O mago Steven Spielberg se notabilizou por filmes que nos remete a um sentimento de infância, quando íamos ao cinema com nossos pais. Aventuras como a saga do arqueólogo mais conhecido da sétima arte Indiana Jones, o emocionante drama “E.T.: O Extraterrestre (1982)” e o suspense “Tubarão (1975)”, exemplificam isso. Após ganhar a estatueta do Oscar como Melhor Diretor por “A Lista de Schindler” em 1993, Spielberg pegou gosto em realizar dramas históricos. Como no filme que renovou o gênero “filme de guerra” com “O Resgate do Soldado Ryan” em 1998, “Cavalo de Guerra” em 2011 e “Lincoln” de 2012. Entre eles, tivemos a história verídica “Munique” em 2005.
Que tem como base o atentado sofrido pela delegação de Israel nas Olimpíadas de 1972, realizada em Munique (Alemanha). Onde onze atletas foram mortos e cinco dos onze sequestradores foram alvejados. Três foram presos e identificados como parte do movimento islâmico Setembro Negro. Em meio a isso, o governo de Israel liderado por Golda Meir (Lynn Cohen) e seus militares planejam uma resposta. Porém, ela deve ser mantida em segredo. Sem que os envolvidos saibam que estão sendo caçados. Para a ação, é chamado Avner Kaufman (Eric Bana). Ele foi o guarda-costas de Golda e seu pai é tido como uma referência entre seus pares. Respondendo a Ephraim, com o eterno capitão Barbossa da franquia “Piratas do Caribe” Geoffrey Rush no papel.
Que lhe explica, sendo necessário seu desligamento do Mossad. Um modo de dizer a todos, que ele saiu por conta própria e resolveu investir em novos ares na carreira. Quando na verdade, continua trabalha para a agencia de inteligência como um agente secreto. Já que vai atrás dos responsáveis pelo atentado em Munique. Por isso, ele deve recrutar pessoas que não estão diretamente ligados ao governo israelense. Como o especialista em explosivos Robert (Mathieu Kassovitz), o facilitador Carl (Ciáran Hinds), o agente de campo Steve (Daniel Craig) e o contador Hans (Hanss Zischler). Infiltrados no submundo da espionagem, cabe a Avner entrar em contatos com velhos parceiros.
Somados a novos, durante o percurso como o informante Louis (Mathieu Amaric) e seu Papa (Michael Lonsdale). Enquanto isso, tem uma vida dupla com a esposa Daphna (Ayelet Zurer, a Vanessa Fisk de “Demolidor Renascido, 2025”). Para sua segurança, saiu de Jerusalém para morar em Nova York no bairro judeu. Com o filho recém-nascido a tiracolo. De volta à missão, Avner deixa uma lista com os nomes dos cabeças do Setembro Negro com Louis. Este suspeita de suas ações e se ele faz parte do Mossad ainda. Avner desconversa e que é apenas uma coincidência. Já que seu contratante não é judeu. Mesmo assim é alertado por Louis, se souber do contrário, ele sofrerá as consequências. Daí a trama inicial de “Munique”, baseada no livro “Vengeance (1984)” de George Jonas.
Adaptado por Eric Roth & Tony Kushner. Com eles, acompanhamos de perto a busca de Avner pelos mentores do ataque. Um misto de ficção com realidade, só um cineasta como Steven poderia realizar. Onde a tensão vivida pelos atletas durante o sequestro, se mistura com a investigação de Avner. Evidenciando seu conflito interno e a paranoia gerada por suas ações. Bana transparece isso em cena. A dor e a raiva se entrelaçam. O sentimento de cumprir seu dever por Israel, se confunde com certa ideologia “olho por olho e dente por dente”. O trabalho de Michael Khan, parceiro de longa data de Spielberg, na edição é um primor. Assim como Janusz Kaminski, na direção de fotografia, eles trabalham juntos desde “A Lista de Schindler”, os tons pasteis nas conversações com Louis e as sombras que se sobrepõem nas ações do grupo liderado por Avner. O personagem é baseado em Yuval Aviv, um especialista em segurança de origem israelense. Um conflito que já dura séculos e que se reflete até hoje. A religião une as pessoas, mas por diferentes ideologias é a mesma que as separa.
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