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Uma Jornada Espiritual em "O ÚLTIMO AZUL"

Nos últimos anos, a produção cinematográfica em nossa terra brasilis tem deixado sua marca, mundo afora. Não que já fosse reconhecido internacionalmente, mas com a recente conquista do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro pelo excelente “Ainda Estou Aqui” de Walter Salles Jr. ratificou isso. Comentamos no link: https://cyroay72.blogspot.com/2024/11/o-conto-baseado-num-fato-real-ainda.html. Festivais como Cannes, Berlim e Veneza mostram a força do cinema brasileiro. Em Veneza, o filme foi ovacionado e levou o prêmio como Melhor Roteiro Adaptado. Agora chegou a vez de “O Último Azul” de Gabriel Mascaro. O filme foi exibido na última edição do Festival de Berlim. 

Sendo muito elogiado e ganhando O Grande Prêmio do Júri (Urso de Prata). Mascaro é conhecido por obras por “Boi Neon (2015)” e “Divino Amor (2019)” que refletem como nossa sociedade exibe mascaras de um moralismo que não existe e o preconceito velado. Daí temos o conto sobre Tereza (Denise Weinberg), uma mulher de 77 anos que trabalha como faxineira numa indústria frigorifica de jacarés na região amazônica. Sua vida simples e tranquila sofre um revés de 360° graus, ao ser chamada para ir a uma colônia para idosos. 

O governo brasileiro criou uma lei em que homens e mulheres ao completarem 80 anos, devem ser enviados por lá até seu falecimento. Para não atrapalhar a rede de trabalho da população ativa. Porém, ela não contava com a redução para 75 anos, uma nova medida na constituição. Fazendo com que ela corra contra o tempo. Antes de ser levada por agentes governamentais à colônia. Tentando realizar seu sonho em viajar de avião, cruza os rios da região. Partindo para uma jornada pessoal e espiritual. Durante o percurso, ela encontra o caracol baba-azul. Reza a lenda, de quem pingar nos olhos, uma gosma azul neon que ele solta, é capaz de ver o próprio futuro. Por isso, a ficção e a realidade se misturam. 

O tom de fantasia ganha contornos de discussão social. O autoritarismo de quem está no poder e a discriminação com as pessoas idosas. O chamado etarismo. Daí o mote inicial de “O Último Azul”. Um dos charmes da película é a atuação de Denise, exibindo perfeitamente que a idade não é um empecilho. Apesar do desgaste físico, o espirito e a mente se mantem intactos. Ao usar a gosma, se motiva ainda mais para explorar seus limites. Ao mesmo tempo, critica a política do nosso pais e a fome sem fim do capitalismo. Onde para manter o sistema funcionando, afasta as pessoas que já não conseguem trabalhar como antes. 

E afetar a continuidade da força braçal mais jovem. Sem que reflitam quando chegar o momento de se “aposentarem”. Mascaro traz à tona como vivemos numa sociedade que não respeita as pessoas mais velhas. Além de um sistema ditatorial que é desmascarado com frases como “Idoso não é mercadoria” e “Devolvam Meu Avô”. Somado a um capitalismo desenfreado. A viagem de Tereza é envolta com a beleza natural das paisagens amazonenses. Graças ao trabalho do diretor de fotografia Guilhermo Grazza que captou perfeitamente sua essência. Ela é acompanhada pelo barqueiro Cadu, interpretado pelo galã Rodrigo Santoro

Apesar da curta participação, seu personagem é um homem simples e casca grossa, que esconde uma faceta sensível e amorosa. A parceria de viagem de Tereza, Roberta (Miriam Socarrás) que vende bíblias digitais. Mas que não acredita no evangelho.  Elas exibem uma preocupação das pessoas como você e eu, sobre o que é envelhecer. Vendo que a realidade pode ser dura para nós.  A falta de respeito e pior, a sociedade como um todo em nos subestimar. As duas mostram que possuem muita lenha para queimar. A vontade de se descobrir, encontrar o novo e não ter medo dos obstáculos. A idade avançada não é um empecilho. Como diz um velho ditado, aprendemos com a vida e ela nos proporcionou a experiência de vivencia-la intensamente.

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