Passada a temporada do Oscar, temos um filme que estreou por aqui em sua ultima semana nas plataformas streaming. No caso, o drama “O Reformatório Nickel (Nickel Boys, 2024)”. Ele chegou a ser indicado ao Oscar deste ano como Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado, que é baseado no romance homônimo de 2019 escrito por Colson Whitehead, por Joslyn Barnes e RaMell Ross. Este também assume a cadeira de diretor. Com eles conhecemos os jovens Elwood Curtis (Ethan Herisse) e Jack Turner (Brandon Wilson).
Internos do reformatório que dá título à película. Que busca recoloca-los na sociedade. Já que foram presos por cometerem pequenos delitos como roubos ou corrigir a rebeldia em seus corações e mentes. Formam uma grande amizade, já que Elwood acaba de chegar lá e Jack lhe apresenta ao local. Aos poucos, Elwood vai descobrir do pior jeito que Nickel é o que parece. Sendo atacado por quem devia orienta-lo, o oficial Harper (Fred Hechinger). E se sentindo imponente na presença de quem administra a instituição Spencer (Hamish Linklater). A amizade com Jack se torna uma irmandade. Cumplicidade que é sentida em cena com a interpretação de Ethan e Brandon, onde o primeiro tenta reagir com o que sofre em Nickel. Já que acredita que vai sair de lá com o auxílio da avó Hattie, feita pela veterana atriz Aunjanue Ellis-Taylor.
Já que ela contratou um advogado para liberta-lo. Enquanto o segundo, tenta convence-lo que não há saída e precisa cumprir o tempo que vai ficar preso. No caso até atingir a maioridade com 18 anos. Assim temos a trama inicial de “O Reformatório Nickel”. Que se baseia na história real da Escola Dozier para Meninos na Florida, que ficou conhecida pelos seus abusos físicos, psicológicos e sexuais impostos aos jovens. Após seu fechamento, houve uma investigação e foram descobertos documentos que relatavam as infrações da escola. Além de revelar que os jovens eram enterrados após serem atacados mortalmente. RaMell trouxe uma nova perspectiva para acompanharmos o conto.
Contada em primeira pessoa, isto é, através dos olhos de Ethan e Brandon. A câmera foi posicionada a partir do ponto de vista deles. Imprimindo um tom em que o espectador se sinta como eles. Ansiedade, tristeza, alegria e medo para viverem cada dia de suas vidas em Nickel. A interação da dupla beira à perfeição e eles aproximam o espectador à história verídica. O passado e o presente se intercalam. Momentos históricos nos anos 60 como os discursos políticos de Martin Luther King contra o racismo.
E um envelhecido Ethan no início dos anos 2000, revendo outros internos de Nickel para relembrarem o que vivenciaram. Ou apenas “esquecer”. Com RaMell, temos uma nova visão sobre a segregação racial sofrida pelo povo afro-americano. Na terra que preza a liberdade de expressão e a igualdade entre as pessoas das mais diversas etnias e nichos sociais. Somada a toda violência física e psicológica que sofreram e ainda sofrem, um triste retrato de uma nação cada vez mais dividida e intolerante.
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