Um ambiente escuro e luzes de neon em meio a corpos numa sala fechada. Um dos poucos momentos iluminados, vemos mulheres dançando sensualmente sobre homens. Eis que surge uma jovem de sorriso largo e belos olhos, ela disse que seu nome é Anora. Mais que prefere ser chamada de “Ani”. Logo em seguida, identificamos que ela trabalha em uma boate como stripper e garota de programa, no Brooklyn (Nova York). Assim rola seu dia a dia até conhecer Ivan.
Herdeiro e filho único de um traficante russo que vive nos EUA e não deseja voltar para casa. Ele e Ani criam uma sintonia, que o leva a pagar pela sua companhia por uma semana. Numa viagem pela cidade do pecado Las Vegas, Ivan pede Ani em casamento. Entram na primeira capeta que veem, de muitas em Vegas e se unem em matrimonio. O que seria uma união entre duas pessoas que se amam, se torna um pesadelo para Ani. Os pais de Vanya, apelido de Ivan, são contra o casamento. Convocam Toros, que ficou de cuidar do jovem na sua estadia em Nova York. Ele corre contra o tempo para pegar o casal e leva-los para a corte judicial de NY para anular o casamento.
Porém, ao chegar na casa de Ivan, o mesmo foge e deixando Ani sozinha com Toros e seus capangas Igor e Garnick. Já que os pais de Vanya estão vindo da Rússia para a América e resolver a situação. Ainda levar o filho de volta para casa. Assim temos o mote inicial de “Anora”, escrito e dirigido por Sean Baker. O mesmo dos elogiados “Projeto Flórida (2017)” e “Red Rocket (2021)”. Como Ani temos Mikey Madison e Ivan / Vanya é feito por Mark Eydelshteyn.
Além de culturalmente diferentes, o casal retrata muito bem, como são de classes sociais distintas. Enquanto Ani é a típica jovem norte-americana em busca de seu lugar ao sol e garantir sua estabilidade financeira. Encontrando no sexo, um modo de conseguir isso mais facilmente. Já Ivan é o típico afortunado no melhor estilo “Viva La Loca Vida”. Sem pensar no amanhã e enxergando em Ani, uma maneira de livrar dos pais e ficar na América. O casamento foi um meio para conseguir o visto permanente no país. Já ela acredita que tirou a “sorte grande” ao se casar com Ivan. Herdeiro de um império de drogas no Leste Europeu, para ter tudo de bom que a vida oferece. Pura ilusão das duas partes.
Ivan, uma pessoa perspicaz que soube enganar Ani e a si próprio. E ela pensando que realizou seu “sonho de cinderela”. Madison está ótima como a jovem ciente do seu status, mas que ilude momentaneamente que vai muda-lo. Além de exibir uma performance como stripper de dar inveja às profissionais da área. Toros é vivido por Karren Karagulian, um mafioso da Arménia que vive nos EUA e cuida dos negócios do pai de Ivan por lá. Exibindo todo seu rancor para cumprir a missão para encontrar o filho do oligarca russo, ao lado de Igor (Yura Borisov) e Garnick (Vache Tovmasyan). Os dois são a força física da ação, já que buscam conter os ímpetos da jovem.
Muito bem exemplificado quando a dupla tenta segura-la após a fuga de Vanya. Ao mantê-la na casa, Com Ani amarrada, morde o pescoço de Igor, dá um chute no nariz de Guarnick e o quebra. Mesmo assim, se aliam para encontrar Vanya e leva-lo junto à Ani para separa-los legalmente. O único que se simpatiza com ela, é Igor. Ciente de quem é Vanya e sua família, se solidariza com Ani. Ficando ao seu lado, mesmo quando ela tentar dar uma virada para manter o casamento. E no ato final, Ani sente o “choque de realidade” já que o conto de fadas acabou e Igor é o único a consola-la. Assim Baker exibe a ruptura da inocência em um mundo cada vez mais bruto, sentimentalmente falando.
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