O gênero horror ganhou uma injeção de ânimo nos últimos anos. Indo além do padrão estabelecido. Seja com uma história verídica ou adaptada de mestres do terror como Stephen King ou inédita. No primeiro caso temos a franquia “A Invocação do Mal” que trouxe os contos sobrenaturais do casal Ed e Lorraine Warren. Já o segundo, tem tido sua obra retratada em filmes como “It: A Coisa” e “Doutor Sono” em 2019. O terceiro, a reinvenção da franquia “Pânico”. Zach Cregger nos traz o conto original “A Hora do Mal (Weapons, 2025)”. Ele estreou na cadeira de diretor com o impactante “Noites Brutais” em 2022.
Aqui temos o desaparecimento de 17 crianças às 02 horas e 17 minutos na madrugada de uma quarta-feira na cidade de Maybook (Pensilvânia, EUA). Todos faziam parte da mesma sala de aula da professora Justine Grady, com a Surfista Prateada Julia Garner no papel. Ao chegar a escola para encontra-los, percebe que há somente Alex Lily (Cary Christopher). Os pais dos outros alunos entram em pânico, já que não sabem o paradeiro deles. As investigações começam.
Mostram que elas saíram espontaneamente e não houve arrombamento em suas casas. As câmeras da vizinhança foram acionados, comprovando o ocorrido. O pai de uma das crianças desaparecidas, Archer Graff (o Thanos Josh Brolin) inicia uma própria investigação para descobrir o paradeiro do filho Matthew. Justine é afastada da escola e recorre ao vício em álcool, para tentar se desligar de tudo e de todos. E ainda precisa lidar com as acusações de ser a responsável pela sumiço das crianças. Tentando provar sua inocência com o auxilio do policial local e ex-namorado Paul Morgan (o jovem Han Solo Alden Ehrenreich).
Como a única criança que não desapareceu, Alex é interrogado. Ao lado dele, a tia-avó Gladys, feita pela veterana Amy Madigan. Diz que não saber o porquê de seus colegas de sala fugirem. A casa deles é vasculhada de ponta a ponta. Archer e Justine resolvem se unir após o surto psicótico do diretor da escola, Marcus Miller (Benedict Wong, o Wong do Universo Cinematográfico Marvel). Assim temos o mote inicial de “A Hora do Mal’. Cregger nos apresenta que as comparações com o drama disfuncional “Magnólia (1999)” de Paul Thomas Anderson, o thriller policial “Os Suspeitos (2013)” de Gilles Villeneuve até “Pulp Fiction (1994)” de Quentin Tarantino são justificáveis.
Neste último, ele pega emprestado, o desenvolvimento dos arcos individuais de seus personagens. Seus destinos vão se cruzam no final. Onde a verdadeira faceta de Gladys é revelada. SPOILER ALERT: Ela é uma bruxa. Para se manter viva, ela necessita sugar (isso mesmo!) a essência vital das crianças. Se você já leu ou viu a respeito, é um tema recorrente na literatura de Stephen King. Além de encantamentos para dominar a mente das pessoas. Como bem fez com os pais de Alex. Assim, ela o ameaça se não ajudá-la. Começando como drama familiar com toques policiais, para aos poucos se tornar um terror psicológico.
O desespero de um pai, uma jovem professora com problemas emocionais e um menino que precisa se adaptar numa situação extrema. Zach soube usar isso a seu favor. Movimentos de câmera e cortes abruptos para explicar as motivações dos personagens. Sem precisar a recorrer ao modulo Gore dos filmes do gênero. O trabalho dos atores, que entraram de cabeça em seus papeis e destacando Cary Christopher. Um pequeno talento a se ficar de olho. Uma maturidade em cena que pega de surpresa, o espectador mais desatento. Em especial no arco de Alex que pontua o tom da película até seu claustrofóbico ato final.
Comentários
Postar um comentário