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O Documentário "CAZUZA: BOAS NOVAS" no In-Edit Brasil 2025

Está acontecendo desde ultimo 11 de junho, a 17ª edição do Festival Inédita na cidade de São Paulo. Que reúne documentários dos mais variados estilos musicais de países que fazem parte do globo terrestre. Além da nossa terra brasilis, indo do Oiapoque ao Chuí. Um dos destaques é “Cazuza: Boas Novas (2025)”. Realizado por Nilo Romero. Musico, compositor, parceiro musical e amigo pessoal do poeta Cazuza, ao lado de Roberto Moret, eles nos trazem como o então jovem roqueiro conviveu com a Aids quando foi diagnosticado em 1987. Vivendo o auge da sua carreira após deixar o Barão Vermelho. Seus álbuns “Cazuza (1985)” e “Só Se For A Dois (1987)”, eram sucessos nacionais.

Contando com depoimentos do próprio, a mãe do cantor Lucinha Araujo e seus parceiros de vida e música como o guitar hero Frejat e Ney Matogrosso. E amigos que estavam diariamente no seu cotidiano como o cantor e ator Léo Jaime e o saxofonista do Kid Abelha George Israel. O primeiro era o melhor amigo e confidente de Cazuza. Sendo o responsável pela sua entrada no Barão. Quando fez o teste para assumir o posto, acho o som deles “pesado demais” e não combinava com seu estilo no momento. indicando o jovem Agenor de Miranda Araújo Neto, o nome de Cazuza, para a vaga. Eles comentam que de início, ele não acreditava que estava com a doença.

Até que ela começou a se manifestar em 1987, onde iniciou tratamento em São Paulo. Para logo em seguida, ir para Boston (EUA) e tentar tratamentos alternativos. Aqui um relato de Lucinha, devota de Santa Rita de Cássia, rezava para ela curar o filho. Levando consigo, uma estatua da santa para deixa-la no quarto do filho no hospital. Entre uma viagem e outra, ela a esqueceu. Questionada por Cazuza, diz o ocorrido e a obrigou voltar ao Brasil para traze-la. Isso porque muitos questionavam a religiosidade do cantor.

Já que ele não comentava sobre isso. Lucinha confirma que ele era e a canção “Quando Eu Estiver Cantando” é a prova. Nilo aproveita para trazer o cotidiano de Cazuza, convivendo com a doença. As turnês e as gravações de “Ideologia”, seu terceiro disco. O fotografo Flávio Colker, responsável pela icônica foto que ilustra o verso da capa, explica que ela representa toda a resiliência de cantor diante da adversidade. Que não deixará lutar, vai seguir em frente. Já Frejat conta como aconteceu sua saída do Barão. Ele sentiu que algo estava errado, Cazuza pediu para todos irem ao boteco que ficava em frente ao escritório da gravadora para comunicar o fato. Passados seis meses, Frejat refletiu, percebeu que sua magoa não fazia sentido. 

Ao revê-lo no programa de TV Globo de Ouro, a amizade fortaleceu e a irmandade ressurgiu. Parceiros de vida e musicais. A doença começa a se manifestar, Cazuza sente isso fisicamente. Perdendo massa muscular e tendo dificuldade para se movimentar. Em entrevista para Marilia Gabriela em 1989, revela que é soro positivo. Dai a montagem do show “O Tempo Não Pará”, dirigido por Ney Matogrosso. Explicando o uso de Cazuza de roupas brancas. Onde ele estava nu e revelando quem era realmente. Isso é exemplificado com o efeito de luz idealizado por ele na canção “Blues da Piedade”. Ele pede a Cazuza abrir os braços ao final e os refletores formam uma cruz no entorno dele.

Ao final dela, Nilo comenta que estava desgastado e não poderia continuar. Já que Cazuza mostrava sinais que a doença estava afetando sua forte personalidade. Ataques de ansiedade e problemas respiratórios. O batera Cristian Oyens comenta que ficavam tocando longamente “Bete Balanço” até a volta do cantor. E trazendo a explicação do porquê Cazuza cuspiu na bandeira do Brasil. Num comunicado oficial, ele diz que o Brasil precisa deixar de fingir que não vê a desigualdade social e racial. Que é um país jovem que saiu do militarismo, as pessoas precisam deixar de ser hipócritas. Qualquer semelhança com que estamos vivenciando nos dias de hoje, é mera coincidência.


João Rebouças que produziu ao lado de Cazuza, seu ultimo disco em vida, “Burguesia (1989)”. Diz que as gravações foram um verdadeiro caos, já que o cantor ciente que seu tempo estava se esgotando. Chegava com canções diariamente para serem gravadas. Ele questionava para um refinamento, mas era logo convencido do contrário. A empresária Marcia Alvarez diz que ele chegou a gravar com 40 graus de febre e deitado numa cama. Devido à saúde frágil, fora do estúdio havia uma ambulância para emergências. Boas Novas” exibe toda a força de vontade de Cazuza. Contando com imagens de arquivo pessoal de Nilo e dos entrevistados, em especial George

Autoral, transgressor e genuíno, não se importando com a opinião dos outros. Não desejando para si ser um símbolo na luta contra a AIDS. Apenas o poeta que conhecemos com “Codinome Beija-flor”, “Nosso Amor A Gente Inventa”, “Faz Parte do Show” e a atemporal “O Tempo Não Para”. E ratificado com a canção póstuma do Barão “O Poeta Está Vivo (Frejat & Dulce Quental)”: “O Poeta está vivo, com seus moinhos de vento, a impulsionar as rodas da história”. Cazuza faleceu em 07 de julho de 1990 aos 32 anos de idade.


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