as duas pernas amputadas. Está internada e já sofreu quatro cirurgias. Sua saúde ainda é frágil, mas ela sobrevive e vem dando sinais de melhorada. Com isso dito, a HBO Max nos trouxe a minissérie “Ângela Diniz: Assassinada e Condenada (2025)”. Produzida e dirigida por Andrucha Waddington.
Adaptando o Podcast “Praia dos Ossos” da jornalista Branca Viana da rádio Novelo em 2020. Que traz um ponto de vista detalhado sobre o feminicídio mais conhecido do nosso país. Ângela foi brutalmente assassinada pelo seu namorado Doca Street. Eles viviam numa casa de praia em Búzios no mês dezembro de 1976. Seu julgamento abalou o Brasil, já que a decisão favoreceu o acusado. Justificando o crime como “tese da legitima defesa da honra”. Já que Ângela foi difamada durante o julgamento. Dita como uma pessoa promiscua e mãe ausente. Doca foi condenado a dois anos de prisão. A minissérie composta por seis episódios traz a perspectiva de Ângela, interpretada por Marjorie Estiano, exibe toda força e sensualidade da personagem. Sem vulgariza-la, a interpretando com muita desenvoltura e altivez. Se casando aos 17 anos e separando aos 26 anos.
Ficou conhecida como “A Pantera de Minas”. Ela chocou a sociedade conservadora da época, por seu espirito livre e autônomo. Seu amor incondicional pela filha, mesmo perdendo a guarda. Que acabou sendo compartilhada com sua mãe (Yara de Novaes). Resolve sair de Belo Horizonte e parte para a cidade maravilhosa Rio de Janeiro. Lá mantem o status de socialite e amizades próximas como a de Lulu Prado (Camila Mardila). Vivendo o que há de melhor da vida noturna no Rio de Janeiro. O luxo e esplendor de uma sociedade que vive a parte das pessoas comuns. Aqui Andrucha capricha nos cenários e figurinos. Numa das baladas conhece o homem que vai mudar sua vida radicalmente, Doca Street.
Feito por Emílio Dantas. Um relacionamento tempestuoso. Há o amor, mas o ódio está guardado num cantinho. Ele explode com o sentimento de posse de Doca, que não deseja dividir Ângela. Em especial com antigos namorados como o empresário Ibrahim Sued (Tiago Lacerda) e Tuca Mendes (Joaquim Lopes). Aqui Marjorie e Emilio capricham nas cenas românticas. Com a primeira caindo de corpo e alma no papel. Uma mulher independente que deseja viver a vida como desejava. Uma afronta ao machismo da época. Refletindo com o que ocorre nos dias de hoje. Já o segundo traz o homem inseguro e irracional. Nas palavras de seu interprete, “uma pessoa vazia”. O roteiro de Elena Soárez, Pedro Perazzo e Thais Alvarez, exibe como Ângela estava a frente do seu tempo. Pagando com a própria vida para conseguir ser quem foi. Somado ao discurso contra a masculinidade toxica, impunidade e lembrar quem comete um crime, deve ser preso e cumprir a pena relevante.

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